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“Verdadeira. Com dinheiro também fico, pomba. Fico a própria boca da fonte jorrando  a verdade. É fácil dizer a verdade na riqueza. Bacana os gloriosos contando nas entrevistas que na infância reviravam a lata com os ratos, muito bacaninha tanta autenticidade. Coragem, não? Bonito.”

 

Lygia Fagundes Telles em As Meninas

“No Inferno deve ter um círculo a mais, o dos perguntadores fazendo suas perguntinhas, seu nome? sua idade? massagem ou ducha? fogueira ou forca? – sem parar. Sem parar.”

 

Lygia Fagundes Telles em
Seminário dos Ratos

[Missa do Galo (Variações sobre o mesmo tema)] Semana #1

Já é quase Natal e não poderíamos comemorar a data de outro jeito a não ser com literatura! Escolhemos, para este Clube do Livro “express”, o conto Missa do Galo (Variações sobre o mesmo tema), da Lygia Fagundes Telles. O texto é, na verdade, uma releitura de um conto do Machado de Assis com o mesmo nome!

Ah, e já tem sorteio do quinto título do Clube do Livro do Achados & Lidos acontecendo no Instagram. Corra lá no nosso perfil (@achadoselidos) e participe para ter a chance de ganhar seu exemplar de Enclausurado, de Ian McEwan, considerado um dos melhores livros de 2016!

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

O conto Missa do Galo, de Lygia Fagundes Telles, é, como já diz o próprio título, uma variação do conto de Machado de Assis. Mas Lygia, como é do feitio de sua obra, entra mais fundo na história, revelando tensões, desconfortos e situações que no texto de Machado aparecem apenas como nuances.

No conto original, que se passa em 1861, um menino de 17 anos, abrigado na casa do marido de uma tia falecida, está prestes a retornar para o interior, mas decide ficar na cidade mais um pouco para assistir à Missa do Galo longe da “roça”, por acreditar que ali haverá mais pompa e gente para ser vista.

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[Lista] 5 contos inesquecíveis

Quem pensa que contos são um gênero menor, ou menos importante, da literatura está redondamente enganado. Há desafio maior do que construir personagens complexos, um bom enredo e ainda deixar aquele ar de mistério em apenas umas poucas páginas? Para provar que escrever contos não é brincadeira, selecionamos cinco obras inesqueciveis de grandes autores da literatura brasileira e mundial. E você? Tem um conto preferido? Conte para a gente nos comentários!

1. A Sauna, de Lygia Fagundes Telles: Uma das mais importantes escritoras brasileiras é também uma grande contista. Neste texto, publicado em uma coletânea pela Companhia das Letras, um pintor em meio a um bloqueio critativo vai à sauna, onde trava um intenso diálogo interior sobre sua vida amorosa e artística. Ao relembrar conversas com a atual mulher, Marina, o pintor também tenta justificar para si próprio suas atitudes com Rosa, uma mulher inocente e ingênua, para quem ele prometeu uma vida e entregou um vazio.

O fluxo de consciência de um personagem no mínimo desprezível faz desse um dos melhores contos de Seminário dos Ratos (já teve resenha aqui).

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[Resenha] Seminário dos Ratos

Você nunca termina um conto da Lygia Fagundes Telles e já sabe de cara o que pensar. Ou pelo menos não os reunidos em Seminário dos Ratos. Como escreveu o crítico Antonio Dimas no posfácio de Antes do Baile Verde, Lygia nos deixa sempre um filetinho de sangue escorrendo.

Nada muito profundo, mas o suficiente para incomodar, na hora e por extenso tempo, cravadas na memória. O suficiente para se lembrar de que, nas próximas vezes, você não deve se aproximar tão desguarnecido e confiante, porque o bote pode vir, quanto menos se espera, não se sabe de onde”.

Eu não me aproximei desguarnecida, embora esse tenha sido o primeiro livro da Lygia que li. Sei que isso não deveria ser dito assim, abertamente, em público, mas já havia ensaiado ler As Meninas inúmeras vezes e nunca passava da cena em que elas estão jogando conversa fora no quarto, logo no começo (já falei desse problema aqui).

Com os contos (e uns bons anos de distância da tentativa fracassada anteriormente) foi mais fácil, mas não menos impactante. Não é à toa que Lygia foi indicada pela União Brasileira de Escritores (UBE) para o prêmio Nobel de literatura deste ano. Em Seminários dos Ratos, de 1977, a autora, que fez 93 anos nesta semana, adota múltiplos pontos de vista, alterna entre fluxo de consciência e diálogo, entre passado e presente, tudo isso sem nunca perder o tom.

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