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[Enclausurado] Semana #1

Todos animados para começar o ano com a leitura de Enclausurado, de Ian McEwan? Para a próxima sexta-feira, leremos os dois primeiros capítulos, até a página 26. Acompanhe com a gente!

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

Um dos lançamentos mais comentados de 2016, Enclausurado, desperta a atenção pela originalidade de seu enredo. Quem imaginaria um feto como narrador de uma trama nada ingênua? A resposta certa é: o escritor inglês Ian McEwan.

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[Escritores] Ian McEwan

A relação da literatura com a realidade foi o tema da palestra de Ian McEwan no Fronteiras do Pensamento, na última quarta-feira, em São Paulo. O escritor britânico, autor de obras de sucesso, como Reparação e Solar, afirmou que o encontro entre esses dois mundos é inevitável:

Todos os romancistas que escrevem ficção estão lidando com a realidade em que vivemos.

McEwan divertiu a plateia com uma série de anedotas sobre mensagens que recebeu de leitores apontando deslizes na acurácia de sua narrativa. A constelação que nunca poderia estar ali, naquele lugar onde a cena se desenrola, àquela época do ano. A troca de marcha do carro que jamais aconteceria, porque aquela linha da Mercedes só trabalha com transmissão automática. O pincel, que em um procedimento cirúrgico real, seria uma esponja. Detalhes não passam despercebidos por quem é especialista no assunto ou apenas atencioso. O leitor sente a necessidade de se identificar com aquilo que lê e o realismo tem um papel fundamental nesse processo.

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[Escritores] Valter Hugo Mãe

Como é possível alguém traduzir nas palavras mais belas certas verdades essenciais que parecem inexplicáveis? Essa é a sensação que fica quando lemos um livro de Valter Hugo Mãe.

Nesta semana, cerca de dois anos depois de conhecê-lo no lançamento de seu romance A Desumanização, eu tive a oportunidade de presenciar mais uma vez a sabedoria desse escritor português nascido em Angola. E acreditem: ouvi-lo é tão bom quanto lê-lo.

Hugo Mãe esteve em São Paulo na última quarta-feira, dia 31, para participar do ciclo de palestras do Fronteiras do Pensamento. Sua relação com a literatura foi o principal tema da conversa, que começou com a leitura do texto Deus era um livro, escrito especialmente para o evento.

Em primeira pessoa, a prosa revela a infância de um menino cujas lembranças literárias mais remotas coincidem com a existência de uma Bíblia em casa. Aquele objeto, tão vivo quanto inanimado, despertava a curiosidade e a imaginação da criança.

Minha avó explicava, “a Bíblia é a esperança… a Escritura sofria”. Lembro-me bem de pensar acerca disso. Durante a profunda atrocidade do mundo, a Bíblia, tão cheia de esperança e tão antiga, sofria. Era um livro magoado. Ela sabia que os erros são cíclicos e que a humanidade aprende pouco. Faz sempre pior do que pode. (…)

Eu imaginava a Bíblia, não a lia. Imaginava. Creio que a frequentava pela sua emanação e não pelo que efetivamente pudesse conter. Fechada na sua história infinita e sagradíssima, eu inventava sua mensagem com todas as forças do meu pensamento, com toda a criatividade de minha ilusão. Enternecia-me com luzes e flores, todas as grandes e pequenas dores, solidões ou fragilidades. Acreditava que ser sagrado vinha de estar atento e proteger.

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[Escritores] Mario Vargas Llosa

Cheguei atrasada. As luzes já estavam apagadas e não conseguia enxergar se havia lugares mais à frente. Senti um desânimo. Não era hoje que eu veria tão de perto um Nobel de Literatura.

Mas tudo bem, na minha lista “Indicadores de Sucesso na Vida”, eu havia sido modesta na meta. Tinha estipulado apenas “conhecer um prêmio Nobel de Literatura”. Não havia nenhuma cláusula sobre proximidade ou interação. Podia dar um check.

O mediador fez uma breve apresentação do evento e do escritor. Chuva de aplausos, iluminação no púlpito, uma voz serena e firme (até demais para seus 80 anos) retomou o silêncio. Mario Vargas Llosa estava ali, a alguns metros de distância, falando um espanhol tranquilo e muito agradável.

No início, confesso que me distraí e perdi alguns momentos. Primeiro, porque as luzes se acenderam e eu consegui um lugar mais para frente. Encolhe pernas, pede licença, esbarra nas pessoas. Odeio fazer isso, mas foi por uma boa causa. Agora, já podia dar um check na minha lista com mais convicção. O segundo motivo da minha distração foi alguém, ao meu lado, que escutava no volume mais alto a tradução simultânea (e desnecessária) da palestra.

Passada essa confusão inicial, embarquei na narrativa de Llosa. O tema deste ano do Fronteiras do Pensamento, evento que trouxe o escritor peruano, é “A Grande Virada”. A abordagem escolhida por Llosa foi a virada que marcou sua formação política. Ele narrou por mais de uma hora sua trajetória nesse campo, que começou aos 14 anos, época em que o Peru atravessava a ditadura do general Odría.

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