O afeto improvável entre um garoto árabe órfão e uma senhora judia, ex-prostituta e sobrevivente do nazismo é o fio condutor do romance A Vida Pela Frente, de Émile Ajar (pseudônimo do escritório francês Romain Gary).
Momo cresceu na casa de Madame Rosa e, embora saiba bem pouco de sua história, desconfia que ela não seja tão diferente das origens das outras crianças que chegam àquele lar. Madame Rosa é conhecida no bairro por acolher, mediante um pagamento mensal para o custeio dos gastos, os filhos das prostitutas que, por lei, são impedidas de criá-los. Ela mesma, outrora prostituta, viu nesse modelo uma forma de se manter na sua velhice e apoiar as mulheres cuja situação ela entende bem.
No entanto, diferente da maioria das outras crianças, Momo nunca recebe a visita de sua mãe e logo os pagamentos que lhe correspondem começam a falhar. Apesar disso, Madame Rosa o mantém sob seus cuidados, e eles constroem juntos um forte laço que desafia todas as probabilidades e diferenças culturais.
Momo não sabe ao certo qual é a sua idade, mas aprende cedo o bastante que a vida nem sempre é justa e que as pessoas queridas se vão, às vezes de maneira lenta e dolorosa. Madame Rosa não chega bem à velhice, e os seis lances de escada até seu apartamento são um lembrete diário de que seu corpo já se cansou dos golpes da vida.