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[Resenha] O jornalista e o assassino

Em O Jornalista e o Assassino, a repórter Janet Malcom retoma a história de um famoso crime nos Estados Unidos para refletir sobre princípios jornalísticos e, principalmente, sobre a delicada relação moral entre jornalistas e suas “fontes”, os personagens que dão vida e cor às histórias narradas em grandes reportagens.  

A história do médico Jeffrey MacDonald, acusado e condenado pelo assassinato da esposa e das duas filhas pequenas, é o pano de fundo desse livro, mas não é exatamente essa a história que Malcom quer contar. MacDonald nunca se declarou culpado, a despeito de diversas evidências que lhe eram bastante desfavoráveis. Ao fim do julgamento, que o sentenciou à prisão perpétua, decidiu procurar alguém que pudesse fornecer a sua própria versão dos fatos. Esse alguém seria o jornalista Joe McGinniss, que havia alcançado o sucesso com a publicação de A Promoção do Presidente, um relato sobre as táticas usadas pelo então candidato à Presidência Richard Nixon para parecer menos detestável aos eleitores.

Malcom expõem o conflito ético subjacente nessa relação logo no primeiro parágrafo:

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“Todo fascista julga estar fazendo o bem. Todo linchador age em nome de princípios nobres. Toda vingança pessoal pode ser elevada a causa política, e quem está do outro lado deixa de ser um indivíduo que erra como qualquer indivíduo, entre meia dúzia de atos entre os milhares praticados ao longo de quarenta e três anos, para se tornar o sintoma vivo de uma injustiça histórica e coletiva baseada em horrores permanentes e imperdoáveis.”

 

Michel Laub em
O Tribunal da Quinta-Feira

 

[O Amor dos Homens Avulsos] Semana #7

Nas últimas páginas, Camilo percorreu os dias finais de Cosme e descreveu, enfim, como foi o assassinato de seu amigo. Ao buscar essas memórias, o personagem também é tomado por uma sede de vingança que o leva a imaginar um crime cruel contra Renato, o neto do assassino de Cosmim, em um trecho em que a escolha pelo amor ou pelo ódio chegou ao seu apogeu. Na próxima semana, encerramos o livro! Foi uma leitura rápida, mas intensa!

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

Detalhes do assassinato de Cosme são revelados à medida que o narrador trava uma luta interior para decidir o desfecho de sua relação com Renato, o neto do assassino. Na fronteira entre a ternura e o ódio, seus sentimentos se confundem e suas ações ameaçam ir de um extremo a outro – do carinho de um abraço à violência de um assassinato.

A morte repentina e brutal de Cosmim deixa marcas indeléveis em Camilo. Ao relembrar cada passo que levou ao dia fatídico, desde o momento em que o assassino flagra a intimidade do casal até o enterro que atraiu centenas de pessoas superficialmente comovidas, o narrador justifica como o crime o abateu para a vida toda:

O assassinato tomou domínio de mim para o resto da vida. Fui colonizado.

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[Lista] 5 personagens trabalhadores

Para celebrar o 1º de Maio, comemorado em todo o mundo como Dia do Trabalho, prestamos homenagens a esses personagens que, assim como nós, pobres mortais, precisam enfrentar chefes, horários e as demais pressões da vida laboral.

Trabalhadores do mundo (da literatura), uni-vos!

1. Macabea, de A Hora da Estrela, de Clarice Lispector: A “delicada e vaga existência” diária de Macabea, a personagem principal desse clássico da literatura brasileira, é preenchida por sua função como datilógrafa, habilidade adquirida em um “curso ralo de como bater à máquina”.

Macabea, uma nordestina de dezenove anos que migrou para o Rio de Janeiro, leva uma vida miserável e sem perspectivas, em um trabalho em que o chefe chega a ameaçar mandá-la embora, mas desiste por sua ingenuidade e delicadeza. Seus dias são preenchidos com pensamentos fantasiosos sobre a infância, a fome e a vontade de ser quem não era.

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[O Amor dos Homens Avulsos] Semana #6

Passamos da metade de O Amor dos Homens Avulsos, de Victor Heringer, e nas últimas páginas o amor de Camilo por Cosmim deixou o terreno das vontades para ganhar materialidade, com o primeiro beijo. Corajosos, em vez de se esconder os dois assumem a relação, primeiro para os amigos do bairro e depois para toda a gente do Queím. O choque, contudo, não vem da “cara amolecida” dos amigos, e sim das “caras velhas e das moças de família” do bairro, um dos trechos em que a capacidade do autor de construir julgamentos de forma tênue e sensível ficou mais evidente. Na próxima semana, avançamos até o capítulo 59, na página 127. Continue acompanhando com a gente essa leitura!

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

Passada a euforia da descoberta do primeiro amor, Cosme e Camilo têm um choque de realidade. As vulnerabilidades e o preconceito entram em cena quando a relação dos dois vem à tona.

Ao mesmo tempo em que o amor faz o garoto se sentir completo, a dependência em relação a Cosme o enfraquece. É como se esse sentimento tirasse Camilo da solidão, mas o ameaçasse a todo momento com ela. Bastava perder a pessoa amada para que tudo desmoronasse. E era um caminho sem volta: o amor era de tal forma o alcance da plenitude que retornar à situação de antes já não bastaria. Neste trecho, Heringer descreve as sensações que sucedem o primeiro beijo do casal e, desenvolve, brilhantemente, essa dicotomia:

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