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Para o meu coração num domingo (Companhia das Letras, 344 páginas) é a mais recente coletânea de poemas de Wisława Szymborska, autora polonesa que ganhou o Nobel de Literatura em 1996, lançada no Brasil. Ela reúne poesias publicadas entre 1957 e 2001.
Nesse livro, a beleza da escrita de Szymborska se evidencia mais uma vez em sua habilidade para enxergar poesia nos momentos simples e fortuitos da vida. Seus poemas são um lembrete constante de como somos pequenos diante da grandeza do universo.
Se nas outras duas coletâneas publicadas no Brasil (Poemas e Um Amor Feliz), a guerra, a natureza e o cotidiano ocupam a maior parte dos versos de Szymborska, neste terceiro volume, a finitude da vida é o tema mais recorrente.
A autora parece estar em uma conversa franca com a morte, com a memória daqueles que se foram e com o seu próprio corpo, a quem ela agradece pelos momentos vividos. Em Para o meu coração num domingo, poema que dá título à coletânea, Szymborska se dirige ao seu coração, aqui representado como o grande maestro do corpo humano, para expressar sua gratidão pela vida:
Te agradeço, coração meu,
por não se queixar, por se afanar
sem elogios, sem recompensa,
num desvelo inato.
Você tem setenta méritos por minuto.
Cada contração tua
é como o lançar de uma canoa
no mar aberto
numa viagem ao redor do mundo.
Te agradeço, coração meu,
porque sem cessar
você me tira do todo,
separada até no sonho.
Você cuida para que eu não sonhe demais
com o voo
para o qual não é preciso ter asas.
Te agradeço, coração meu,
por eu ter acordado de novo
e embora seja domingo,
dia de descanso,
sob as costelas
você seguir o ritmo normal da semana.
Impossível ler uma vez só, não é? Mesmo que poesia não seja seu gênero literário favorito, Szymborska é uma autora que vale a pena conhecer. Seus versos simples, mas nada simplórios, são companheiros para todas as horas.
To my heart, on Sunday is the latest collection of poems by Wisława Szymborska launched in Brazil. It puts together poetry written between 1957 and 2001, by this Polish author who won the Nobel Prize in Literature in 1996.
In this book, the beauty of Szymborska’s writing is remarkable once again as she manages to make poetry out of simple and fortuitous moments of life. Her poems are a constant reminder of how small we are in the greatness of universe.
While topics such as war, nature and everyday life are at the center of other Szymborska’s collections published in Brazil (Poems and A Happy Love), in this third collection, the finitude of life is the most recurring theme.
The writer seems to be in a frank conversation with death, with the memory of those who she lost and with her own body, whom she thanks for the moments she lived. In To my heart, on Sunday, the poem which this collection is named after, Szymborska addresses his heart, understood here as the great conductor of human body orchestra, to express her gratitude for life:
Thank you, my heart:
you don’t dawdle, you keep going
with no flattery or reward,
just from inborn diligence.
You get seventy credits a minute.
Each of your systoles
shoves a little boat
to open sea
to sail around the world.
Thank you, my heart:
Time after time
you pluck me, separate even in sleep,
out of the whole.
You make sure I don’t dream my dreams
up to the final flight,
no wings required.
Thank you, my heart:
I woke up again
and even though it’s Sunday,
the day of rest,
the usual preholiday rush
continues underneath my ribs.
I bet you scrolled back to top to read it once again, am I right? Whether you like poetry or not, Szymborska is an author worth knowing. Her simple but not simplistic verses are of the kind that always keeps you company.
Mariane Domingos
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