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A importância dos livros ruins

Na semana passada, com a divulgação da quarta edição dos Retratos da Leitura no país, nos deparamos mais uma vez com a triste, mas não muito surpreendente, notícia de que o Brasil é um país que lê pouco e que esse pouco é de uma qualidade bastante duvidosa.

Segundo o levantamento, 44% dos brasileiros simplesmente não leram nenhum livro nos últimos três meses. O livro mais citado, não tem concorrência, é a Bíblia. Entre as obras mais marcantes, temos o onipresente O Pequeno Príncipe e também alguns títulos juvenis, como Cidade de Papel. Em quinto lugar, não muito longe da Bíblia, apareceu Cinquenta Tons de Cinza, como bem reparou uma amiga. Brasil, o país dos contrastes.

Definitivamente, não são o que o romancista americano Jonathan Franzen chama de “livros sérios”. No entanto, acredito fortemente que os livros não tão bons assim – e até mesmo os ruins – tem um importante papel na formação de leitores. Afinal, ninguém começa a vida lendo Flaubert. 

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“Não usamos palavras (e as palavras não se gastam) quando somos crianças. Eu nasci naquele tempo distante, muito longe dos adjetivos, dos substantivos. Eu não posso dizer, nem sequer pensar: admirável, imenso, poderio. Mas sou capaz de o sentir.”

J. M. G. Le Clézio em O Africano

[Lista] 5 livros para levar na bolsa

Critérios de escolha da próxima leitura podem variar bastante. Às vezes, estamos afim de nos dedicar àquele clássico, outras queremos voltar a um autor que adoramos ou então desbravar novos continentes. Mas há também aqueles momentos em que a ordem é a praticidade. Não sou adepta ao Kindle (tema para outro post) e, por isso, no dia a dia algumas perguntas de natureza prática são inevitáveis. Por exemplo, cabe na bolsa? É leve? Se for edição de bolso, ainda melhor. Se todas as respostas para as perguntas anteriores forem positivas, ainda falta a questão mais importante: é bom?

Para ajudar nesta escolha, selecionei cinco títulos que cabem na bolsa e quase não ocupam espaço. De quebra, vão te fazer ótima companhia no ônibus, no táxi e na sala de espera do médico (e ainda vão te poupar de uma lordose no futuro!).

1. A Revolução dos Bichos, George Orwell: Nesta fábula, Orwell prova que nem sempre um clássico precisa pesar mais de 500 gramas. Mais do que uma sátira do regime stanilista em vigor na União Soviética em 1945, quando o livro foi escrito, Orwell escreveu uma narrativa que coloca em xeque a capacidade de organizações políticas produzirem sonhos igualitários. Até agora, tem se provado mais do que acertado, já que todas as utopias neste sentido foram frustradas.

Na famosa história, um sonho de Mestre, um porco já mais velho, leva os animais a se revoltar contra as condições a que são submetidos na fazenda, com pouco para comer e condições terríveis de trabalho. Enxergam no homem a causa de todos os males, mas vão descobrir que há outro tipo de tirania possível, sob o comando do porco Napoleão. Ou, como resume o único mandamento a sobreviver à revolução dos bichos:

Todos os animais são iguais, mas alguns animais são mais iguais do que os outros.

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[Vozes de Tchernóbil] Semana #1

Foi dada a largada! Começamos o segundo Clube do Livro do Achados & Lidos. O título da vez é Vozes de Tchernóbil, da escritora bielorrussa Svetlana Aleksiévitch, vencedora do Prêmio Nobel de Literatura em 2015. Para a próxima semana, vamos ler até a página 51.

Saímos da Nigéria de Chimamanda Ngozi Adichie para Ucrânia de Svetlana Aleksiévitch. De uma tragédia familiar para uma tragédia social. O cenário é o desastre nuclear de Tchernóbil, em 26 de abril de 1986, que levou centenas à morte nos dias seguintes ao acidente, por causa do contato com a radiação. Nos anos posteriores, outros milhares também sofreriam de problemas decorrentes da exposição às partículas radioativas irradiadas da usina.

Como lembra a Companhia das Letras, selo responsável pela edição brasileira, tão grave quanto o acontecimento foi a postura dos governantes e gestores soviéticos, que nem desconfiavam estar às vésperas da queda do regime, ocorrida poucos anos depois. Esquivavam-se da verdade e expunham trabalhadores, cientistas e soldados à morte durante os serviços de reparo na usina.

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[Resenha] A Vida Invisível de Eurídice Gusmão

Em tempos de mulheres belas, recatadas e do lar, “A vida invisível de Eurídice Gusmão”, de Martha Batalha, nos lembra do muito que avançamos nos últimos cinquenta anos, e do tanto que ainda falta conquistarmos.

O livro conta a história da personagem do título, uma mulher brilhante, que poderia ter sido engenheira, escritora ou cientista, mas no Rio de Janeiro dos anos 40, mais especificamente no bairro muito familiar da Tijuca, estava fadada a ser dona de casa.

Ela sempre achou que não valia muito. Ninguém vale muito quando diz ao moço do censo que no campo profissão ele deve escrever as palavras “Do lar”.

Os nãos que Eurídice ouviu na vida foram muitos. Convidada por Heitor Villa Lobos para tocar flauta doce em seus cantos orfeônicos, tem o pedido recusado pelos pais, que não acham que aquele é o caminho para uma boa moça.

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