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[Dicas da Imensidão] Semana #5

Quão transformadora é a passagem do tempo em relação a coisas, pensamentos e, principalmente, sentimentos? Esse é o tema central de O Homem do Brejo, quarto conto de Dicas da Imensidão, de Margaret Atwood. Para a próxima semana, leremos Morte por Paisagem, que vai até a página 128.

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

O pano de fundo da narrativa de O Homem do Brejo é uma expedição arqueológica para investigar os restos, quase intactos, de um homem de mais de dois mil anos. Embora simbólico, não é nesse episódio da trama em que o tempo se faz protagonista da história, mas sim nas décadas, aparentemente banais, que se passam na vida de Julie.

Julie é uma jovem que obedece a todos os estereótipos de uma aluna universitária liberal – está na fase de descobertas, sem muitos compromissos e pouco empática com tudo que é mais velho e, em sua opinião, ultrapassado. Ela se envolve com seu professor casado, que é mais um clichê da classe – na crise de meia-idade, busca aventuras com as jovens alunas, enquanto a mulher e os filhos o aguardam em casa e conservam sua boa imagem na sociedade.

O começo da paixão é avassaladora, ao menos para Julie. Connor é tudo que ela jamais havia conhecido em um homem. Ela o vê como um super-homem, cuja vida além do seu papel como amante é irrelevante. A maneira como ela vê a esposa de Connor é sintomática do seu desdém pela outra vida do professor:

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[Resenha] Doze Contos Peregrinos

Um dos problemas de se apaixonar por um escritor é ter que encarar que sua obra é finita. O sentimento de orfandade quando acreditamos que já desbravamos tudo o que havia para conhecer dos nossos autores favoritos é difícil de explicar, mas aposto que muitos vão se solidarizar com a minha história.

Há anos, me sentia órfã de Gabriel García Márquez. Depois dos clássicos, como Cem Anos de Solidão e O Amor nos Tempos do Cólera, passei por muitos livros tentando encontrar a genialidade da escrita que nos faz abrir um sorriso no meio de uma frase e que, de tão marcante, deu origem a um movimento literário próprio, o realismo fantástico.

De livros muito especiais, como o primeiro volume de sua biografia inacabada, Viver para Contar, ao ótimo Crônica de Uma Morte Anunciada, passando pelo não tão bom Memórias de Minhas Putas Tristes, há muito tempo não encontrava uma obra do colombiano que me deixasse tão empolgada quanto Doze Contos Peregrinos (recomendação da Mari, a quem agradeço muito pela dica).

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[Dicas da Imensidão] Semana #4

Em Ísis na Escuridão, terceiro conto de Dicas da Imensidão, de Margaret Atwood, acompanhamos, a partir da perspectiva de Richard, a trajetória de Selena, uma personagem misteriosa que encontra na poesia sua ascensão e sua decadência. Para a próxima semana, leremos o conto O Homem do Brejo, que vai até a página 104.

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

A aura de mistério que envolve Selena aparece logo nos primeiros parágrafos do conto Ísis na Escuridão, quando Richard se questiona como ela foi parar ali, na sua mesa de trabalho. Em seguida, somos levados para uma viagem no tempo que retoma o início da história em comum entre os dois personagens.

Richard conheceu Selena em uma cafeteria, chamada Embaixada da Boêmia, que reunia aspirantes a poetas, músicos e intelectuais. Ambos eram jovens e cheios de projetos grandiosos relacionados à literatura. Era a época de negação do ambiente em que viviam e da esperança de um destino diferente do dos pais, por exemplo:

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[Dicas da Imensidão] Semana #2

Lixo Verdadeiro, primeiro conto de Dicas da Imensidão, de Margaret Atwood, já nos deixou animadas para o restante da leitura. E você, o que achou? Para a próxima semana, leremos o conto Bola de Cabelo, que acaba na página 58.

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

O quanto o contexto social e os julgamentos morais inerentes à convivência em sociedade podem definir o destino de uma pessoa? No conto Lixo Verdadeiro, Atwood levanta essa questão a partir de uma trama que começa com um grupo de jovens e adolescentes e termina, dez anos depois, com revelações que, apesar de esclarecedoras, já não têm poder de mudança sobre as consequências desse passado.

A narrativa começa em um acampamento em que adolescentes abastados passam suas férias e jovens garotas, em sua maioria não tão privilegiadas, trabalham durante o verão para juntar algum dinheiro. Um ambiente de muitos contrastes, não apenas sociais, mas também de idade e gênero.

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[Resenha] O Muro

Publicado às vésperas da Segunda Guerra Mundial, O Muro, do escritor e filósofo francês Jean-Paul Sartre, reúne cinco contos – O Quarto, Erostrato, A Intimidade, A Infância de um Chefe e O Muro, que intitula e abre o livro.

Nessas narrativas, a riqueza do pensamento filosófico de Sartre se concretiza em personagens e situações inquietantes que trazem à tona as tensões menos evidentes de um mundo pré-guerra. É a filosofia se aproximando da experiência humana, assim como desejavam os existencialistas, escola da qual Sartre e outros grandes pensadores e autores, como sua companheira Simone de Beauvoir e Albert Camus, faziam parte.

No primeiro conto, O Muro, Sartre relata a última noite de três condenados à morte. A espera exaure cada um deles de maneira diferente. Um se desespera, o outro se apega ao materialismo de seu corpo e Pablo Ibbieta, o narrador, é a pura expressão da indiferença. Para ele, a vida carece de sentido e isso fica especialmente claro diante da iminência da morte. A existência é toda ela uma espera:

No estado em que eu estava, se eles tivessem vindo me anunciar que eu podia voltar tranquilamente para casa, que eles poupariam minha vida, isso não teria me sensibilizado: algumas horas ou alguns anos de espera é tudo igual, quando já perdemos a ilusão de ser eterno.

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