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[Lista] 5 clássicos em edições especiais

Nesta semana, minha casa ganhou uma prateleira nova, e não há desculpa melhor do que essa para enfileirar aqueles livros lindos que são verdadeiros xodós. Por isso, a lista dessa semana é temática: escolhi cinco clássicos em edições especiais que deixam qualquer estante mais bonita! Curioso? Confira a lista abaixo e, claro, não deixe de comentar qual é o livro que você guarda  com tanto carinho  que acaba até virando enfeite?

1. As Cidades Invisíveis, de Italo Calvino (Companhia das Letras, 200 páginas): Bom, para começar, essa é uma edição ilustrada, o que automaticamente configura um livro muito especial. Matteo Pericoli elaborou uma ilustração para cada cidade do imenso império mongol descrita pelo viajante veneziano Marco Polo a Kublai Khan, imperador dos tártaros. Os desenhos estão escondidos e precisam ser desdobrados para ser vistos, em uma bela alusão ao título. Além disso, eles são destacáveis  e podem virar um lindo quadrinho enfeitando a sua estante. É ou não para amar? Por último, mas não menos importante, esse é um dos livros mais marcantes do mestre italiano Italo Calvino, no qual o tom de fábula é predominante e as cidades são apenas símbolos da grandeza da existência humana.

Uma descrição de Zaíra como é atualmente  deveria conter todo o passado de Zaíra. Mas a cidade não conta o seu passado, ela o contém como as linhas da mão, escrito nos ângulos das  ruas, nas grades das janelas, nos corrimãos das escadas, nas antenas dos para-raios, nos mastros das bandeiras, cada segmento riscado por arranhões, serradelas, entalhes, esfoladuras. 

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[Divã] Edições primorosas

Este texto é uma confissão que apenas os apaixonados por livros – e não só por literatura – irão entender.

Comecemos por um dos meus favoritos: Dom Casmurro, de Machado de Assis, da editora Carambaia. Por que pagar quase 100 reais em uma obra que é domínio público e que tem dezenas de outras edições muito mais baratas? Porque esse clássico merece. Porque esse gênio brasileiro merece. Porque a edição é quase uma obra de arte. Todas as alternativas anteriores.

Exemplar em capa dura, envolto em uma luva e numerado. Projeto gráfico de Tereza Bettinardi, com fotografias do Rio de Janeiro da época de Machado de Assis, sobre as quais o artista plástico Carlos Issa fez intervenções, utilizando técnicas como letraset, tinta, fita adesiva. O formato remonta à edição original de Dom Casmurro, de 1899, publicado pela Livraria Garnier, repetindo suas dimensões. Há também uma referência à antiga prática de decoração de livros, na qual imagens ficam dissimuladas na lateral do volume, revelando-se ao leitor à medida que ele manuseia as páginas. A perfeita harmonia entre forma e conteúdo: esse é, para mim, o diferencial que justifica o preço de edições de livros luxuosas.

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“Ah! A felicidade procura a luz, por isso acreditamos que o mundo é alegre, mas a desgraça se esconde longe, por isso acreditamos que o sofrimento não existe.”

 

Herman Melville em Bartleby, o escrivão

[Resenha] No Mar

O mar já foi palco de grandes aventuras literárias. Em Robinson Crusoe (Daniel Dafoe), em Moby Dick (Herman Melville), em Relatos de um Náufrago (Gabriel García Márquez) e, em muitos outros, lá está ele, com maior ou menor participação. Toine Heijmans apostou nessa fórmula e não poderia ter escolhido melhor cenário (ou seria personagem principal?) para seu romance de estreia, No Mar.

Pai e filha, uma criança de sete anos, embarcam em uma viagem de 48 horas pelo Mar do Norte, de Thyborøn (Dinamarca) para Harligen (Holanda). Entre momentos de mar calmo e de mar agitado, vamos conhecendo a turbulência que há dentro de Donald, nosso narrador-pai-capitão:

Fiquei fora de vista por quarenta e quatro horas e agora o mundo volta a me puxar para dentro. Com tudo de que dispõe. Com faróis, radares, binóculos de visão noturna. Com os olhos de águia dos faroleiros. Por fios sem fio, eles me puxam para terra. Queira eu ou não. (…) Se não fizer como combinado, eles arrastam meu barco para dentro. De volta às pessoas e suas coisas. Um barco pode zarpar mas no fim tem que retornar a um porto. O mundo é assim. Os únicos barcos que permanecem no mar são os que naufragaram.

Repleto de metáforas bem construídas como essa, que comparam os desafios em terra firme aos desafios da vida ao mar, o livro nos guia por uma história que tem ação, reflexão e, como cereja do bolo, um suspense psicológico.

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