Até o momento, Peso foi o conto que mais escancarou a questão feminina, ao abordar  um tema bastante sério e urgente: a violência doméstica contra mulheres. Mantendo o estilo que já conhecemos, de revelar a história aos poucos em relatos que oscilam entre passado e presente, Margaret Atwood nos presenteia com mais uma narrativa de altíssima qualidade. Para a próxima semana, vamos até a página 214, com a leitura do conto que intitula o livro – Dicas da Imensidão.      

Mariane Domingos e Tainara Machado

A narradora do conto Peso é marcada pelo cansaço. Uma fadiga em relação à vida, às pessoas e à crueldade humana. Logo nas primeiras frases, ela deixa isso claro:

Estou ganhando peso. Não estou ficando maior, apenas mais pesada. (…) O peso que sinto está na energia que consumo para me locomover: andar pela calçada, subir a escada, ao longo do dia. Está na pressão em meus pés. É uma densidade nas células, como se eu bebesse metais pesados. Nada que se possa medir, embora existam as pequenas protuberâncias de carne habituais que precisam ser tornadas mais firmes, mais musculosas, mais trabalhadas com malhação. Trabalhada. Tudo está se tornando trabalhoso demais.

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