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“Abrace-a com força se você a tem; abrace-a muito, pensei, é meu conselho para todos que estão vivos. Respire o perfume dela, encoste o nariz em seu cabelo, respire profundamente o perfume dela. Diga o nome dela. Será sempre o nome dela. Nem a morte pode roubá-la. O mesmo nome, viva ou morta, sempre. Aura Estrada.”

Francisco Goldman em Diga o Nome Dela

[Lista] 5 livros para levar na bolsa

Critérios de escolha da próxima leitura podem variar bastante. Às vezes, estamos afim de nos dedicar àquele clássico, outras queremos voltar a um autor que adoramos ou então desbravar novos continentes. Mas há também aqueles momentos em que a ordem é a praticidade. Não sou adepta ao Kindle (tema para outro post) e, por isso, no dia a dia algumas perguntas de natureza prática são inevitáveis. Por exemplo, cabe na bolsa? É leve? Se for edição de bolso, ainda melhor. Se todas as respostas para as perguntas anteriores forem positivas, ainda falta a questão mais importante: é bom?

Para ajudar nesta escolha, selecionei cinco títulos que cabem na bolsa e quase não ocupam espaço. De quebra, vão te fazer ótima companhia no ônibus, no táxi e na sala de espera do médico (e ainda vão te poupar de uma lordose no futuro!).

1. A Revolução dos Bichos, George Orwell: Nesta fábula, Orwell prova que nem sempre um clássico precisa pesar mais de 500 gramas. Mais do que uma sátira do regime stanilista em vigor na União Soviética em 1945, quando o livro foi escrito, Orwell escreveu uma narrativa que coloca em xeque a capacidade de organizações políticas produzirem sonhos igualitários. Até agora, tem se provado mais do que acertado, já que todas as utopias neste sentido foram frustradas.

Na famosa história, um sonho de Mestre, um porco já mais velho, leva os animais a se revoltar contra as condições a que são submetidos na fazenda, com pouco para comer e condições terríveis de trabalho. Enxergam no homem a causa de todos os males, mas vão descobrir que há outro tipo de tirania possível, sob o comando do porco Napoleão. Ou, como resume o único mandamento a sobreviver à revolução dos bichos:

Todos os animais são iguais, mas alguns animais são mais iguais do que os outros.

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“Lá na frente, o rio apareceu, verde e imóvel. Alguns anos atrás, ele pegou fogo. Durante várias semanas os bombeiros tinham tentado apagar o incêndio sem sucesso. O que trazia a pergunta de como, exatamente, apagar um rio em chamas? O que se podia fazer, quando o retardante era também o catalisador?”

 

Jeffrey Eugenides em A Trama do Casamento

Eternos começos

leitor-no-diva

Dia desses, em um café, conversávamos sobre o que é, talvez, a obra mais falada e menos lida de todos os tempos. Em Busca do Tempo Perdido, do francês Marcel Proust, é universalmente conhecido pelas frases longas, pelo texto rebuscado e pela dificuldade que é passar das 100 primeiras páginas de O Caminho de Swann – que dirá atravessar os sete volumes que compõem a obra.

Não à toa, o trecho mais popular da história é o momento em que o narrador morde uma “madeleine”, um biscoito francês, e o sabor o leva a reminiscências de sua infância em Combray.

A cena está logo nas primeiras páginas, onde a maioria dos mortais consegue chegar. Não muitos conseguiram ir além disso. Chegar a O Tempo Recuperado, então, é tarefa hercúlea – pessoalmente, não conheço ninguém que tenha completado esse trabalho.

Todo esse preâmbulo é apenas para compartilhar uma das minhas maiores aflições literárias: ficar presa no começo de um livro. Acontece com certa frequência e nem sempre porque o livro é difícil ou um grande clássico.

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[Resenha] Diga o Nome Dela

imagem pacífico

Seguir em frente pode significar deixar tanto para trás que se torna insuportável. Em Diga o Nome Dela, o escritor americano Francisco Goldman enfrenta com maestria um sentimento tão paradoxal e particular ao luto. Se desfazer de objetos, roupas e livros é difícil porque aos poucos se percebe que será preciso se deparar com uma segunda morte, às vezes até mais dolorosa, que é a das memórias.

Embora seja um autor razoavelmente conhecido nos Estados Unidos, colaborador da The New Yorker, Goldman teve apenas este livro traduzido e publicado no Brasil, pela Cia da Letras. Conheci a história nas páginas da revista piauí, e fiquei com aquele texto ecoando na minha cabeça por semanas – gosto, não sei bem explicar por quê, de histórias de grandes amores e finais tristes.

Meses depois, encontrei-o dando sopa em uma feirinha de livros na redação. No excerto do livro publicado pela piauí, Goldman conta como conheceu sua jovem esposa, Aura, como a pediu a esposa em casamento, os temores dela sobre a probabilidade de ficar viúva jovem (a diferença de idade entre os dois era de 20 anos) e encerra o texto com sua morte prematura.

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