Tag: clássicos (página 7 de 8)

[A Besta Humana] Semana #3

Para a próxima semana, avançamos mais dois capítulos, até a página 192 (se você tem a edição da foto).

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

Os dois capítulos que acabamos de ler de A Besta Humana marcaram o início das investigações do assassinato do presidente do tribunal de Rouen, Grandmorin. Membro da alta burguesia, Grandmorin foi assassinado em uma viagem de trem de Paris para Le Havre pelo casal Roubaud, depois que o marido descobriu que a esposa, Séverine, teve um caso com seu protetor antes de se casar.

Émile Zola mantém o nível de tensão elevado. Roubaud reassumiu suas funções como subchefe da estação de Le Havre com pretensa calma, mas o tempo todo fica à espreita de qualquer notícia ou informação sobre o assassinato cometido na noite anterior.

Quando a notícia do crime enfim chega à Le Havre, os dois admitem que estavam no trem e que chegaram até a conversar com Grandmorin, mas apresentam supostos álibes entre os passageiros, como o casal que os acompanhou no vagão. Enquanto Roubaud conta sua história a todos da estação, a subserviência de Séverine se faz ainda mais presente do que no primeiro capítulo, quando ela foi brutalmente espancada pelo marido ao revelar, sem querer, seu segredo. Assustada, ela só faz confirmar tudo o que Roubaud diz, com expressões como “Sim, com certeza” e outras frases igualmente pouco assertivas. Embora cúmplice do crime, já estamos na torcida para que ela confesse o ocorrido e coloque o marido atrás das grades.

Leia mais

[A Besta Humana] Semana #2

Para a próxima semana, avançamos mais dois capítulos até a página 134 (se você tem a edição da foto).

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

Parece que estamos assistindo a um filme. O início de A Besta Humana já é cheio de fortes emoções e muitas cenas de ação. Se alguém poderia pensar que o livro escrito em 1890 seria arrastado, engana-se logo de cara.

No primeiro capítulo, já temos uma revelação surpreendente e um plano mirabolante de assassinato. Somos apresentados a Roubaud, subchefe da estação de Le Havre, casado com Séverine, uma jovem de beleza mediana, protegida de Grandmorin, um burguês de carreira bem-sucedida que chegou à presidência do tribunal de Rouen. Embora Roubaud sempre tenha sido um ótimo funcionário, não há dúvidas de que foi o empurrãozinho do velho Grandmorin que o levou à subchefia. Séverine é filha de uma das empregadas do presidente aposentado. Quando sua mãe morreu, Grandmorin tomou a responsabilidade da criação da menina.

Roubaud sentia-se muito sortudo por ter se casado com Séverine e, por vezes, não se achava merecedor dela e de todos os benefícios que o casamento lhe trouxe. Essa crença, no entanto, cai por terra no início no livro, quando ele entende melhor porque foi o escolhido para esse casamento. Tudo começa com uma viagem à Paris, por causa de um problema de trabalho de Roubaud. Séverine decide acompanhá-lo para fazer compras.

Leia mais

[A Besta Humana] Semana #1

Todos prontos para o clássico francês? Vocês escolheram por meio de votação nas redes sociais o título do nosso terceiro Clube do Livro: A Besta Humana, de Émile Zola! Para a próxima semana, faremos a leitura dos dois primeiros capítulos, da página 21 a 82, se você tem a edição da foto.

Esse romance faz parte de um extenso projeto do escritor francês, intitulado Os Rougon-Macquart: História natural e social de uma família sob o Segundo Império. A Besta Humana é o 17º livro da série, que conta com 20 títulos no total.

Na introdução desta edição da Zahar, temos um ótimo texto de Jorge Bastos sobre o contexto da obra de Zola. Bastos explica que, embora a série dos Rougon-Macquart tenha um formato parecido com A Comédia Humana, de Honoré de Balzac, as teses literárias que guiaram os autores são diferentes.

Os dois projetos dispõem de romances que podem ser lidos em ordem aleatória, sem prejuízo de compreensão, mas enquanto Balzac, que era de uma geração anterior a Zola, aposta em uma abordagem social, o escritor de A Besta Humana trabalha com um viés mais científico. O realismo, que antes havia substituído o melodrama excessivo do romantismo, agora dá lugar ao naturalismo. Bastos reproduz o trecho de um texto bastante explícito que Zola escreveu em 1869 intitulado A Diferença entre mim e Balzac:

Leia mais

[Resenha] A Morte em Veneza e Tonio Kröger

Começo esta resenha com a esperança de que ela inaugure uma longa série dedicada a Thomas Mann. Conheci o escritor alemão graças à belíssima coleção que a Companhia das Letras começou em 2015, com Doutor Fausto e A Morte em Veneza & Tonio Kröger, e seguiu, neste ano, com Os Buddenbrook.

Doutor Fausto e Os Buddenbrook são obras-primas do alemão, que mostrou todo seu fôlego narrativo nesses clássicos de mais de 600 páginas. Como não havia lido nada de Mann ainda, resolvi começar com uma leitura menos densa: A Morte em Veneza & Tonio Kröger. Seria uma espécie de teste para ver se eu poderia comprar, sem remorso de consumismo compulsivo, o restante da coleção. Digamos que o alemão passou com louvor. Que venham os outros livros para minha estante! 🙂

A primeira novela, A Morte em Veneza, conta a história de Gustav von Aschenbach, um célebre escritor obcecado pela perfeição em seu trabalho. Alcançou a fama ainda cedo, mas, nem por isso, superestimava seu talento. Tinha a consciência de que seus feitos eram resultado de autocontrole e muita disciplina, como vemos neste trecho:

Verdade é que desde a sua juventude Aschenbach considerara a pouca satisfação consigo mesmo a essência e íntima natureza do talento. Por causa dela, tinha o hábito de reprimir e temperar o sentimento, sabendo que este tende a se contentar com a aproximação feliz e a perfeição parcial.

Leia mais

“Aquele que, em certa altura da vida, deseja realizar os sonhos e as esperanças da juventude, sempre se equivoca, pois cada decênio da vida de um homem traz consigo sua própria felicidade, suas próprias esperanças e expectativas.”

 

Johann Wolfgang von Goethe
em As Afinidades Eletivas

Posts mais antigos Post mais recentes

© 2024 Achados & Lidos

Desenvolvido por Stephany TiveronInício ↑