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[Divã] Escritores-heróis

Para quem gosta de literatura, escritores são rockstars, com direito a nome de rua ou estátua na praça. Pegamos autógrafos, enfrentamos filas, temos curiosidade para saber de onde vêm as ideias para os livros, quantas horas por dia trabalham, suas opiniões políticas, seus ídolos e por aí vai.

Na última semana, enquanto escrevia a resenha sobre o livro de contos O Sucesso, procurei um pouco mais sobre a autora Adriana Lisboa e me deparei com uma entrevista em que ela afirma que a profissão do escritor é muito mitificada e que ela busca quebrar essa visão, porque, em sua opinião, a escrita é um trabalho importante no mundo como outro trabalho importante qualquer. Ela diz:

Poderia estar aí sendo mergulhadora, astronauta, musicista ou seja lá o que fosse. São trabalhos viáveis, possíveis, eu sei disso. E que essa coisa, essa aura em torno da atividade do escritor ou do artista, de um modo geral, é algo que a gente precisa colaborar para diminuir um pouco, porque isso gera egos inflados demais. (…) Para mim é uma coisa simples, ser escritora, porque eu gosto em primeiro lugar. É um cotidiano muito simples.

Fiquei intrigada com essa declaração. Eu sou do tipo de leitora que ama ler perfis, assistir a palestras e ver debates que envolvem escritores, justamente porque acho que eles têm algo a dizer que eu não enxergo, ou não vivo, em meu cotidiano, diferente de outras ocupações que me parecem mais próximas.

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[Lista] 5 resoluções literárias de ano-novo

É hora de fazer a lista mais famosa de todas: a de resoluções para o ano-novo! Se vamos cumprir ou não, pouco importa. A graça é planejar e ficar com aquela sensação de que vai dar tudo certo! Listei aqui embaixo cinco metas literárias para 2017. Algumas ainda estão em aberto, por isso conto com sugestões e dicas nos comentários!

1. Calhamaços, aí vou eu!

2016 foi um ano em que li vários livros e conheci muitos escritores novos, mas senti falta de uma leitura extensa, daquelas que nos acompanham por meses e nos fazem chorar de saudade dos personagens quando viramos a última página.

Eu sempre acho que esse tipo de empreitada funciona melhor quando há um grupo de apoio. Afinal, você passa tanto tempo imerso na história que precisa de alguém com quem compartilhar o seu mundo paralelo. Maratonistas de séries do Netflix sabem do que estou falando!

Já tenho algumas opções na estante: volumes 1 e 2 de Minha Luta, do Karl Ove Knausgård; Graça Infinita, do David Foster Wallace (como veem, falhei na meta de terminá-lo ainda neste ano); Pureza, de Jonathan Franzen. Aceito recomendações e convites para grupos de apoio, rs!

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[Lista] 5 ótimos livros de ensaios

Ensaios não estão entre as categorias mais populares da literatura. Há quem diga que são muito teóricos e difíceis de entender. Para mim, é justamente o contrário. Ler um ensaio é a oportunidade de decifrar um autor e chegar mais perto de compreender toda sua obra. Nesse gênero, os escritores abdicam das máscaras atenuantes da ficção e expõem suas opiniões e experiências da forma mais sincera e direta, nos fazendo refletir sobre nossas próprias posições. Confira, abaixo, uma seleção com meus cinco livros de ensaios favoritos.

1. A Vida Descalço, de Alan Pauls: a escrita do autor argentino não poderia encontrar melhor morada que no gênero de ensaios. Mesmo em seus romances, Pauls é capaz de conduzir longas digressões até esgotar um assunto, sem perder a linha de raciocínio nem a atenção do leitor.

Em A Vida Descalço, o tema é a praia. Misturando memórias de infância às da vida adulta, inclusive sua primeira viagem ao Rio de Janeiro, o escritor desenvolve um ensaio sobre a praia como um ambiente imaginário, em que desejo, ilusão e novos códigos sociais são estabelecidos:

Só uma familiaridade muito precoce com os usos e costumes da praia pode, de fato, embaçar o brilho de uma obviedade que ainda hoje deveria nos deslumbrar: a praia é o único espaço público onde a nudez quase completa não é uma exceção nem uma infração provocadora, e sim um princípio de existência, uma forma de vida, a lei – tácita e unânime, mas não coercitiva – que rege a convivência humana.

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“A beleza não é o objetivo dos esportes de competição, mas o esporte de alto nível é um palco privilegiado para a expressão da beleza humana. É a mesma relação existente, em termos gerais, entre a coragem e a guerra.”

David Foster Wallace

em Ficando Longe do Fato de já Estar Meio que Longe de Tudo

Leitores anônimos

No metrô, em cafés, no parque ou até mesmo andando. Se há uma cena cotidiana que me inspira é a de pessoas lendo em lugares públicos. Vamos ser francos: não vivemos em um país que tem a cultura do livro, menos ainda em situações como essas, em que os smartphones – e suas redes sociais que tudo e nada conectam – surgem como a distração mais cômoda.

Momentos literários desse tipo são cada vez mais raros, por isso não meço esforços para aproveitá-los. Sou do tipo que faz peripécias para ampliar meu campo de visão e, assim, descobrir, sem denunciar minha curiosidade, qual livro o desconhecido ao meu lado está lendo. Vale até fingir dores nas costas e simular alongamentos para virar o pescoço em direção à capa misteriosa. Nem preciso dizer o quanto as leituras em tablets têm impossibilitado essa tarefa. O maior pecado dos e-books foi ter tirado da capa do livro sua condição de vitrine.

Não é sempre que o esforço da investigação é recompensado. Além do inconveniente dos tablets, há certos leitores que dificultam esse intercâmbio literário. Dobrar o livro, por exemplo, é prática que nunca entendi bem, porque não só atrapalha a curiosidade alheia, como também impede a passagem rápida à página seguinte e, principalmente, cria vincos pavorosos!

Outro obstáculo, por sorte cada vez menos comum, são as capas protetoras. Usá-las pode ter justificativas bastante plausíveis, entre elas proteger a integridade do livro ou a imagem do leitor (nunca se sabe o gosto literário duvidoso que está por baixo da proteção), mas ainda assim não é nada gentil com os curiosos de plantão.

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