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[A Máquina de Fazer Espanhóis] Semana #9

Os fantasmas do presente e do passado perturbam os dias de António no Lar da Feliz Idade. A morte de dona Marta e os problemas de saúde do senhor Pereira resgatam memórias que o narrador julgava esquecidas. Na próxima semana, avançamos mais dois capítulos de A Máquina de Fazer Espanhóis – até a página 211, se você tem a edição da Biblioteca Azul, ou até a página 202, se você tem a edição da Cosac Naify.

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

Delírio, sentimentos represados e confusão mental. A luta do corpo são contra a cabeça doente é um dos temas desse trecho da leitura. Na figura do próprio António e também do senhor Pereira, que começa a fazer xixi na cama como uma criança, Valter Hugo Mãe põe em discussão a tragédia que é a decadência do órgão responsável por moldar nossa condição humana:

a velhice, pensei, é o cérebro que alui corpo abaixo, até ficar a atrapalhar o funcionamento dos outros órgãos.

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“Agora, agradeço a todos. Primeiro a você, caro professor, tão indulgente e afetuoso, e para quem cada novo aprendizado foi um trabalho do qual ora me alegro.”

 

Edmondo de Amicis em Coração

“As pessoas são tão diferentes. Aprecio muito que o sejam. Fico a pensar se me acharão diferente também. Adoraria que achassem. Ser tudo igual é característica de azulejo na parede e, mesmo assim, há quem misture.”

 

Valter Hugo Mãe em O paraíso são os outros

[Resenha] O Livro Amarelo do Terminal

Borrar as fronteiras entre o jornalismo e a literatura não é tarefa fácil. Há sempre o risco de se avançar demais em um dos lados e comprometer a outra parte da equação: a informação ou a narrativa. Em O Livro Amarelo do Terminal, no entanto, Vanessa Barbara não faz concessões.

Para escrever esta reportagem, Barbara passou seis meses percorrendo os corredores, passarelas e portões do Tietê, ainda como estudante de jornalismo. Levantou artigos sobre o período de construção do terminal, as idas e vindas da obra, as reformas antes mesmo da inauguração. Falou das estatísticas oficiais que atraem atenção dos portais de notícias nas vésperas de feriado. E encontrou também personagens que parecem saídos da ficção. Minha parte preferida são as boas horas em que ela passou ao lado das moças do balcão de informação, uma área que Barbara também parece ter apreciado muito.

“Onde é que eu posso comprar um teco de pimenta?”, um homem perguntou para Silvana, atendente do local. “Eles pensam que a gente tem resposta para tudo”. Como no dia em que chegou uma velhinha calma, perguntando:
– Moça, onde é que eu faço inscrição para ir pro Iraque?
-… Desculpe?
– Pro Iraque. Eu quero ir pra guerra, buscar o meu filho.
– Ahn… senhora, nós não oferecemos esse tipo de serviço.

Se as moças do balcão de informação não sabem dizer onde se alistar para o Iraque, pode ter certeza que elas poderão te ajudar se o objetivo for saber onde fica o Shopping D, qual ônibus vai para Jaguariúna ou como achar o Pelé na estação.

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[Resenha] No Mar

O mar já foi palco de grandes aventuras literárias. Em Robinson Crusoe (Daniel Dafoe), em Moby Dick (Herman Melville), em Relatos de um Náufrago (Gabriel García Márquez) e, em muitos outros, lá está ele, com maior ou menor participação. Toine Heijmans apostou nessa fórmula e não poderia ter escolhido melhor cenário (ou seria personagem principal?) para seu romance de estreia, No Mar.

Pai e filha, uma criança de sete anos, embarcam em uma viagem de 48 horas pelo Mar do Norte, de Thyborøn (Dinamarca) para Harligen (Holanda). Entre momentos de mar calmo e de mar agitado, vamos conhecendo a turbulência que há dentro de Donald, nosso narrador-pai-capitão:

Fiquei fora de vista por quarenta e quatro horas e agora o mundo volta a me puxar para dentro. Com tudo de que dispõe. Com faróis, radares, binóculos de visão noturna. Com os olhos de águia dos faroleiros. Por fios sem fio, eles me puxam para terra. Queira eu ou não. (…) Se não fizer como combinado, eles arrastam meu barco para dentro. De volta às pessoas e suas coisas. Um barco pode zarpar mas no fim tem que retornar a um porto. O mundo é assim. Os únicos barcos que permanecem no mar são os que naufragaram.

Repleto de metáforas bem construídas como essa, que comparam os desafios em terra firme aos desafios da vida ao mar, o livro nos guia por uma história que tem ação, reflexão e, como cereja do bolo, um suspense psicológico.

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