O Prêmio Nobel é, provavelmente, o reconhecimento mais importante que um autor pode receber em vida. Mas, convenhamos, não é todo escritor merecedor da honraria que entra para o rol de homenageados. Algumas ausências na lista da academia sueca são especialmente sentidas. Aqui, listamos cinco, entre eles um brasileiro que bem merecia ter sido contemplado!
1. Liev Tolstói: Em 1901, a Academia Sueca deu inicio à sua premiação literária com uma escolha polêmica (que novidade!). O agraciado foi o poeta francês Sully Prudhomme, o que deixou parte dos intelectuais da época escandalizados. Isso porque para a maioria era certo que a premiação ficaria com ninguém menos do que Liev Tolstói. O escritor russo, autor de clássicos como Anna Kariênina e Guerra e Paz, morreria em 1910, sem nunca ter tido um Nobel para chamar de seu.
2. James Joyce: Outro dos grandes autores que ficaram de fora da lista de mais de cem premiados até hoje com o Nobel foi o inglês James Joyce. Considerado o fundador do romance moderno ao explorar o tempo psicológico na literatura, Joyce escreveu Ulysses, obra fundamental do século XX (e daquelas que pouca gente leu, inclusive eu!). Apesar de seu brilhantismo – e de todas as suas obras terem sido publicadas já depois da criação do prêmio -, Joyce sequer chegou a constar na lista de indicados.
3. Guimarães Rosa: Se até pouco tempo poderíamos considerar que o autor de Sagarana não tinha levado o Nobel porque sua obra é considerada de difícil tradução, essa desculpa caiu por terra quando Bob Dylan foi agraciado com o prêmio. Sejamos honestos: letras de música não são exatamente as obras mais fáceis de verter para outra língua. Rosa é tido por muitos como o maior autor brasileiro do século XX. Sua prosa recheada de regionalismos e neologias pode exigir certa dedicação do leitor de primeira viagem, mas depois do embarque nessa aventura, é difícil não admirar a genialidade do autor. Com certeza, a Academia Sueca perdeu a oportunidade de ampliar o acesso global a um escritor único e, de quebra, colocar o Brasil na lista de países já agraciados com o prêmio.
4. Jorge Luiz Borges: O escritor argentino, com toda a sua genialidade, não figura ao lado de outros latino-americanos que receberam (merecidamente) o prêmio, como Mario Vargas Llosa e Gabriel García Márquez. E não dá para alegar que ele morreu cedo demais para que a Academia, que tradicionalmente não premia autores jovens, pudesse ter tempo de reconhecer seu talento, como aconteceu com o chileno Roberto Bolaño. Jorge Luis Borges viveu até os 86 anos, tempo mais do que suficiente para que o pessoal do outro lado do Atlântico tivesse notado seu talento. Muitos atribuem o fato de ter sido ignorado pela premiação às suas posições políticas, mas a verdade é que é impossível saber o que move a seleção dos prestigiados. Há mais coisas entre a literatura e a Academia Sueca do que sonha nossa vã filosofia.
5. Philip Roth: Tudo bem, Philip Roth ainda está vivo e, portanto, tem grandes chances de acabar levando um Nobel para casa. O autor americano, contudo, está há tanto tempo na fila de apostas que seu nome já cabe nessa lista (assim como o de Haruki Murakami, mas para ser honesta, não acredito que sua obra mereça tal honraria). Roth é um dos grandes autores em língua inglesa do último século, capaz de escrever romances verdadeiramente incômodos e mexer em assuntos tabus para a comunidade judaica. Talvez ele tenha anunciado sua aposentadoria para ver se acelera a decisão. Mas, por enquanto, a Academia ainda acha que pode esperar um pouco mais.