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[Resenha] Se a Rua Beale Falasse, de James Baldwin

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James Baldwin escreveu este clássico da literatura americana em 1974, mas a trama de Se a Rua Beale Falasse (Companhia das Letras, 224 páginas) ainda é uma realidade incômoda: Fonny é um jovem negro preso em função de uma falsa acusação de estupro, o que leva sua namorada, Tish, a engajar toda sua família na luta pela liberdade do noivo, ao mesmo tempo em que tem que reunir forças para levar adiante sua gravidez. 

O racismo institucionalizado na sociedade americana, mesmo em uma cidade cosmopolita como  Nova York, é o pano de fundo desse romance, do qual emergem muitas de suas qualidades. Baldwin trata, em sua narrativa, das muitas injustiças a que são submetidas as populações mais vulneráveis de uma cidade com a qual tinha uma relação de amor e ódio. Sobre algumas, ele não se aprofunda, mas nos faz entrever um buraco fundo. Um exemplo é o sistema prisional. Sabemos pelas visitas de Tish que a prisão terá efeitos indeléveis sobre Fonny, mas nunca ultrapassamos as barreiras de vidro interpostas entre o casal.

Ao tangenciar injustiças sistêmicas, Baldwin escancara um abismo muito mais profundo, o que distancia os jovens de seus sonhos e de seu potencial. O sonho americano é um privilégio de poucos – certamente não ao alcance de Tish e Fonny. Os dois se conheceram ainda bastante jovens, vizinhos no Harlem, um bairro habitado majoritariamente pela população negra. Enquanto a família de Tish é bem estruturada, Fonny tem que lidar com a aversão da mãe, que prefere as duas filhas mais novas, de pele mais clara. A desigualdade, na experiência pessoal de Baldwin, começa em casa e dali se prolonga para a rua. 

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[Lista] 5 livros que inspiraram (bons) filmes

Cinema e literatura têm uma ligação quase umbilical. A adaptação de algumas sagas, como Harry Potter, Senhor dos Anéis e Crepúsculo, só para ficar entre as mais famosas, arrastaram milhões para os cinemas. Mas é claro que nem só de blockbusters vive essa relação! Nesta semana, listamos cinco ótimos livros que também renderam bons filmes.

1. A Fazenda Africana, de Karen Blixen: Nascida em uma família aristocrata da Dinamarca, a baronesa Karen Blixen já ensaiava escrever algumas novelas na juventude, mas é a partir da sua experiência na África que surge sua obra-prima. Em A Fazenda Africana, Blixen relata, em primeira pessoa, sua experiência de estranhamento e intimidade com o Quênia, para onde se mudou depois do casamento. A beleza do local a arrebata logo de início:

A posição geográfica e a altitude da região combinavam-se para criar uma paisagem sem igual no resto do mundo. Ali não havia nada de excessivo ou luxuriante; era a África destilada por uma altitude de 1.800 metros, a essência forte e sublimada de um continente. As cores eram secas e crestadas, como uma cerâmica.

Como administradora de uma fazenda de café, conquistou seu lugar como mulher em um ambiente patriarcal, conservador e preconceituoso. Sua posição de autoridade, porém, advém de uma noção europeia de superioridade marcante entre os colonizadores, que aos poucos cede espaço a um forte sentimento pelo continente. Leia mais

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