Autor: Achados & Lidos (página 29 de 30)

[Hibisco Roxo] Semana #8

Chegamos ao fim de Hibisco Roxo! Foram oito semanas de leitura prazerosa e de um debate interessante. Agora, queremos saber: o que vocês mais e menos gostaram no livro da Chimamanda Ngozi Adichie? Mande sua opinião para nosso e-mail blogachadoselidos@gmail.com. Vamos publicar as impressões por aqui na semana que vem!

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

Eu ri. Rir parecia muito fácil agora. Muitas coisas pareciam fáceis agora.

Esta frase de Kambili representa muito bem a narrativa de Hibisco Roxo. Como comentamos por aqui na semana passada, este é um livro sobre liberdade. Ou melhor, sobre a descoberta da liberdade.

Kambili percorreu um longo e delicado caminho de reconhecimento do que é o mundo longe da intolerância do pai. Chimamanda, com sua escrita sensível e próxima, posiciona o leitor ao lado da jovem narradora e nos faz perceber o mundo pelos seus olhos.

A princípio, sentimos estranhamento. Em que século vive esta garota? Será uma criança? De onde surgiu uma figura como Papa? Mas à medida que a leitura avança, a empatia pela menina e seu contexto familiar, social e político só aumenta. Chimamanda consegue isso, porque questiona nossos preconceitos e nos tira da posição de julgar a situação pelas nossas verdades e cultura. Com sutileza e uma habilidade admirável para usar metáforas, a escritora nos apresenta a cultura nigeriana (com direito a detalhes sobre o idioma igbo, a culinária e a moda local) e também nos conta a história de opressão daquele povo, que sofre as heranças de um processo de colonização. Nos sentimos próximas de Kambili, porque, assim como ela, também estamos mergulhando no desconhecido. É tempo de descoberta para a jovem e para nós, leitores.

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[Hibisco Roxo] Semana #7

Agora é reta final! Na próxima semana, vamos até o fim do livro. Dá dor no coração nos despedir de Hibisco Roxo, mas precisamos confessar: está quase impossível segurar o ritmo nessas páginas finais!

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

O descontrole de Papa marcou essa última leitura. E, desta vez, a vítima não foi somente Mama. Kambili também sentiu a violência e a intolerância do pai. Depois de flagrar ela e o irmão admirando o retrato do avô, Papa dá uma surra que leva a menina ao hospital em estado grave.

Sempre depois de cometer suas atrocidades, Eugene tem lampejos de preocupação:

O rosto de Papa estava próximo do meu. Tão perto que seu nariz quase tocou o meu, mas mesmo assim vi que seus olhos estavam mansos, que ele falava e chorava ao mesmo tempo.

– Minha filha preciosa. Nada vai acontecer com você. Minha filha preciosa.

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[Hibisco Roxo] Semana #6

Está acabando! 🙁 Para a próxima semana, lemos mais dois capítulos –  até a página 267, se você tem a edição da foto.

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

Perdas e descobertas chacoalharam a vida de Kambili. A garota que voltou para casa depois de uma temporada em Nsukka não é mais a mesma.

Em poucos dias, ela ganhou e perdeu alguém na família: seu avô. A breve convivência com ele na casa da tia Ifeoma valeu mais do que os últimos anos de visitas monitoradas e rápidas que Papa autorizava. Sob o incentivo da tia, Kambili se permitiu conhecer melhor aquele “homem pagão” e entender seus costumes.

O estranhamento é claro no começo. Kambili, doutrinada por Papa durante tantos anos, questiona a tia sobre como Nossa Senhora pode interceder por um pagão. O que temos a seguir é uma aula sobre respeito às tradições. Às vezes, nos lembra tia Ifeoma, o que é diferente é tão bom quanto o que é familiar. Estamos – ou ao menos deveríamos estar – todos rezando pelas mesmas coisas.

Em uma das cenas mais bonitas desses últimos capítulos, a garota, convidada pela tia, assiste, com um misto de curiosidade e admiração, à oração matutina do avô. Após acompanhar a cena toda, Kambili nos surpreende com uma conclusão bastante crítica do que viu, comparando os ritos do avô com sua própria religião:

Ele ainda sorria quando me virei silenciosamente e voltei para o quarto. Eu nunca sorria depois de rezar o rosário em casa. Nenhum de nós sorria.

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[Hibisco Roxo] Semana #5

Para a próxima semana, avançamos mais um capítulo, até a página 218 da edição da foto.

Por Tainara Machado e Mariane Domingos

Nos capítulos desta semana, começamos a sentir os cheiros suaves de liberdade oferecidos pelos hibiscos roxos experimentais de tia Ifeoma. Jaja e Kambili foram passar uns dias com a tia na cidade universitária de Nsukka, onde ela mora, e aos poucos são apresentados a um mundo com menos horários fixos e restrições, mais abertura para falar e questionar e até uma relação mais natural, menos forçada com a religião.

Essa mudança de ares nos proporciona um conhecimento mais amplo do país, não só geográfico, mas também socioeconômico. Pela perspectiva de Kambili, já notamos que também em Nsukka há desigualdade por toda parte, embora a menina não formule a questão nesses termos. Ao chegar à universidade, descreve as casas de dois andares com entrada de cascalho para os carros, que mais tarde saberemos que pertenceram aos professores brancos, seguidas por bangalôs e então por blocos de prédios com espaços largos na frente, em vez de entrada de carros. Há ainda os apartamentos colados uns aos outros, que abrigam os funcionários da universidade.

Nos capítulos anteriores, tínhamos conhecido a fartura da casa de Kambili na capital Enugu e no interior, em Abba. Nos raros momentos em que a pobreza era apresentada, sempre surgia a figura “generosa” de Papa distribuindo dinheiro com a mesma facilidade com que distribuía exigências. Na casa de tia Ifeoma, a realidade é outra: os alimentos não são tão variados e o espaço bem menos abundante. À escassez de diversos itens, que para Kambili pareciam tão básicos, se contrapõem a alegria e a praticidade de tia Ifeoma, que aparenta não se abalar com a falta de gasolina iminente ou com a água insuficiente até para descargas.

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[Hibisco Roxo] Semana #4

Para a próxima semana, avançamos mais dois capítulos, até a página 172. Vamos passar da metade do livro! Quem aí já está sentindo a tristeza da despedida dos personagens queridos? :’(

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

Tia Ifeoma chegou à história para felicidade geral dos leitores e leitoras feministas! Já estávamos ficando agoniadas com a submissão de Mama e Kambili à figura autoritária e machista de Papa.

Ela é viúva e se desdobra para sustentar os três filhos com seu salário, nem sempre pago em dia, de professora universitária. Tem muito afeto e cuidado com o pai, o avô “pagão” de Kambili, e uma relação conturbada com o irmão, o Papa. Ela questiona a intolerância religiosa de Eugene e critica o uso que ele faz do dinheiro, para comprar as crenças e a aprovação das pessoas.

Kambili vê a tia com olhos de curiosidade e admiração ao mesmo tempo. Os cumprimentos efusivos, a risada alta, os comentários ousados: tudo isso é tão distante do comportamento de Mama, a referência feminina mais próxima da menina.

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