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[Resenha] Thérèse Raquin, de Émile Zola

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Possuía um sangue-frio insuperável, uma tranquilidade aparente que mascarava terríveis exaltações.

Essa é Thérèse Raquin (Penguin Books, 240 páginas), protagonista do romance homônimo de Émile Zola. Uma jovem que sofre de uma existência monótona: divide seus dias entre um casamento infeliz com o primo doente, Camille, e o trabalho na loja da sogra, situada numa passagem obscura de Pont-Neuf, em Paris.

Os traços rígidos e o semblante impenetrável de Thérèse escondem um temperamento dominado pelos nervos. Quando seu destino se cruza com o do impulsivo Laurent, amigo do seu marido, o resultado é explosivo e trágico.

Os desejos carnais levam a dupla ao adultério. O desejo de liberdade leva-os ao assassinato de Camille. Nasce, então, um remorso corrosivo que, segundo Zola, no prefácio da segunda edição do romance, se relaciona mais com uma disfunção no sistema nervoso que com questões da alma:

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[Lista] 5 clássicos em edições especiais

Nesta semana, minha casa ganhou uma prateleira nova, e não há desculpa melhor do que essa para enfileirar aqueles livros lindos que são verdadeiros xodós. Por isso, a lista dessa semana é temática: escolhi cinco clássicos em edições especiais que deixam qualquer estante mais bonita! Curioso? Confira a lista abaixo e, claro, não deixe de comentar qual é o livro que você guarda  com tanto carinho  que acaba até virando enfeite?

1. As Cidades Invisíveis, de Italo Calvino (Companhia das Letras, 200 páginas): Bom, para começar, essa é uma edição ilustrada, o que automaticamente configura um livro muito especial. Matteo Pericoli elaborou uma ilustração para cada cidade do imenso império mongol descrita pelo viajante veneziano Marco Polo a Kublai Khan, imperador dos tártaros. Os desenhos estão escondidos e precisam ser desdobrados para ser vistos, em uma bela alusão ao título. Além disso, eles são destacáveis  e podem virar um lindo quadrinho enfeitando a sua estante. É ou não para amar? Por último, mas não menos importante, esse é um dos livros mais marcantes do mestre italiano Italo Calvino, no qual o tom de fábula é predominante e as cidades são apenas símbolos da grandeza da existência humana.

Uma descrição de Zaíra como é atualmente  deveria conter todo o passado de Zaíra. Mas a cidade não conta o seu passado, ela o contém como as linhas da mão, escrito nos ângulos das  ruas, nas grades das janelas, nos corrimãos das escadas, nas antenas dos para-raios, nos mastros das bandeiras, cada segmento riscado por arranhões, serradelas, entalhes, esfoladuras. 

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[Lista] 5 traições famosas na literatura

Entre as mentiras mais contadas na literatura, certamente as traições são as mais frequentes. De mulheres infelizes em casamentos arranjados a relações incestuosas, incluindo muitos assassinatos e vinganças, os adultérios são quase onipresentes na literatura. Aqui, listamos cinco livros, já clássicos, em que eles são centrais para a história. Lembram de mais algum? Contem para a gente nos comentários!

FullSizeRender (46) 1. Dom Casmurro, de Machado de Assis: Difícil deixar a obra prima de Machado de Assis de fora de uma lista como essa, mesmo que, para alguns, o livro não se encaixe perfeitamente no tema. A história do relacionamento de Bentinho, um menino que por pouco não seguiu a vida religiosa por causa de uma promessa da mãe, e Capitu, sua vizinha com olhos de ressaca, é fonte de um sem número de análises, todas tentando responder à mesma pergunta: teria Capitu de fato traído o marido com seu melhor amigo?

Há argumentos que pendem para os dois lados. Desde o começo, Bentinho se mostra uma figura possessiva e ciumenta, tentado a encontrar problemas onde eles não existem.

Por falar nisso, é natural que me perguntes se, sendo antes tão cioso dela, não continuei a sê-lo apesar do filho e dos anos. Sim, senhor, continuei. Continuei, a tal ponto que o menor gesto me afligia, a mais ínfima palavra, uma insistência qualquer; muitas vezes só a indiferença bastava. Cheguei a ter ciúmes de tudo e de todos. Um vizinho, um par de valsa, qualquer homem, moço ou maduro, me enchia de terror ou desconfiança.

