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[Resenha] Os Buddenbrook

Pequena ou grande, barulhenta ou discreta, rica ou pobre – não importa o tipo, uma família é sempre um terreno fértil para uma boa história. Thomas Mann apostou nessa premissa quando, aos 25 anos, em 1900, concluiu seu primeiro romance: Os Buddenbrook – Decadência de uma família.

O clássico da literatura alemã conta a trajetória desse clã entre os anos de 1835 e 1877. A maior parte das 700 páginas foca na terceira geração, formada pelos irmãos Thomas, Antonie, Christian e Klara. Netos de um poderoso comerciante, eles herdam os negócios e a responsabilidade de preservar a glória do sobrenome.

Esse fardo se mostra mais pesado do que parece. Como bem anuncia o subtítulo da obra, não se trata de uma história de final feliz. Ao longo da narrativa, Mann insere alguns elementos que funcionam como um termômetro material das angústias e dos insucessos da família: a placa suntuosa que identifica o prédio da firma, a mansão na Mengstrasse, a fortuna sempre contabilizada de forma tão precisa e o livro de família, uma espécie de diário do clã. Esses sinais são como lembretes do pesado destino que paira sobre os Buddenbrook:

Tomou o diário, folheou-o e, subitamente, ficou absorta pela leitura. O que lia eram, na maioria, coisas simples, que conhecia havia muito tempo, mas cada um dos que as tinham escrito herdara dos seus antecessores um modo de narrar solene e sem exagero; formara-se assim, por instinto e sem propósito, um estilo de crônica em que se expressava o respeito que uma família tinha a si mesma, assim como à tradição e à história, respeito discreto e por isso sumamente cheio de dignidade.

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[Enclausurado] Semana #5

Uma reviravolta digna de tragédia shakesperiana aconteceu nas últimas páginas, o que levou Trudy e Claude a acelerar seus planos. Nosso feto, assim, se vê cada vez mais perto de uma encruzilhada: a prisão ou o Paquistão? Está difícil não devorar as últimas páginas de Enclausurado, de Ian McEwan. Haja autocontrole! Para a próxima semana, avançamos mais dois capítulos, até a página 115.

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

A visita inesperada de John Cairncross à casa de St. John’s Wood trouxe reviravoltas importantes à história. Até aqui retratado como um homem fraco e ingênuo, perdido em sua poesia, John de repente muda de posicionamento, em uma tentativa de virar o jogo com sua mulher.

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[Divã] Um Kindle de referência

Na semana passada, em uma longa entrevista dado ao crítico literário do The New York Times, Michiko Kakutani, Barack Obama, agora ex-presidente dos Estados Unidos, falou um pouco da sua relação com os livros e contou que deu de presente para sua filha um Kindle recheado de livros importantes para sua formação.

Ali estão, segundo ele, “conhecidos suspeitos”, como Cem Anos de Solidão, do Gabriel García Márquez, e outros títulos não tão onipresentes nas listas de leituras, mas que são poderosos, tais quais O Carnê Dourado, de Doris Lessing.

Inspirada por esse presente tão especial, foi quase impossível não fazer uma retrospectiva dos livros que tiveram particular impacto sobre mim nesses últimos anos, e aos quais volto sempre que preciso de algum conforto. Não são, como disse Obama, necessariamente clássicos da literatura mundial, mas livros com mensagens poderosas sobre assuntos por vezes banais. Leia mais

“(…) Para ganhar um ano novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano-Novo
cochila e espera desde sempre.”

 

Carlos Drummond de Andrade
em Receita de Ano-Novo

[Enclausurado] Semana #2

Ao longo dos dois primeiros capítulos de Enclausurado, de Ian McEwan, nos acostumamos ao espaço exíguo em que vive o narrador, conhecemos melhor sua mãe e, aos poucos, vamos descobrindo qual é o plano tenebroso que ela e Claude arquitetam. O narrador pode até ser um feto, mas não perde a ironia e o humor ácido que marcam a obra do autor inglês! Animados para os próximos capítulos? Para sexta-feira que vem, vamos até a página 49. Acompanhe com a gente!

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

Então aqui estou, de cabeça para baixo, dentro de uma mulher.

Como já escrevemos em outro post, a primeira frase de Enclausurado é tão marcante quanto outros inícios clássicos, como a abertura de A Metamorfose, de Franz Kafka. A chave aqui, assim como em Kafka, é dar um verniz de realidade a uma impossibilidade física, algo que discutimos no primeiro post deste Clube do Livro.

De partida, Ian McEwan nos situa dentro do útero de Trudy, um espaço apertado em que mal se pode “mexer um dedo”. Aceitar esse ponto de vista, porém, não significa abdicar da realidade. Todas as situações imaginárias são muito bem amarradas – cada devaneio tem uma explicação que habita o plausível.

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