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[O Amor dos Homens Avulsos] Semana #2

Foram poucas páginas de leitura, mas já deu pra perceber que O Amor dos Homens Avulsos promete uma prosa marcante e um narrador daqueles que realmente sabem contar uma história. E você, qual foi sua primeira impressão? Para a próxima semana, avançamos até o capítulo 22, na página 44.

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

Como acontece na maioria dos livros, o começo de O Amor dos Homens Avulsos é dedicado a ambientar o leitor no espaço e no tempo. Victor Heringer não dispensa essa fórmula, mas dá um toque de originalidade à narrativa logo na primeira página, com um “informe meteorológico”:

A temperatura deste romance está sempre acima dos 31ºC.
Umidade relativa do ar: jamais abaixo dos 59%.
Ventos: nunca ultrapassam os 6km/h, em nenhuma direção.

O mar está muito longe deste livro.

Todas essas descrições correspondem perfeitamente às condições climáticas do cenário principal do romance: o bairro do Queím, um subúrbio carioca. Mas basta conhecer um pouco os personagens para perceber que esse informe irá bem além de uma abordagem geográfica.

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[Resenha] A Livraria Mágica de Paris

Em A Livraria Mágica de Paris, o livreiro Jean Perdu, traumatizado pela partida de sua amante, transforma um barco ancorado à margem do rio Sena, em Paris, em uma Farmácia Literária, nome dado ao empreendimento. À cada cliente – ou paciente -, Jean Perdu receita um livro. Algumas dores da alma, ele pensa frequentemente, só podem ser curadas pela literatura.

Foi exatamente para atenuar esses sofrimentos inexplicáveis, mas ainda assim reais, que Perdu comprou o barco que, na época, ainda era uma barcaça de carga e se chamava Lulu; ele o reformara com as próprias mãos e o enchera de livros, os únicos remédios para as inúmeras e indeterminadas doenças da alma.

Esse é o ponto de partida de A Livraria Mágica de Paris, da alemã Nina George. A trama despretensiosa combinada à pitada de charme que é uma farmácia literária estacionada à beira do Sena foram a receita perfeita para que mais de 1 milhão de exemplares de livros fossem vendidos ao redor do mundo.

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[O Amor dos Homens Avulsos] Semana #1

Chegamos ao sexto Clube do Livro do Achados & Lidos e não poderíamos estar mais animadas! Pela primeira vez nessa seção do blog, leremos um autor brasileiro, que vem sendo muito bem recomendado. Para a próxima sexta-feira, avançamos os seis primeiros capítulos de O Amor dos Homens Avulsos, até a página 21. Acompanhe com a gente!

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

Não é segredo que somos duas entusiastas da literatura brasileira. Os clássicos nacionais têm espaço garantido aqui no blog e sempre nos empolgamos quando aparece um nome promissor no cenário contemporâneo.

Normalmente, quando um livro desperta a nossa atenção, as indicações se acumulam. Primeiro, foi aquela visão chamativa na livraria, já que olhar nenhum consegue se desviar da bonita edição da Companhia das Letras, de um amarelo bastante vivo, com seus motivos equestres. Depois, veio a recomendação do Michel Laub, um dos autores brasileiros preferidos da Tatá. Em sua conta pessoal no Instragram (sim, a gente stalkeia nossos escritores favoritos, não tem jeito), Laub postou uma imagem com quatro livros. Além de O Amor dos Homens Avulsos, constavam na seleção também Meia-Noite e Vinte, do Daniel Galera (que já resenhamos), Como Se Estivéssemos em Palimpsesto de Putas, da Elvira Vigna (que está na fila de leituras) e Simpatia pelo Demônio, do Bernardo Carvalho, com a legenda abaixo: Leia mais

[Divã] Como criar empatia

 

Há algumas semanas, esbarrei com uma reportagem bastante interessante. Um grupo de garotos, todos na faixa de 16 e 17 anos de idade, recebeu como punição por ter pichado um prédio com insultos racistas a tarefa de ler uma lista de clássicos da literatura de autores negros, afegãos e judeus (vale dar uma olhada na seleção de títulos aqui).

O objetivo, óbvio, era desenvolver nestes meninos a empatia pela história e pelo sofrimento alheios e fazê-los entender o poder devastador dos discursos de ódio. A juíza, Alex Rueda, filha de uma bibliotecária, declarou que a sentença partiu de sua própria formação, já que ela conheceu e compreendeu o mundo pelos livros.  

A capacidade de nos colocar no lugar do outro é, sem dúvida, um grande valor da literatura. Mais do que nos levar a conhecer lugares distantes sem sair do sofá de casa, o poder dos livros reside principalmente em nos permitir compartilhar experiências coletivas, discriminação, sofrimento e abusos sem que essa seja nossa vivência imediata.

