A Cor Púrpura, de Alice Walker (José Olympio, 336 páginas) é um livro violento. Logo nas primeiras páginas, Celie, a personagem principal, é abusada sexualmente pelo pai, engravida e é dada em casamento para um vizinho que a maltrata. É também um livro recheado de ternura, de amor e de personagens que demonstram sua capacidade de reinvenção e, sobretudo, de afeto.
A linguagem simplória, com erros de ortografia e concordância cometidos pela narradora, que escreve cartas para a irmã desaparecida para combater a solidão, em um primeiro momento causa estranheza. Mas essa sensação inicial é logo substituída por uma crescente empatia pela personagem, com a qual desenvolvemos uma relação de intimidade.
Celie é a mais velha entre vários irmãos e, na tentativa de proteger a irmã mais nova, ela sofre constantes abusos sexuais do pai. Suas duas gravidez não desejadas terminam com os bebês sendo retirados de seu convívio, entregues para outras famílias. Quando sua mãe morre, o pai decide tirá-la terminantemente de casa, na tentativa de afastá-la da irmã mais nova, Nessie, dando-a em casamento para Albert, um fazendeiro da região que também cortejava sua irmã, que decide fugir em busca de uma vida diferente.