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“Quase todo mundo que ama o tênis e acompanha o circuito masculino na televisão teve, nos últimos anos, o que poderia ser denominado de Momentos Federer. São ocasiões em que, assistindo ao jovem suíço jogar, a mandíbula despenca, os olhos saltam para fora e os sons produzidos fazem o cônjuge aparecer na sala para ver se você está passando bem.”

 

David Foster Wallace
em Federer como Experiência Religiosa

[Enclausurado] Semana #4

Enquanto os planos de Trudy e Claude para assassinar o pai do narrador ficam cada vez mais claros, o feto inteligente começa a se fazer a pergunta que parece ser chave para essa trama: qual é seu poder de vingança? Ian McEwan consegue nos deixar mais curiosos a cada página. Para a próxima semana, avançamos mais dois capítulos, até a página 96.

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

A leitura de Enclausurado continua a nos impressionar pela capacidade com que McEwan desenvolve uma personagem que poderia ser insossa. Entre comentários sarcásticos e mordazes, o feto narrador também reúne cada vez mais indícios de como será o crime que poderá matar seu pai.

Claude pretende assassinar John Cairncross com um anticongelante (em pleno verão, nota o sarcástico feto) dissolvido em alguma bebida, provavelmente uma vitamina. Depois de concretizado o plano, ele e Trudy mencionam também a intenção de “colocar” o bebê em algum lugar.

Colocado não passa de um sinônimo mentiroso para abandonado. Como bebê é um sinônimo de mim. Em algum lugar também é uma mentira. Mãe cruel!

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[Resenha] Breves Entrevistas Com Homens Hediondos

Ler a ficção de David Foster Wallace é conhecer uma nova literatura. O escritor americano, considerado um dos grandes autores contemporâneos, usa e abusa de experimentalismos de forma e linguagem para compor uma narrativa que parece exigir do leitor quase o mesmo esforço que o próprio Wallace empreendeu para escrevê-la.

No livro de contos Breves Entrevistas Com Homens Hediondos, há histórias curtas, outras mais longas, todas orbitando em torno do mesmo tema: a monstruosidade que pode existir dentro de uma pessoa.

Na série de textos que dá título ao livro, por exemplo, os personagens são homens que dão entrevistas a uma interlocutora mulher, que nunca aparece. Em seus depoimentos, eles expõem toda a imoralidade de seus pensamentos e atitudes.

O tom confessional das narrativas mostra, além dos fantasmas desses personagens hediondos, a necessidade que eles têm de compartilhar os desejos tortos que os habitam. Em alguns momentos, fica a impressão de que se trata apenas de um exibicionismo frio e perturbador. Em outros, os personagens aparecem como pessoas vulneráveis que encontraram na narrativa uma possibilidade de dividir o fardo que carregam e de buscar a redenção.

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[Divã] Um Kindle de referência

Na semana passada, em uma longa entrevista dado ao crítico literário do The New York Times, Michiko Kakutani, Barack Obama, agora ex-presidente dos Estados Unidos, falou um pouco da sua relação com os livros e contou que deu de presente para sua filha um Kindle recheado de livros importantes para sua formação.

Ali estão, segundo ele, “conhecidos suspeitos”, como Cem Anos de Solidão, do Gabriel García Márquez, e outros títulos não tão onipresentes nas listas de leituras, mas que são poderosos, tais quais O Carnê Dourado, de Doris Lessing.

Inspirada por esse presente tão especial, foi quase impossível não fazer uma retrospectiva dos livros que tiveram particular impacto sobre mim nesses últimos anos, e aos quais volto sempre que preciso de algum conforto. Não são, como disse Obama, necessariamente clássicos da literatura mundial, mas livros com mensagens poderosas sobre assuntos por vezes banais. Leia mais

[Resenha] Cinco Esquinas

A primeira sensação que temos ao ler Cinco Esquinas, o novo livro do peruano Mario Vargas Llosa, lançado em meados do ano passado pela Alfaguara, é de estranhamento. Os personagens são repulsivos e caricaturais, o enredo parece um pouco batido, as descrições do ambiente são pedantes e repetitivas. Mas, apesar desses defeitos, não foram necessárias mais do que 50 páginas para que eu estivesse bastante envolvida neste thriller, que se passa no período anterior à queda do ditador Alberto Fujimori, que governou o Peru entre 1990 e 2000.

O romance começa com uma cena de sexo entre duas amigas que acabam passando a noite juntas por causa do toque de recolher imposto pelo governo no período, como forma de combate às ameaças de grupos terroristas, como o Sendero Luminoso. Em entrevistas, Llosa afirmou que o romance entre Marisa e Chabela só poderia acontecer em um período marcado pelo terror e pelo medo, no qual era comum que as pessoas passassem a noite em casa de amigos por causa do toque de recolher.

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