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[Enclausurado] Semana #11

A quinta edição do Clube do Livro do Achados e Lidos nos deixou roendo a unha de curiosidade do início ao fim do livro. O narrador inusitado escolhido por Ian McEwan em Enclausurado fez enorme sucesso entre nossos leitores: com certeza, foram os posts mais comentados nas redes sociais entre todos os títulos que já selecionamos.

A força da narrativa transparece nos comentários enviados por alguns de nossos leitores, que publicamos abaixo, como já fizemos anteriormente. Ficamos muito felizes com a participação e com as análises bastante interessantes que recebemos! Esperamos que vocês tenham gostado da leitura tanto quanto nós.

Para a sexta edição do Clube do Livro, escolhemos um autor brasileiro da nova geração. Vamos apresentar o título com mais detalhes na próxima semana, mas você  já pode correr para a livraria: o título selecionado foi O Amor dos Homens Avulsos, do Victor Heringer. Indicado por outros escritores bastante admirados por aqui, como Michel Laub, apostamos em um debate interessante suscitado por essa leitura. Ah, e fique ligado nas nossas redes sociais. Na segunda-feira, vamos sortear um exemplar, para incentivar quem ainda está pensando em acompanhar o Clube!

Ricky Hiraoka

“Sou muito fã do Ian McEwan. Já li vários livros e todos que li tinham um traço forte de melancolia e sensibilidade.Eram histórias que mexiam muito comigo, me faziam refletir sobre escolhas, sobre medos, sobre diferenças… Confesso que fui ler Enclausurado esperando uma trama menos obscura e irônica. O livro demorou para me prender, mas, no fim, estava apaixonado pela originalidade de ter um feto como narrador, pelo sarcasmo, pelas análises políticas e comportamentais que o protagonista faz e pelo tom politicamente incorreto. Eu adorei e recomendo super. Daqui um tempo, quero fazer uma nova leitura!”

 

Teo Sales (@teoskywalker)

“Que suspense! Embora os personagens desse livro sejam fúteis e desprezíveis, o narrador, ou melhor, o inocente e observador feto não o é! Ele é inteligente, entende tudo o que acontece ao seu redor, participa à revelia da trama, é politizado e gosta de vinho. Enclausurado é um livro mordaz, com alguns toques de ironia e sagacidade de um narrador extremamente simpático e cativante. Que leitura gratificante. McEwan nunca decepciona. Recomendadíssimo.”

 

Rodolfo Domingos

“Ler Ian McEwan, principalmente numa língua que não seja a inglesa, é um desafio em vários níveis. Seu conteúdo é tenuamente filosófico, atemporal e rebuscado. Fui parar em “Enclausurado” anos depois da experiência com “Reparação”, e tantos anos sem contato com o autor de um dos meus livros prediletos me fez sentir que eu havia mergulhado em águas rasas. Que minha experiência com este senhor britânico estava demasiadamente longe das profundezas mais obscuras desta mente. E Enclausurado é como descer alguns degraus até a profundeza. É apostar que vale a pena ir até o ponto de partida da vida humana, onde começa qualquer história, boa ou ruim, para se divertir com a brincadeira ousada de ator-autor.

O bebê em formação é paradoxalmente formado, formado pelas experiências alheias, e que paradoxalmente também são suas próprias experiências. Em termos práticos, é a visão de um bebê contando sua versão de uma história sombria de dentro da barriga da mãe e que traça comentários audazes sobre o mundo que foi e o mundo que é.

O próprio cenário do livro é uma espécie de útero, todas as cenas se passam dentro de uma casa e, assim como um útero, a mansão em questão embriona uma história absurda de assassinato.

Ian McEwan é, no fundo, um atrevido, um atrevido genial. Que rouba o plot de Shakespeare e faz disso uma tragédia urbana moderníssima. Um livro que soa muito maior do que suas 200 páginas.”

 

Gabriela Domingos

“O inusitado do livro Enclausurado, um feto narrador (e inteligentíssimo!), apesar de me deixar incomodada no começo da leitura, me convenceu. E gostei muito!! Tudo parece real e não há ‘falhas’, a trama não permite. Mais uma vez, a escrita de Ian McEwan me surpreendeu a cada capítulo.”

 

Lilian Cantafaro

“Enclausurado me transportou ao curso de Letras, quando eu só tinha olhos para Shakespeare. Hamlet é a minha peça favorita: é o personagem solitário à procura de respostas, é a tragédia da dúvida alimentada pelo desejo de vingança, a preocupação com a violência do mundo. Esta releitura de Hamlet foi, sem dúvida, uma das mais sensacionais que já vi, não só pela originalidade do inusitado narrador, mas pela genialidade com que Ian McEwan desenvolveu todos os traços importantes da personalidade de Hamlet. Sua leitura nos deu a sensação de estarmos num teatro. Excelente escolha e impecável análise do Achados e Lidos.”

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