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[Resenha] Middlesex

Nasci duas vezes: primeiro como uma bebezinha, em janeiro de 1960, num dia notável pela ausência de poluição no ar de Detroit; e de novo como um menino adolescente, numa sala de emergências nas proximidades de Petoskey, Michigan, em agosto de 1974.

Middlesex, segundo romance de Jeffrey Eugenides, publicado em 2002, é, desde o princípio, claro sobre a história que será narrada: a vida de uma menina que, por uma alteração genética desconhecida e rara, se descobriria um menino na adolescência. Calíope Stephanides, que se tornaria Cal anos mais tarde, é hermafrodita. Um assunto que continua sendo tratado com preconceito e estranhamento, ainda que hoje se fale com um pouco mais de naturalidade sobre identidade de gênero, é o tema de um romance épico sobre formação e sexualidade.

O romance, com ares de odisseia familiar, é muito bem construído. Eugenides opta por dedicar por parte do livro à trajetória da família Stephanides, perfazendo o caminhos percorridos por uma mutação genética, a 5-alfa-redutase, de baixíssima incidência, que irá definir o destino da personagem central do livro

A história começa com um episódio inusitado, a cerimônia da colher. Embora seja narrado em primeira  pessoa, por Calíope/Cal, o narrador é onisciente quando se trata dos fatos anteriores ao seu nascimento. Presenciamos assim o momento em que Desdêmona balança a colher de  prata guardada na caixinha de bichos da seda que trouxe consigo da Europa e diz que o segundo bebê de Tessie e Milton seria  um menino.

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[Lista] 5 livros que mereciam ganhar uma continuação

A semana começou com uma corrida às livrarias pelo novo livro da saga Harry Potter, o oitavo da série. Não é exatamente uma continuação, já que trata-se de uma história escrita por J. K. Rowling para uma peça esgotadíssima em Londres. Ainda assim, o lançamento de Harry Potter and the Cursed Child provocou filas enormes e estantes vazias  nas principais livrarias do país, todos procurando saber o que aconteceu com Harry, Hermione e Ron. Afinal, quem nunca se questionou sobre o futuro de um personagem querido? Pensando nisso, listamos outros livros que também mereciam ganhar uma sequência!

1 – Foi Apenas um Sonho, de Richard Yates: Nos Estados Unidos da década de 50, Frank e April Wheeler são um jovem casal cujas ilusões são demolidas por terem aceitado se conformar com uma vida familiar nos subúrbios. O peso da maternidade, da casa e da falta de acontecimentos soterram April, que se afunda na depressão e em estágios que alternam alguma esperança com o futuro e profundo desinsteresse pelo presente, embora tente manter as aparências. A mudança para a Rua da Revolução só acentua o quadro e, aos poucos, o casamento desmorona.

-(…) Foi assim que nós dois ficamos comprometidos com essa grande ilusão… pois isso tudo não passa de uma ilusão enorme, obscena… essa ideia de que as pessoas têm de desistir da vida e “se fixar” quando constituem famílias. É a grande mentira sentimental dos subúrbios, e eu tenho feito você endossar essa mentira todo esse tempo. Tenho feito você viver essa farsa! Meu Deus, cheguei a construir para mim essa imagem piegas, de telenovela…

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“Lá na frente, o rio apareceu, verde e imóvel. Alguns anos atrás, ele pegou fogo. Durante várias semanas os bombeiros tinham tentado apagar o incêndio sem sucesso. O que trazia a pergunta de como, exatamente, apagar um rio em chamas? O que se podia fazer, quando o retardante era também o catalisador?”

 

Jeffrey Eugenides em A Trama do Casamento

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