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[Resenha] O Livro Amarelo do Terminal

Borrar as fronteiras entre o jornalismo e a literatura não é tarefa fácil. Há sempre o risco de se avançar demais em um dos lados e comprometer a outra parte da equação: a informação ou a narrativa. Em O Livro Amarelo do Terminal, no entanto, Vanessa Barbara não faz concessões.

Para escrever esta reportagem, Barbara passou seis meses percorrendo os corredores, passarelas e portões do Tietê, ainda como estudante de jornalismo. Levantou artigos sobre o período de construção do terminal, as idas e vindas da obra, as reformas antes mesmo da inauguração. Falou das estatísticas oficiais que atraem atenção dos portais de notícias nas vésperas de feriado. E encontrou também personagens que parecem saídos da ficção. Minha parte preferida são as boas horas em que ela passou ao lado das moças do balcão de informação, uma área que Barbara também parece ter apreciado muito.

“Onde é que eu posso comprar um teco de pimenta?”, um homem perguntou para Silvana, atendente do local. “Eles pensam que a gente tem resposta para tudo”. Como no dia em que chegou uma velhinha calma, perguntando:
– Moça, onde é que eu faço inscrição para ir pro Iraque?
-… Desculpe?
– Pro Iraque. Eu quero ir pra guerra, buscar o meu filho.
– Ahn… senhora, nós não oferecemos esse tipo de serviço.

Se as moças do balcão de informação não sabem dizer onde se alistar para o Iraque, pode ter certeza que elas poderão te ajudar se o objetivo for saber onde fica o Shopping D, qual ônibus vai para Jaguariúna ou como achar o Pelé na estação.

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[Lista] 10 livros para ler em 2016

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1. Linha M (Patti Smith): Há alguns anos, a cantora e escritora Patti Smith escreveu Só Garotos,  em que fala de sua história ao lado do fotógrafo Robert Mapplethorpe. O livro foi bastante elogiado e peguei ele na mão várias vezes nas livrarias, mas acabei não levando. No ano passado, ela publicou Linha M, sobre perdas, memórias, melancolia. As críticas foram amplamente favoráveis e em breve chega a edição traduzida pela Companhia das Letras. Dessa vez não haverá hesitação na fila do caixa.

2. Minha Luta (Karl Ove Knausgard): Minha Luta é, na verdade, uma (longa) série autobiográfica, que tem início com A Morte do Pai. A New Yorker publicou recentemente um excerto do quinto livro, “Na Academia de Escrita”, e me entusiasmou a enfrentar as quase 3,5 mil páginas dos seis volumes. Vamos ver se não será mais um capítulo da série Eternos Começos.

3. Purity (Jonathan Franzen): Jonathan Franzen foi chamado de “o grande romancista americano” pela revista Time em 2010, quando a publicação colocou seu quarto romance, Liberdade, na capa. Cinco anos depois, o mestre em tratar de dramas típicos de famílias de classe média, volta com Purity,  sobre uma menina de 23 anos afundada em dívidas estudantis, sem saber o que fazer da vida. Ainda não ganhou tradução em português, mas não pretendo esperar até lá.

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