Autor: Tainara Machado (página 12 de 38)

[Resenha] Os Caminhos Para a Liberdade

No Estado americano da Geórgia, Cora é propriedade da fazenda dos Randall. Marcada pela vida como escrava, ela nunca imaginou outro destino que não fosse o confinamento da fazenda, a colheita de algodão, os açoitamentos frequentes. Até que a chegada de Ceasar, criado na Virgínia por uma senhora que prometia alforriá-lo, mas que morreu sem ter o feito, muda sua perspectiva sobre o futuro.

Os Caminhos Para a Liberdade, de Colson Whitehead (Editora Harper Collins, 312 páginas), é um livro angustiante, do tipo que te faz querer ler a última página só para saber o destino da personagem principal. Até chegar lá, acompanhamos uma fantasiosa narrativa de fugas e desventuras pelas “ferrovias subterrâneas”, como os abolicionistas chamavam a rede de apoio que ajudou a esconder milhares de escravos e que no livro de Whitehead ganham materialidade, com direito a operadores de estação, maquinistas e passageiros.

O autor divide a narrativa entre personagens e estados americanos. A história começa com a raptura da avó de Cora, Ajarry, na África, a terrível travessia nos navios que transportavam escravos de um continente a outro e o sem número de vezes em que ela foi vendida, já na América.

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“A vaidade e o orgulho são coisas diferentes, embora as palavras sejam frequentemente usadas como sinônimos. Uma pessoa pode ser orgulhosa sem ser vaidosa. O orgulho relaciona-se mais com a opinião que temos de nós mesmos, e a vaidade, com o que desejaríamos que os outros pensassem de nós.”

 

Jane Austen em Orgulho e Preconceito

[Lista] 20 melhores leituras do ano para sua lista de presentes (parte 2)

Como prometido pela Mari na semana passada, continuamos a listar as melhores leituras do ano, todas ótimas dicas de presente para este Natal (confira a primeira parte da lista aqui)! De lançamentos a livros que já estavam na estante, essas leituras nos levam a um passeio guiado pelos prédios do centro de São Paulo, pela dura Brasília tomada pela ditadura militar, por Nápoles e até mesmo ao útero de uma mulher grávida! 

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1. O Tribunal da Quinta-Feira, de Michel Laub: Terceiro livro de uma trilogia sobre a capacidade de adaptação individual a traumas coletivos, este romance de Michel Laub explora o verdadeiro tribunal encenado cotidianamente nas redes sociais e fóruns virtuais. José Victor, um publicitário de 43 anos, recém-divorciado, que vê boa parte de suas conversas eletrônicas com o melhor amigo expostas na internet de forma parcial e inescrupulosa, tem de lidar com esse vazamento e, principalmente, com a sombra da doença que marcou a sua geração, a AIDS. Na linguagem arrebatadora de Laub, esse foi um dos grandes achados de 2017. Veja a resenha completa aqui.

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[Resenha] A Noite da Espera

A folha de rosto de A Noite da Espera, novo romance de Milton Hatoum que chega às livrarias pela Companhia das Letras, traz o seguinte verso do poeta sírio Adonis:

A solidão é a tinta da viagem.

Martim, o jovem narrador desse romance, primeira parte da trilogia O Lugar Mais Sombrio, descobrirá essa verdade rapidamente. Depois da separação dos pais, é levado a se mudar para Brasília na companhia do pai. Deixando o ambiente que lhe é familiar, a capital recém-criada, ainda quase vazia e marcada pela tensão do golpe militar de 64, é um reflexo do cotidiano que Martim enfrenta em casa: a aridez da figura paterna acentua a distância da mãe que dá notícias apenas esporadicamente, a partir de um sítio escondido do qual se sabe muito pouco.

Na contracapa desta edição, que recebemos autografada por Hatoum (pulinhos de alegria!), a crítica literária Leyla Perrone-Moisés comenta que da multidão de escreventes que temos hoje, poucos merecem o título de escritor, qualificativo que ela atribui ao escritor amazonense. Sem dúvidas, Hatoum é uma das mais potentes vozes no cenário literário brasileiro, capaz de se reinventar a cada novo romance.

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“Falou-me em libertar milhões de ignorantes dos seus horrorosos costumes, ao ponto, palavra de honra, de eu começar a sentir-me pouco à vontade. Atrevi-me a sugerir que o objetivo da Companhia era ter lucros. ”

 

Joseph Conrad em O Coração das Trevas

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