Tag: primo levi (página 1 de 2)

[Resenha] A Trégua

Em É Isto Um Homem (que a Mari já resenhou aqui), o autor italiano Primo Levi encerra seu relato sobre os oito meses que  passou como prisioneiro no campo de concentração de Auschwitz com a morte de um de seus companheiros de enfermaria, Sómogyi, e a chegada dos russos. As duas últimas frases guardam um tom razoavelmente otimista, que contrasta com a dureza do restante do relato:

Arthur reuniu-se alegremente com a sua família e Charles recomeçou a ensinar; já trocamos longas cartas. Espero poder revê-los um dia.

Levi retoma esse desfecho em A Trégua, uma narrativa igualmente dolorida de uma história menos conhecida sobre a Segunda Guerra Mundial: o difícil retorno dos prisioneiros dos campos de concentração para casa.

Leia mais

[Lista] 5 livros sobre a vida de escritor

Para os leitores, escritores são quase criaturas mágicas: se alimentam de literatura e habitam um mundo paralelo, repleto de personagens fascinantes e histórias fantásticas, com uma rotina intrigante. Sabemos, claro, que não é bem assim. A escrita é um ofício solitário, que exige disciplina e rigor. Ainda assim, não deixamos de nos encantar ao entender de onde vem a inspiração para as histórias que acabam povoando a nossa imaginação. Na Lista da Semana, selecionamos cinco livros que tratam da vida e do ofício de escritor.

1. Romancista como Vocação, de Haruki Murakami: O popular autor japonês de clássicos como 1Q84 e Dance Dance Dance alterna neste livro dicas sobre escrita e memórias de seu processo de formação. Murakami relembra as condições que o levaram a escrever seu primeiro livro, Ouça a Canção do Vento (recentemente publicado pela Companhia das Letras no Brasil), quando tinha quase 30 anos, e como sua vida acabou mudando por completo quando esse romance ganhou o prêmio Gunzô. Segundo ele, esse golpe de sorte contribuiu muito para que ele acabasse se tornando um escritor profissional, embora tenha diminuído a importância de outros prêmios literários (há anos, Murakami aparece na lista de potenciais laureados com o Nobel de Literatura).

Leia mais

“Cedo ou tarde, na vida, cada um de nós se dá conta de que a felicidade completa é irrealizável; poucos, porém, atentam para a reflexão oposta: que também é irrealizável a infelicidade completa. Os motivos que se opõem à realização de ambos os estados-limite são da mesma natureza; eles vêm de nossa condição humana, que é contra qualquer ‘infinito’.”

 

Primo Levi em É isto um homem?

[Divã] Um Kindle de referência

Na semana passada, em uma longa entrevista dado ao crítico literário do The New York Times, Michiko Kakutani, Barack Obama, agora ex-presidente dos Estados Unidos, falou um pouco da sua relação com os livros e contou que deu de presente para sua filha um Kindle recheado de livros importantes para sua formação.

Ali estão, segundo ele, “conhecidos suspeitos”, como Cem Anos de Solidão, do Gabriel García Márquez, e outros títulos não tão onipresentes nas listas de leituras, mas que são poderosos, tais quais O Carnê Dourado, de Doris Lessing.

Inspirada por esse presente tão especial, foi quase impossível não fazer uma retrospectiva dos livros que tiveram particular impacto sobre mim nesses últimos anos, e aos quais volto sempre que preciso de algum conforto. Não são, como disse Obama, necessariamente clássicos da literatura mundial, mas livros com mensagens poderosas sobre assuntos por vezes banais. Leia mais

Literatura engajada

Meia-Noite e Vinte, o romance mais recente de Daniel Galera, resume a sensação que temos quase todos os dias ao abrir o jornal: em algum momento na última década, o mundo deu errado (você encontra resenha do livro aqui). O pessimismo dos personagens, especialmente de Aurora, parece crescer na esteira de um período de razoável satisfação que começou a ruir com o ataque às torre gêmeas em 2001.

O fim da história, como Francis Fukuyama uma vez batizou o período pós-guerra fria, não durou muito. O desalento crescente com as catástrofes que parecem cada vez mais iminentes, da excessiva polarização política até ameaças de terrorismo e mudanças climáticas, transparecem no livro de forma clara, sob a forma de violência ou desespero que dominam as ações dos personagens. Em um entrevista recente para o blog Livros Abertos, Daniel Galera falou um pouco sobre a questão:

De um lado, há quebras sucessivas e crescentes daquelas expectativas gestadas no fim do milênio. De outro, a sensação de um excesso de conhecimento, sobretudo científico, a respeito das tendências destrutivas da civilização, mas sem uma capacidade de ação correspondente.

Leia mais

Posts mais antigos

© 2024 Achados & Lidos

Desenvolvido por Stephany TiveronInício ↑