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[Divã] Quem tem medo de falar de racismo?

Enquanto o mundo assistia embasbacado à atuação do jovem Kylian Mbappé na vitória da França sobre a Argentina, em um jogo que classificou os franceses para as quartas-de-final da Copa do Mundo da Rússia, o youtuber brasileiro Júlio Cocielo proferia uma “piada” absurdamente racista em seu Twitter: para ele, Mbappé “conseguiria fazer uns arrastão top na praia”.

O post gerou furor na internet, mas houve quem defendesse Cocielo: para uma parte de seus fãs, foi apenas uma brincadeira, já que Cocielo tem “bom coração”. Desde então, ele apagou impressionantes 50 mil tweets, não antes que milhares de prints com afirmações homofóbicas e racistas viessem à tona.

Mbappé é um atleta jovem, forte e extremamente talentoso. Comparar a rapidez de suas arrancadas ao potencial de “arrastão” é de um racismo perverso, mas defender o youtuber e afirmar que essa foi apenas uma brincadeira é bastante sintomático do racismo que se esconde nos meandros da sociedade brasileira. É pouco provável que Cocielo dissesse que Cristiano Ronaldo faria arrastões top na praia.

Em seu novo livro, Quem Tem Medo do Feminismo Negro (Companhia das Letras, 145 páginas, R$ 29,90)  Djamila Ribeiro é clara sobre o papel do humor na perpetuação do racismo.

É preciso perceber que o humor não é isento, carregando consigo o discurso do racismo, do machismo, da homofobia, da lesbofobia, da transfobia. Diante de tantos humoristas reprodutores de opressão, legitimadores da ordem, fico com a definição do brilhante Henfil: “O humor que vale para mim é aquele que dá um soco no fígado de quem oprime”.

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[Resenha] A Viagem do Elefante

Em 1551, o rei português dom João III, e sua mulher, Catarina d’Áustria, decidiram oferecer um presente inusitado ao arquiduque Maximiliano II, por seu casamento com a filha do imperador Carlos V: um elefante.

A história real do mamífero que saiu de Goa, passou por Portugal, Espanha, Itália, atravessou os Alpes para enfim chegar na Áustria ganha ares de fábula nas mãos de José Saramago, em A Viagem do Elefante (Companhia das Letras, 260 páginas).

Confesso que o enredo, normalmente, não atrairia minha atenção, mesmo sendo uma obra do consagrado autor português, de quem gosto muito, embora ele tenha aparecido pouco aqui no blog. Mas, em um aeroporto, acabei seduzida pela caligrafia de Wagner Moura, que assinou a capa para a edição especial vendida exclusivamente pela Livraria Saraiva.

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“Mudo, contemplei longamente esse milagre de vigor e de doçura. Compreendi com você que o prazer não é algo que se tome ou que se dê. Ele é um jeito de dar-se e de pedir ao outro a doação de si. Nós nos doamos inteiramente um ao outro.”

 

André Gorz em Carta a D.

[Resenha] O Leopardo

Se quisermos que tudo continue como está, é preciso que tudo mude.

A emblemática frase de O Leopardo, de Giuseppe Tomasi di Lampedusa (TAG Livros/Companhia das Letras, 381 páginas), resume com exatidão a sensação de resignação que nos devora quando somos confrontados com grandes mudanças. Não à toa, é um dos aforismo mais conhecidos da literatura.

Dita por Tancredi, sobrinho de Fabrizio de Corbèra, príncipe de Salina e personagem central neste romance, a frase indica a inevitabilidade das transformações que marcariam a Itália na segunda metade do século XIX. O Leopardo retrata justamente esse meio século de profundas alterações no cenário econômico, político e social do país, com a unificação da Itália, até então dividida em reinos sob  o domínio de potências estrangeiras, a ascensão da burguesia e o ocaso da nobreza.

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[Lista] 10 livros para o desafio Histórias do Quintal

A querida Angela Alhanati, do Ao Sol No Quintal (@aosolnoquintal), nos convidou a participar de um desafio super bacana que ela está promovendo no canal dela. São 10 categorias diferentes que mostram livros que nos fizeram rir, chorar, que marcaram nossa adolescência e nossa vida.

Ao escolher esses títulos, acabamos também contando um pouco dos nossos gostos pessoais e de episódios que nos moldaram: afinal, nossas leituras acabam também definindo nossa personalidade.  

Esperamos que vocês gostem!

Ah, se quiserem participar, é só usar a hashtag  #historiasdoquintal e seguir as categorias abaixo. E, claro, não deixem de marcar o Achados & Lidos também!

1) Um livro triste: Vozes de Tchernóbil, de Svetlana Aleksievitch:

Quando começamos o Achados & Lidos, decidimos que o primeiro título do nosso Clube do Livro seria Vozes de Tchernóbil, da ganhadora do Prêmio Nobel de 2015.

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