Que dia triste. Não foram apenas objetos que viraram cinzas. O incêndio que, neste domingo, devastou o Museu Nacional no Rio de Janeiro, acabou com 200 anos de pesquisa, destruiu um dos maiores acervos de antropologia e história natural do Brasil e levou um pouco mais da já escassa fé que temos no futuro do nosso país. Para qualquer pessoa que acredita no poder transformador da cultura, ver o descaso com que nossa sociedade trata esse tema é desesperador.
Um povo que ignora sua própria história é um povo disposto a cometer os mesmos erros. E quando falamos de memória, não precisamos nem ir muito longe para ver como ela é diariamente espezinhada no Brasil.
Basta prestar atenção em certos discursos que se proliferam nessas épocas eleitorais e que tentam amenizar ou até negar os horrores da ditadura. Estamos falando de um passado recente. O golpe militar tem pouco mais de 50 anos e já há quem o tenha esquecido.
A educação e a cultura, juntas, são os antídotos para esse esquecimento nocivo, porque, mais que oferecer e preservar conhecimento, elas munem o cidadão de identidade e capacidade crítica.