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[Divã] Os clássicos são machistas?

Já falamos aqui de grandes autoras, de feminismo na literatura, de personagens que amamos, mas um assunto que foi tratado só por tabela, de certa forma, é o machismo na literatura.

O que me fez pensar sobre o assunto foi a lista, publicada há duas semanas, com 5 traições famosas na literatura. O que primeiro veio à mente foram os clássicos do gênero: Madame Bovary, Anna Kariênina, O Primo Basílio, Dom Casmurro… Hum, pera aí, é uma lista só com mulheres no papel de traidora!

Pensei, pensei, pensei e não consegui encontrar nenhum exemplo, ao menos na minha estante, de um clássico da literatura em que a traição de um homem não seja algo supérfluo para a história, banal, esperado, até formador de caráter do personagem. Acabei terminando a lista com Hamlet e a A Besta Humana, no qual as traições são parte de um contexto mais amplo de vingança e assassinato. Ainda assim, também nesses casos, as adúlteras são as mulheres.

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[Resenha] Voltar Para Casa

Voltar para casa. Essa frase simples, cheia de significado e tão cara à literatura, ganhou contornos dignos de nota nas mãos da premiada escritora norte-americana Toni Morrison.

Não são raras as narrativas que partem da ideia lírica do retorno ao lar. A parábola bíblica do filho pródigo e a odisseia de Ulisses em seu regresso a Ítaca estão aí para confirmar o flerte antigo da literatura com essa temática. No livro Voltar para Casa (no original, Home), lançado neste ano no Brasil, Morrison se destaca por questionar a visão romântica de lar. Já na epígrafe da obra, uma canção escrita pela autora muitos anos antes, percebemos essa intenção:

De quem é esta casa?
De quem é a noite que não deixa entrar a luz
aqui?
Me diga, quem é dono desta casa?
Não é minha.
Sonhei com outra, mais doce, mais clara
com uma vista de lagos que barcos pintados atravessam;
de campos largos como braços abertos para mim.
Esta casa é estranha.
Suas sombras mentem.
Olhe, me diga, por que minha chave encaixa na fechadura?

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[Resenha] A Vida Invisível de Eurídice Gusmão

Em tempos de mulheres belas, recatadas e do lar, “A vida invisível de Eurídice Gusmão”, de Martha Batalha, nos lembra do muito que avançamos nos últimos cinquenta anos, e do tanto que ainda falta conquistarmos.

O livro conta a história da personagem do título, uma mulher brilhante, que poderia ter sido engenheira, escritora ou cientista, mas no Rio de Janeiro dos anos 40, mais especificamente no bairro muito familiar da Tijuca, estava fadada a ser dona de casa.

Ela sempre achou que não valia muito. Ninguém vale muito quando diz ao moço do censo que no campo profissão ele deve escrever as palavras “Do lar”.

Os nãos que Eurídice ouviu na vida foram muitos. Convidada por Heitor Villa Lobos para tocar flauta doce em seus cantos orfeônicos, tem o pedido recusado pelos pais, que não acham que aquele é o caminho para uma boa moça.

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