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[Divã] Edições primorosas

Este texto é uma confissão que apenas os apaixonados por livros – e não só por literatura – irão entender.

Comecemos por um dos meus favoritos: Dom Casmurro, de Machado de Assis, da editora Carambaia. Por que pagar quase 100 reais em uma obra que é domínio público e que tem dezenas de outras edições muito mais baratas? Porque esse clássico merece. Porque esse gênio brasileiro merece. Porque a edição é quase uma obra de arte. Todas as alternativas anteriores.

Exemplar em capa dura, envolto em uma luva e numerado. Projeto gráfico de Tereza Bettinardi, com fotografias do Rio de Janeiro da época de Machado de Assis, sobre as quais o artista plástico Carlos Issa fez intervenções, utilizando técnicas como letraset, tinta, fita adesiva. O formato remonta à edição original de Dom Casmurro, de 1899, publicado pela Livraria Garnier, repetindo suas dimensões. Há também uma referência à antiga prática de decoração de livros, na qual imagens ficam dissimuladas na lateral do volume, revelando-se ao leitor à medida que ele manuseia as páginas. A perfeita harmonia entre forma e conteúdo: esse é, para mim, o diferencial que justifica o preço de edições de livros luxuosas.

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amor
(love), s.m.

Insanidade temporária curada pelo casamento ou pela remoção do paciente das influências sob as quais ele contraiu a doença. Essa doença, como a cárie e muitas outras, só se encontra entre raças civilizadas que vivem em condições artificiais; nações bárbaras que respiram ar puro e comem alimentos simples gozam de imunidade contra seus ataques. Às vezes é fatal, mas com maior frequência para o médico do que para o paciente.”

 

Ambrose Bierce em Dicionário do Diabo

[Resenha] Salões de Paris

A cidade de Paris e o texto de Marcel Proust são sinônimos de sofisticação. A coletânea de crônicas que revela o lado jornalista do célebre escritor francês encontrou a combinação perfeita de forma e conteúdo nesta luxuosa edição da Carambaia. Salões de Paris reúne 22 textos de Proust, publicados entre o final do século XIX e início do XX, a maioria deles no Le Figaro.

As festas requintadas que atraíam a alta burguesia e a nobreza remanescente da França imperial são o principal tema dessas crônicas. A minuciosidade da prosa proustiana é capaz de transportar o leitor ao salão da princesa Mathilde ou ainda ao ateliê da sra. Madeleine Lemaire.

O escritor não economiza nas adjetivações quando retrata os ambientes, tampouco quando introduz os anfitriões e convidados dessas reuniões. Suas observações são carregadas da postura bajuladora que caracterizou tanto o Proust jornalista, quanto o Proust escritor. Sobre a princesa Mathilde, tia do príncipe Luís Napoleão, ele diz:

Essa rudeza um pouco máscula da princesa se tempera a um extrema doçura que transborda de seus olhos, de seu sorriso, de toda a sua hospitalidade. Mas por que analisar o charme dessa anfitriã? Prefiro tentar fazê-los sentir isso, mostrando a princesa no momento em que recebe.

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