Autor: Tainara Machado (página 15 de 38)

[Resenha] A Trégua

Em É Isto Um Homem (que a Mari já resenhou aqui), o autor italiano Primo Levi encerra seu relato sobre os oito meses que  passou como prisioneiro no campo de concentração de Auschwitz com a morte de um de seus companheiros de enfermaria, Sómogyi, e a chegada dos russos. As duas últimas frases guardam um tom razoavelmente otimista, que contrasta com a dureza do restante do relato:

Arthur reuniu-se alegremente com a sua família e Charles recomeçou a ensinar; já trocamos longas cartas. Espero poder revê-los um dia.

Levi retoma esse desfecho em A Trégua, uma narrativa igualmente dolorida de uma história menos conhecida sobre a Segunda Guerra Mundial: o difícil retorno dos prisioneiros dos campos de concentração para casa.

Leia mais

“Oh! Nenhum mortal poderia suportar o horror daquele semblante. Uma múmia ressuscitada não seria  tão medonha quanto aquele infeliz. Contemplei-o quando ainda não estava terminado; na ocasião, era feio, mas  quando seus músculos e suas articulações foram capazes de se mover, tornou-se uma coisa tão horrenda que nem Dante poderia tê-la concebido.”

Mary Shelley em Frankenstein

[Divã] A Arte da Tradução

Imagine que, se você quisesse ler Dostoiévski, teria que aprender russo. Ou japonês, se o escolhido fosse Haruki Murakami. Ou que boa parte do mundo jamais conheceria Machados de Assis ou Clarice Lispector, já que apenas uma parte pequena da população global fala português? A cada obra, uma nova língua. Esse seria o mundo sem os tradutores.

Sorte que essa é uma das atividades mais antigas do mundo. No dia 30 de setembro, comemora-se o dia internacional desse profissional porque é também o dia de São Jerônimo, que entre outras prerrogativas carrega o título de tradutor da Bíblia para o latim. São eles, os tradutores, que ao encarar o desafio de reescrever uma obra em outra língua, nos permitem saltar a barreira que nos separa da literatura produzida em outros idiomas.

Leia mais

[Resenha] Os Fatos – A Autobiografia de um Romancista

Quando Philip Roth anunciou, em meados de 2014, que estava se aposentando e pararia de escrever, a comunidade literária ficou em choque. O escritor, há anos entre os cotados ao Prêmio Nobel de literatura, é uma das principais vozes do romance americano da segunda metade do século XX, autor de clássicos como Complô Contra a America e Humilhação.

Lançado em 1988, mas editado no Brasil apenas no ano passado, Os Fatos – A Autobiografia de um Romancista, bem poderia ter sido seu livro de despedida. Como já sugere o subtítulo do livro, o título traz a história de Roth por trás da ficção e foi escrita após um período de colapso físico e psicológico do autor. Com sua habitual ironia, Roth habita nesta obra o limite tênue entre ficção e realidade, uma estratégia narrativa interessante para um autor que muitas vezes foi criticado por ser excessivamente autobiográfico.

Esse jogo aparece logo nas primeiras páginas. O prólogo do livro trata de uma carta de Roth escrita para Zuckerman, um de seus personagens mais marcantes. Também escritor, Zuckerman sempre foi interpretado como um alterego do autor, e por isso é mais uma nota de seu brilhantismo o fato de que Roth tenha optado por iniciar sua autobiografia pedindo autorização para  publicação para um de seus personagens mais emblemáticos.

Leia mais

“Nasce daí o debate: se é melhor ser amado que temido ou o inverso. Dizem que o ideal seria viver-se em ambas as condições, mas, visto que é difícil acordá-las entre si, muito mais seguro é fazer-se temido que amado, quando se tem de renunciar a uma das duas.”

 

Nicolau Maquiavel em O Princípe

Posts mais antigos Post mais recentes

© 2025 Achados & Lidos

Desenvolvido por Stephany TiveronInício ↑