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[Resenha] Breves Entrevistas Com Homens Hediondos

Ler a ficção de David Foster Wallace é conhecer uma nova literatura. O escritor americano, considerado um dos grandes autores contemporâneos, usa e abusa de experimentalismos de forma e linguagem para compor uma narrativa que parece exigir do leitor quase o mesmo esforço que o próprio Wallace empreendeu para escrevê-la.

No livro de contos Breves Entrevistas Com Homens Hediondos, há histórias curtas, outras mais longas, todas orbitando em torno do mesmo tema: a monstruosidade que pode existir dentro de uma pessoa.

Na série de textos que dá título ao livro, por exemplo, os personagens são homens que dão entrevistas a uma interlocutora mulher, que nunca aparece. Em seus depoimentos, eles expõem toda a imoralidade de seus pensamentos e atitudes.

O tom confessional das narrativas mostra, além dos fantasmas desses personagens hediondos, a necessidade que eles têm de compartilhar os desejos tortos que os habitam. Em alguns momentos, fica a impressão de que se trata apenas de um exibicionismo frio e perturbador. Em outros, os personagens aparecem como pessoas vulneráveis que encontraram na narrativa uma possibilidade de dividir o fardo que carregam e de buscar a redenção.

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[Resenha] O Sucesso

Intensidade e precisão são duas características essenciais a um conto. Na coletânea O Sucesso, a escritora brasileira Adriana Lisboa equilibra esses dois elementos em narrativas envolventes cujo principal mérito é partir de episódios cotidianos para construir boas reflexões sobre as relações humanas.

As nove histórias têm personagens que lidam, em diversas fases da vida – infância, meia-idade ou velhice – com sentimentos arrebatadores – saudade, decepção, medo, desejo, raiva, entre outros. Essas diferentes faixas etárias revelam a habilidade de Lisboa em colocar o leitor, independentemente de sua idade, na perspectiva de quem conta ou vive a história.

No conto que empresta o título à coletânea, por exemplo, as personagens principais são duas adolescentes imersas naquele período de transição em que fantasia, expectativa e realidade misturam-se em um turbilhão de sentimentos:

Que estupidez ter doze anos de idade. Um mundo de criança para trás, os brinquedos recém-guardados na gaveta e uma facilidade no trato com as coisas e com as pessoas que havia desaparecido num estalo. Um purpurinado mundo adolescente diante delas, quase ao alcance da mão, mas ainda faltava. Ainda faltava. Aquele lugar onde elas estavam se chamava inferno. O inferno dos doze anos de idade. O corpo insubmisso, a realidade insubmissa.

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[Missa do Galo (Variações sobre o mesmo tema)] Semana #1

Já é quase Natal e não poderíamos comemorar a data de outro jeito a não ser com literatura! Escolhemos, para este Clube do Livro “express”, o conto Missa do Galo (Variações sobre o mesmo tema), da Lygia Fagundes Telles. O texto é, na verdade, uma releitura de um conto do Machado de Assis com o mesmo nome!

Ah, e já tem sorteio do quinto título do Clube do Livro do Achados & Lidos acontecendo no Instagram. Corra lá no nosso perfil (@achadoselidos) e participe para ter a chance de ganhar seu exemplar de Enclausurado, de Ian McEwan, considerado um dos melhores livros de 2016!

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

O conto Missa do Galo, de Lygia Fagundes Telles, é, como já diz o próprio título, uma variação do conto de Machado de Assis. Mas Lygia, como é do feitio de sua obra, entra mais fundo na história, revelando tensões, desconfortos e situações que no texto de Machado aparecem apenas como nuances.

No conto original, que se passa em 1861, um menino de 17 anos, abrigado na casa do marido de uma tia falecida, está prestes a retornar para o interior, mas decide ficar na cidade mais um pouco para assistir à Missa do Galo longe da “roça”, por acreditar que ali haverá mais pompa e gente para ser vista.

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[A Carta Roubada] Semana #1

Nesta semana, enquanto acontecia a votação para o título do nosso próximo Clube do Livro, passamos o tempo em ótima companhia! O conto A Carta Roubada de Edgar Allan Poe nos rendeu uma boa leitura. Para a próxima semana, vamos ler o clássico O Alienista, de Machado de Assis – outro contista de destaque. Leia conosco e comente no post de sexta que vem.

Ah, e o grande vencedor da votação para nosso próximo Clube do Livro foi Valter Hugo Mãe, com A Máquina de Fazer Espanhóis. Fique atento, porque dentro de alguns dias, vamos sortear um exemplar em nosso Instagram. Ainda não nos segue por lá? Estamos dando uma ótima razão para começar! 🙂

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

Assassinatos e mistérios são centrais nos contos de Edgar Allan Poe. Há quase sempre alguma cena de terror, derramamento de sangue, cenários sombrios. A Carta Roubada, conto sugerido por nosso leitor Eliseu e que está no livro Histórias Extraordinárias, foge desse padrão por ser menos obscuro, mas, nem por isso, carece do suspense típico das obras de Poe.

A princípio, a trama é bastante simples. Dois amigos conversam e divagam na pequena biblioteca de um deles em Paris, em um período não muito definido no século XIX, quando são interrompidos pelo comissário da polícia parisiense, monsieur G. Seu caso, diz, é “simples e esquisito”, mas a polícia não consegue resolvê-lo.

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Qual título você quer no próximo Clube do Livro?

E lá vamos nós para o nosso 4º Clube do Livro! 🙂 Já tivemos por aqui leituras emocionantes de vários cantos do mundo – Nigéria, Bielorrússia e França. Fomos dos dias atuais aos anos 80 e depois ao século XIX, conhecendo culturas e estilos de escrita totalmente diferentes.

A nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie nos cativou com seus personagens fortes, como Tia Ifeoma e Kambili. Hibisco Roxo é um livro que aborda temas fortes e necessários de forma envolvente, muito próxima do leitor. Foi uma estreia e tanto para o nosso Clube do Livro.

Em seguida, foi a vez de outra escritora que confirma o poder feminino na literatura. A bielorrussa Svetlana Aleksiévicth nos rendeu a impactante leitura de Vozes de Tchernóbil. A academia sueca não se enganou nem um pouco ao lhe dar o Nobel de Literatura em 2015. Ela se destaca pela coragem de contar uma tragédia a partir de um olhar mais humanizado, que vai além da História, e também pela escrita original, que tem como premissa a valorização da voz de quem viveu, e não apenas observou, o desastre. Terminamos esse clube já querendo ler os outros títulos da autora!

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