Autor: Tainara Machado (página 18 de 38)

“Casar, para ela, não era negócio de paixão, nem se inseria no sentimento ou nos sentidos; era uma ideia, uma pura ideia. Aquela sua inteligência rudimentar tinha separado da ideia de casar o amor, o prazer dos sentidos, uma tal ou qual liberdade, a maternidade, até o noivo. Desde menina, ouvida a mamãe dizer: ‘aprenda a fazer isso, porque quando você se casar’ (…) – e a menina foi se convencendo de que toda a existência tendia para o casamento.”

 

Lima Barreto em
Triste Fim de Policarpo  Quaresma

[Lista] 5 autores que conheci por meio da Flip

A 15ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty começa nesta quarta-feira, dia 26 de julho, e mal estamos conseguindo conter a ansiedade. Além da expectativa para as mesas e para o clima que toma conta da cidade durante o evento, sabemos que Paraty é uma ótima  oportunidade para conhecer novos autores.

A curadora da edição deste ano, Joselia Aguiar, procurou compor uma seleção de escritores que garantisse paridade de gênero – serão 24 mulheres e 22 homens – e maior diversidade, com maior número de autores negros. Scholastique Mukasonga e Paul Beatty já despontam como as grandes estrelas do evento. Estamos mergulhados nas obras desses escritores para que logo eles apareçam por aqui, e temos certeza que a festa vai nos trazer outras ótimas surpresas.

Enquanto a Flip não começa, relembrei outros autores que conheci em festas passadas – mais precisamente, nas edições de 2008 e 2009:

1. Chimamanda Ngozi Adichie: Em 2008, quando Chimamanda Ngozi Adichie passou pelo Brasil para participar da 6ª edição da Flip, sua fama ainda não era a mesma de hoje. A autora já havia ganho o Orange Prize por Meio Sol Amarelo, mas eu nunca tinha ouvido falar de seus livros.

Infelizmente, não assisti à mesa dela em Paraty, quando ela discutiu a cobertura enviesada que a imprensa costuma fazer da África, um tema que até hoje permeia seus livros e palestras, entre outros assuntos, com Pepetela (veja mais sobre o autor nesta lista).

Comprei e li Meio Sol Amarelo naquelas férias mesmo (saudades, recesso escolar). Desde então, a paixão virou relacionamento sério. Acompanho a escritora de perto pelo Facebook, li praticamente tudo o que ela escreveu e, sempre que possível, indico a leitura de um de seus livros para amigos que  me pedem recomendação. Além da escrita leve sobre temas pesados, Adichie é uma mulher de personalidade forte, com mensagens e posicionamentos firmes sobre racismo e direitos das mulheres. Sem dúvida, uma descoberta e tanto proporcionada pela Flip!

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[Resenha] Como se Estivéssemos em Palimpsesto de Putas

Na semana passada, a literatura brasileira perdeu uma de suas vozes contemporâneas mais importantes. Elvira Vigna morreu aos 69 anos, depois de uma longa e secreta luta contra o câncer. Em meio a essa árdua batalha, Elvira publicou Como se Estivéssemos em Palimpsesto de Putas pela Companhia das Letras. Se um título forte como esse já desperta a curiosidade dos leitores, as páginas seguintes atiçam ainda mais a mente de quem mergulha nesse livro.

Elvira Vigna, se percebe pelas primeiras linhas, não é uma autora qualquer. Suas frases são curtas, duras. Compreender seu significado exige do leitor entrega que é quase um processo de escrita, no esforço de buscar o não dito nas entrelinhas.

Está escuro e tenho frio nas pernas. No entanto, é verão. Outra vez. Deve ser psicológico. Perna psicológica.
Faço hora, o que pode ser dito de muitos outros momentos da minha vida.
Mas nessa hora que faço, vou contar uma história que não sei bem como é. Não vivi, não vi. Mal ouvi. Mas acho que foi assim mesmo.

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[Lista] 5 livros com viagens extraordinárias

Quem nos acompanha nas redes sociais viu que a Mari aproveitou a primeira semana de julho para fazer muito turismo literário, em lugares incríveis como Paris, Copenhague e Estocolmo! Se você, como eu, ficou babando de vontade de estar num avião, essa lista é destino certo! Selecionei cinco livros sobre viagens extraordinárias, porque não ter férias em julho não significa que a gente não possa viajar, não é?

1. On The Road – Pé na Estrada, de Jack Kerouac: Clássico dos clássicos da literatura sobre rodas, a obra prima da “geração beatnik” serviu de inspiração para inúmeros escritores, que também procuraram representar o espírito da juventude de sua época. Com esse livro, Kerouac criou quase um gênero próprio na literatura, que ele chamava de “prosa espontânea”, uma espécie de fluxo de consciência desencadeado por uma boa dose de drogas e álcool.

A geração beatnik, um movimento de contracultura nos  Estados Unidos da década de 1960, procurava se desvencilhar de velhas regras e padrões da  indústria cultural, representando uma juventude libertária, nômade e rebelde.

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[Resenha] Intérprete de Males

Um casal compartilha verdades inconfessáveis à luz de velas. Uma jovem mulher decide revelar um segredo a um desconhecido. Uma menina descobre noções de identidade e pertencimento por meio de visitas cotidianas na hora do jantar. Em Intérprete de Males, livro de contos da inglesa Jhumpa Lahiri editado no Brasil pela Biblioteca Azul, os personagens precisam aprender a conviver com um mundo que lhes parece estrangeiro, mas que precisa ganhar contornos familiares.

A imigração e o choque de culturas é pano de fundo de quase todos os contos desse livro, mas as histórias narram dramas universais, como a separação, a perda, o envelhecimento e a distância. Jhumpa Lahiri, que nasceu em Londres mas vem de família indiana e hoje vive na Itália, sabe como ninguém o que é não encontrar tradução para o seu mundo no cotidiano.

Intérpretes de Males busca justamente construir essa ponte, um diálogo entre dois universos distintos e ao mesmo tempo semelhantes, marcados por chegadas, partidas e estranhamentos. É, acima de tudo, uma leitura extremamente prazerosa, pela habilidade de Lahiri em construir personagens e tramas pelas quais sentimos profunda empatia, em um ritmo compassado no qual não há espaço para atropelos, mas muito está escrito nas entrelinhas.

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