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[Resenha] Tudo Pode Ser Roubado

Garçonete de um famoso restaurante em São Paulo, a personagem principal de Tudo Pode Ser Roubado, romance de estreia de Giovana Madalasso (Todavia Livros, 189 páginas), está sempre à espreita de breves encontros sexuais que possam terminar com objetos de valor sutilmente furtados.

Descrita como uma “sonhadora mequetrefe”, ela parece se importar pouco com o fato de levar uma vida que muitos poderiam caracterizar como sem propósito. Suas ambições momentâneas, depois de sair do “fungo”, o apartamento sem incidência de luz solar em que morou quando chegou a São Paulo, envolvem dar entrada no seu apartamento e não ser demitida do trabalho no restaurante, onde a galeria de alvos potenciais para seus roubos é extensa.  

Seu cotidiano vazio acaba sofrendo uma reviravolta quando é procurada por um tipo duvidoso. Chamado de Biel, o personagem, espécie de pilantra profissional, lhe traz uma proposta arriscada e inusitada: o roubo de um livro raro, usando suas táticas de sedução para subtraí-lo da casa de um professor. O colecionador que contratou os serviços do vigarista nos remete quase imediatamente a Charles Cosac, ex-dono da editora que levava o seu nome e de um sócio (Cosac & Naify). Descrito neste perfil do jornal Valor Econômico como um colecionador voraz de obras de arte, Cosac é de uma personalidade marcante, capaz de levar os dedos do avô falecido pendurados no pescoço.

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[Laços] Semana #5

E aí, o que acharam das confissões de Aldo neste último trecho lido? Qual a sua reação diante do outro lado da história que lemos no comecinho do romance? Na próxima semana, avançamos até a página 118.

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

Aldo reconta a si mesmo, mais do que ao leitor, a história do período em que se separou de Vanda. Finalmente, podemos ouvir o outro lado daquela narrativa conturbada das cartas que marcam o início do livro. Descobrimos que, enquanto Vanda vociferava suas mágoas, Aldo vivia seu sonho de liberdade.

É interessante como Domenico Starnone usa o tempo para criar dois personagens diferentes no mesmo personagem. O Aldo que abandonou Vanda não é o mesmo que agora recorda aquele período. Seu comportamento, que outrora lhe parecia legítimo e natural, se torna duvidoso nessa nova perspectiva.

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[Laços] Semana #4

O que vem depois do choque diante do caos material? Mais caos, agora sentimental? No trecho de Laços lido na última semana, Domenico Starnone comprova todo potencial de sua prosa ao costurar um retorno sofisticado, em termos narrativos, ao passado conturbado que abriu o romance. As cartas de Vanda estão de volta, décadas depois, e prometem reflexões valiosas. Para a próxima semana, vamos até a página 101.

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

Os objetos começam a ganhar vida em Laços. Depois do susto inicial pelo apartamento revirado, Aldo e Vanda têm que lidar com todas aquelas memórias ali expostas em formato de cacos e objetos espalhados. Aos poucos, o caos material vai se transformando em um caos sentimental.

Aldo logo percebe os perigos de deixar aquela bagunça à mostra. Ele teme que algum item perdido ou danificado seja um gatilho para alguma memória dolorosa de Vanda. Aldo não imaginava que ele seria a primeira vítima.

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“As pessoas esperam que você chore quando seu pai morre. Que amaldiçoe o sistema porque ele foi assassinado pela polícia. Que lamente ser de classe média baixa e negro em um estado policial que protege apenas brancos endinheirados e estrelas de cinema de todas as raças (…). Mas não chorei. Achei que a morte dele era um truque.”

 

Paul Beatty em O Vendido

[Laços] Semana #3

A mudança de narrador, em Laços, de Domenico Starnone (Ed. Todavia), aprofundou o perfil psicológico dos personagens, enquanto fazemos, ao lado de Aldo e Vanda, um inventário de um apartamento destroçado. A proximidade dessa narrativa com Dias de Abandono, de Elena Ferrante, também fica mais visível a cada página. Está gostando da nona edição do Clube do Livro do Achados & Lidos? Conte para gente o que te marcou neste livro até aqui! Para a próxima semana, vamos até a página 80.

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

Laços está dividido em três livros: três pontos de vista sobre um passado comum. Na primeira parte, acompanhamos anos de amargura de Vanda, por meio de cartas dirigidas a Aldo, nas quais ela relata a dor do abandono, as dificuldades na criação dos filhos, as angústias de uma vida solitária.

No segundo livro, o narrador é Aldo e o passado ficou para trás. Aldo e Vanda estão juntos novamente e apenas alguns lampejos na narrativa sugerem o passado de mágoas da primeira parte.

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