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[Resenha] Operação Abafa / Catch and Kill

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Operação Abafa (Editora Todavia, 450 páginas) é o tipo de jornalismo que gostaríamos de ver mais frequentemente. Neste livro, o jornalista investigativo e vencedor do Prêmio Pulitzer, Ronan Farrow, expõe as mentiras, conspirações e jogos de poder que permitiram manter enterrado por tanto tempo um dos maiores escândalos da indústria do entretenimento.

Enquanto apurava o caso Weinstein (Harvey Weinstein é o poderoso produtor de Hollywood acusado de abuso e ataque sexual de mulheres por décadas), Farrow esbarrou em um história ainda maior, que revelou uma prática comum: certos veículos da mídia, agindo em nome de figuras eminentes, costumavam apurar escândalos apenas para comprar os direitos das histórias por meio de acordos de confidencialidade com as fontes e, então, enterrar essas reportagens, impedindo que se tornassem públicas.

À medida que Farrow entrava em contato com as fontes e conseguia que elas dessem seu depoimento em frente à câmera, ele se vê envolvido em uma trama repleta de conspirações que visavam acabar com qualquer tentativa de divulgar a história. Espiões, detetives particulares, dinheiro, mentiras, chantagens… Ironicamente, era como ver a vida real imitando Hollywood:

“Mais uma coisa”, ele disse, depois que agradeci pelo seu tempo. “Tome cuidado. Esse cara, as pessoas que o protegem. Eles têm muito a perder”. “Estou sendo cuidadoso”. “Você não está me entendendo. Esteja preparado para o caso de… Estou dizendo, consiga uma arma”. Eu ri. Ele não.

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“Pode-se passar incólume por Hollywood, como eu fiz, ou desprezá-la com o ódio que reservamos àquilo que não entendemos. Pode-se também entendê-la, mas apenas vagamente, e em flashes. Não chega a uma dúzia o número de homens que algum dia foram capazes de ter na cabeça a equação completa do cinema.”

 

F. Scott Fitzgerald em O Último Magnata

[Resenha] O Último Magnata

Há livros em que os personagens se sobrepõem a história. O Último Magnata, do escritor norte-americano F. Scott Fitzgerald, é um bom exemplo desse tipo de romance. Monroe Stahr, mandachuva do universo glamoroso do cinema e centro da trama, prende a atenção do leitor de tal forma que o enredo torna-se totalmente secundário.

Cecilia, a narradora da história, confessa, logo nas primeiras páginas, ser uma das muitas pessoas que sucumbiram diante do fascínio que Stahr exerce. Ele é sócio de seu pai e a conhece desde que ela era uma garotinha. A diferença de idade não impede que Cecilia nutra uma paixão não correspondida por Stahr.

Pelos olhos dessa narradora tendenciosa, revela-se um personagem ao mesmo tempo imbatível e vulnerável. Stahr é um típico expoente do sonho americano: self-made man, começou de baixo e, com muito trabalho, chegou ao posto de rei de Hollywood. Executivo influente, suas vontades se tornam realidade, sejam elas plausíveis ou não:

Não havia o que questionar ou discutir. Stahr parecia ter razão sempre – não apenas na maior parte do tempo, mas sempre – sob pena de a estrutura vir abaixo, como se fosse de manteiga e derretesse.

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