“Compreende, será que compreende, meu caro senhor, o que significa não se ter mais para onde ir? (…) porque é preciso que toda pessoa possa ir ao menos a algum lugar…”
Fiódor Dostoiévski em Crime e Castigo
“Compreende, será que compreende, meu caro senhor, o que significa não se ter mais para onde ir? (…) porque é preciso que toda pessoa possa ir ao menos a algum lugar…”
Fiódor Dostoiévski em Crime e Castigo
Ler Rebecca Solnit é ter a sensação de que o emaranhado de percepções que você tem sobre o mundo de repente se organiza em uma narrativa clara, que dá vontade de sair contando para todo mundo, tamanha a urgência das suas reflexões. A Mãe de Todas as Perguntas, livro recém-lançado pela Companhia das Letras, reúne ensaios da escritora e historiadora norte-americana sobre os novos feminismos, resgatando as premissas desse movimento e identificando, de maneira objetiva, as forças que tentam neutralizá-lo.
Um dos temas que perpassa quase toda a coletânea é o silêncio. A partir de exemplos passados e atuais, Solnit mostra como a história das mulheres é marcada pelo não dito. Privar-nos dos lugares de fala é, há séculos, a principal estratégia do patriarcado para forjar a legitimidade do seu discurso:
O silêncio é o que permite que as pessoas sofram sem remédio, o que permite que as mentiras e hipocrisias cresçam e floresçam, que os crimes passem impunes. Se nossas vozes são aspectos essenciais da nossa humanidade, ser privado de voz é ser desumanizado ou excluído da sua humanidade. E a história do silêncio é central na história das mulheres.
“Já não existem baús ou só existem baús vazios, esvaziados, sem anéis, sem mechas de cabelo, sem cartas bem dobradas prestes a se rasgar, sem fotos em sépia. A vida é um enorme álbum no qual é possível construir um passado instantâneo, de cores vivas e definitivas.”
Alejandro Zambra em A Vida Privada das Árvores
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