Chegamos ao fim da primeira parte de O Mestre e Margarida, de Mikhail Bulgákov, com sua hilária história sobre o passeio de uma trupe diabólica pela Moscou dos anos 30. Como não poderia deixar de ser, mais alguns fatos insólitos tomaram lugar na capital, como um terno sem corpo e a transfiguração monetária. À medida que avançamos e conseguimos conectar os fios que ligam essa trama, mais aguçada fica nossa curiosidade! A de vocês também? Continuem acompanhando conosco. Na próxima semana, vamos até o 22º capítulo, ou até a página 252 se você tem a edição da foto.
Por Mariane Domingos e Tainara Machado
Desaparecimentos consecutivos levaram a uma situação para lá de insólita no Teatro de Variedades. Depois de um espetáculo memorável, no qual se distribuiu dinheiro (transformado em seguida em papéis sem valor) e roupas parisienses (que num passe de mágica, ou de magia negra, sumiram logo após a apresentação, deixando em trajes mínimos algumas das senhoras mais ávidas no teatro), o estabelecimento amanheceu mergulhado no caos. Logo pela manhã, a fila que se formava à porta já era tão grande que levou até mesmo a polícia a aparecer. Os telefones tocavam sem parar, mas um problema esdrúxulo se impunha aos funcionários:
O próprio Likhodêiev também não estava. A empregada Grúnia também não estava, e ninguém sabia onde se metera. O presidente da administração, Nikanor Ivánovitch, não estava, Prólejniev não estava.
Resultou algo absolutamente inacreditável: toda a cúpula da direção desaparecera, uma sessão terrivelmente escandalosa tivera lugar na véspera, mas não se sabia quem a realizara ou investigava.