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[Lista] 5 epígrafes marcantes

Quase ninguém presta atenção nelas, mas são uma das minhas partes favoritas de um livro. Posicionadas logo antes do sumário ou de um capítulo, as epígrafes podem ser uma frase, um parágrafo, um poema ou até mesmo um versículo. São utilizadas para introduzir, de maneira lírica, o mote da obra. Gosto de lê-las antes de começar o livro e, novamente ao final, para confirmar o quão acertada foi a escolha do escritor. Muitas vezes, me servem como critério decisivo de compra – um livro com uma epígrafe instigante sempre ganha meu coração! Abaixo, listei cinco das minhas preferidas.

1. Amada, de Toni Morrison

Chamarei meu povo
ao que não era meu povo;
E amada
à que não era amada.

ROMANOS 9, 25

Esse versículo bíblico do livro de Romanos, no Novo Testamento, foi a escolha de Morrison para abrir Amada, sua obra-prima. Vencedor do Pulitzer e eleito em 2006 o livro de ficção mais importante dos últimos 25 anos nos Estados Unidos, o romance é centrado em Sethe, uma ex-escrava, que após fugir da fazenda onde havia sido cativa desde o nascimento, se instala, com sua caçula Denver, na casa da sogra. Obrigada a lidar com perdas durante sua vida toda, Sethe irá enfrentar os fantasmas de uma consciência atormentada pela morte da outra filha, há quase 20 anos.

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[Resenha] A Pista de Gelo

Uma mesma história conduzida por vários narradores desperta minha admiração. Quando o enredo tem mistério, fico mais encantada ainda, pois o escritor precisa ser muito habilidoso para não se contradizer ou deixar pontas soltas. Essa característica é o segundo motivo pelo qual amei o livro A pista de gelo. O primeiro, bem mais passional, é porque ele foi escrito por Roberto Bolaño, do qual sou fã desde 2011, quando fui arrebatada pela leitura, densa e incrível, de sua obra-prima, 2666.

O romance A pista de gelo é construído a partir de três versões de um mesmo crime, ocorrido em uma cidade da costa espanhola. Cada capítulo é narrado por um destes três personagens: Enric Rosquelles, um empreendedor catalão, arrogante e metido a político, capaz de tudo por uma bela patinadora; Gaspar Heredia, um mexicano que depois de tentar dar certo como poeta acaba como vigilante noturno em um camping; e Remo Morán, um chileno, também com pretensões de escritor, que já transitou por quase todas as profissões e negócios até conseguir estabilidade financeira.

O tom confessional dos capítulos nos aproxima da história. Ora temos a sensação de que estamos em uma daquelas salas de filme policial onde se tomam os depoimentos dos suspeitos, ora nos imaginamos em uma sessão de terapia, na qual os personagens, deitados no divã, nos contam sobre suas vidas. Enric, Gaspar e Remo relatam os fatos que testemunharam ou viveram e parecem, a todo momento, querer se justificar ou se livrar de alguma culpa.

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