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[A Besta Humana] Semana #8

E chegamos ao fim de mais uma leitura do nosso Clube do Livro! O clássico francês de Émile Zola, A Besta Humana, tem ritmo de thriller policial e nos manteve alertas até a última página! Gostou da leitura? Deixe suas impressões nos comentários e também nos conte qual livro gostaria de ver nessa seção!

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

Mais uma vez os personagens principais de A Besta Humana se preparam para um julgamento, dessa vez do assassinato de Séverine por Jacques Lantier.

As suspeitas, no entanto, não recaem sobre o rapaz. Como ele e Séverine haviam montado um plano quase perfeito para matar Roubaud, Jacques tinha um álibi consistente e logo foi desconsiderado como possível algoz de sua amante.

A situação para o quebrador de pedras Cabuche, porém, é bem mais adversa. Encontrado por Misard e Roubaud com Séverine nos braços, todo ensanguentado, e com a arma do crime ainda a seu alcance, logo foi tido como principal suspeito do crime.

Massacrado por interrogatórios, enredado por perguntas sabiamente formuladas e sem se precaver das armadilhas preparadas, Cabuche se obstinava em sua primeira versão.

Cabuche, como comentou nossa leitora Gabriela, é o personagem mais sensível de toda a trama inescrupulosa que envolve a sociedade de Le Havre. Ainda assim, por ser talvez mais humano e menos máquina, Cabuche é refém de suas atitudes impensadas, como a que o compromete na cena do crime, ao tomar Séverine nos braços e a colocar na cama. Cabuche não é nem mesmo capaz de explicar que de fato era apaixonado por Séverine e que colecionava seus apetrechos, como lenços, grampos e outros pequenos acessórios. Essa simples confissão teria explicado porque o relógio de Grandmorin, que estava com Jacques na cama em que ele se recuperou do acidente com a Lison, foi parar em sua cabana.

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[A Besta Humana] Semana #7

Estamos na reta final de A Besta Humana! Para a próxima semana, chegamos ao fim do livro! Gostaram desse clássico francês?

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

Despertados por paixões e cobiças, cada um de nós é capaz de realizar crueldades sem medir consequências, nos mostra Émile Zola em A Besta Humana. Os personagens desse clássico francês são dominados por instintos primitivos, sem muita capacidade de reflexão sobre suas atitudes. A sociedade tende a fechar os olhos para os crimes cometidos e enquanto, na superfície, a história é de uma pacata normalidade, quase todos lutam para matar ou morrer.

Logo no início do décimo capítulo, temos a confirmação da suspeita de tia Phaisie, que morreu envenenada pelo marido, Misard. Cidadão pacato, “fleumático”, como o qualifica Zola, Misard foi capaz de seguir seu plano assassino até o fim, mesmo depois que Phaisie desconfiou que ele colocava o veneno no sal. Passou então a envená-la “por baixo”, ao contaminar a água para lavagem higiênica da esposa. Até mesmo os personagens mais inexpressivos conseguem nos surpreender por sua sagacidade para fazer o mal.

Era parado por acessos de tosse que o faziam se dobrar, quase morto também, tão magro e raquítico com seus olhos turvos e cabelos sem cor que, tudo indicava, não teria muito tempo para cantar vitória. De qualquer maneira, havia acabado com ela, aquele mulherão grande e forte, como o inseto devora o carvalho: deitada de costas, consumida, reduzida a nada, enquanto ela durava ainda.

Tia Phaisie, porém, não pretendia deixar barato. Pouco podendo fazer para se livrar do marido, se resignou a morrer sem lhe entregar os mil francos que havia recebido de herança, o motivo para o crime. Ela, que assistia à passagem dos trens e do movimento do mundo de sua janelinha naquele pedaço de terra esquecido, se recusa a fechar os olhos ao morrer, enquanto os lábios se mantinham crispados, como se reprimissem um “sorriso de zombaria”.

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