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[A Máquina de Fazer Espanhóis] Semana #4

Embora ainda dominado pela tristeza do luto, António começa a ver, aqui e ali, algum sinal de graça na vida. Nos últimos dois capítulos, também começamos a acompanhar uma investigação que pode resultar em eventos macabros no Lar da Feliz Idade. Continua tão curioso quanto a gente com o desfecho de A Máquina de Fazer Espanhóis, de Valter Hugo Mãe? Então nos acompanhe pelos próximos dois capítulos – até a página 111, se você tem a edição da Biblioteca Azul, ou até a página 97, se você tem a edição da Cosac Naify.

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

Ainda no quarto capítulo de A Máquina de Fazer Espanhóis, conhecemos Esteves sem metafísica. Sua história extraordinária – ele teria inspirado o famoso poema de Fernando Pessoa – acende a primeira fagulha de entusiasmo em António desde que ele chegou ao lar de idosos depois de ficar viúvo.

sorri verdadeiramente como nunca até ali naquele lar.

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Longa vida ao papel

Sempre que vou viajar, encaro um dilema. Será que é melhor colocar na mala aquele volume enorme, do qual você acha que finalmente vai tirar a poeira durante os merecidos dias de descanso, ou uma edição de bolso, que pode amassar e é ótima companhia para a beira da piscina? É bastante óbvio que não precisaria passar por essa dúvida se eu fosse adepta de leitores eletrônicos. Por que, então, até hoje não me acostumei com e-books?

O primeiro motivo é que eu trato a minha pequena biblioteca como um tesouro e gosto de tê-la como memória. É um prazer folhear livros já um pouco desgastados e lembrar que aquele volume meio destruído foi companhia diária na minha cabeceira por alguns meses. Ou então abrir, dez anos depois, uma edição de contos do Machado de Assis e lembrar, em um recado, que aquele foi um presente de dois meses de namoro.

Essas memórias, que só podem ser preservadas no mundo físico, nos ajudam a entender a razão pela qual os livros despertam paixões. Temos relações de amor e ódio com personagens e enredos que acabam se estendendo para os volumes físicos (especialmente para os títulos com capas bonitas, admitimos). O mundo digital é impessoal e perecível, com livros sem cheiro, textura.

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[A Máquina de Fazer Espanhóis] Semana #3

Acompanhar os dias de António no Lar da Feliz Idade não é tarefa fácil para os mais sensíveis. :’( Nesta próxima semana, avançamos mais dois capítulos na leitura de A Máquina de Fazer Espanhóis, de Valter Hugo Mãe – até a página 91, se você tem a edição da Biblioteca Azul, ou até a página 77, se você tem a edição da Cosac Naify.

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

Depois de um começo arrebatador em que a dor da perda é seguida pelo trauma da internação em um lar para idosos, a cena mais emblemática do terceiro capítulo de A Máquina de Fazer Espanhóis é aquela em que António descreve o pesadelo que o assola.

A figura onírica dos pássaros devoradores, que invadiam o quarto para bicar seu corpo adormecido, é assustadora e, ao mesmo tempo, uma tradução clara do estado de espírito de António:

subitamente debicavam-me o corpo e eu ia permanecendo vivo e, até não ter corpo nenhum, a consciência não abandonava. eu agoniava por achar que a morte não dependia do corpo, condenando-me a padecer daquela espera para todo o sempre. o estupor do corpo já desfeito e a morte sem o perceber, sem fazer o que lhe competia por uma crueldade perversa que eu nunca previra.

“o estupor do corpo já desfeito e a morte sem o perceber” – essa é a vida de António desde a partida de Laura e a chegada ao lar. Ele passa os dias à espera de um golpe de misericórdia da morte. Leia mais

[Resenha] História do Novo Sobrenome

Arrebatadora. Apaixonante. Empolgante. Emocionante. É longa a lista de adjetivos que já foram usados para definir História do Novo Sobrenome, o segundo romance da “tetralogia napolitana”, da italiana Elena Ferrante (a resenha do primeiro volume, A Amiga Genial, está aqui).

A escrita de Ferrante é tudo isso e, arrisco dizer, até mais um pouco. Chega a ser difícil explicar tamanha empolgação. Por que Elena Ferrante escreve algo diferente de tudo o que você já leu se, no fim da contas, ela retrata uma história banal, de duas amigas marcadas pela pobreza e pelo destino opressor reservado principalmente às mulheres em Nápoles nos anos 50?

Confesso que não tenho uma resposta definitiva para essa questão, mas o fato é que a escrita de Ferrante tem uma força interna que nos prende ao livro de uma forma que poucos autores conseguem. Uma amiga comentou comigo que começou a guardar o livro em casa, em vez de levá-lo no caminho para o trabalho, para fazer com que a leitura durasse mais tempo. Ferrante é paixão.

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“Fabiano seguiu-a com a vista e espantou-se: uma sombra passava por cima do monte. Tocou o braço da mulher, apontou o céu, ficaram os dois algum tempo aguentando a claridade do sol. Enxugaram as lágrimas, foram agachar-se perto dos filhos, suspirando, conservaram-se encolhidos, temendo que a nuvem se tivesse desfeito, vencida pelo azul terrível, aquele azul que deslumbrava e endoidecia a gente.”

Graciliano Ramos em Vidas Secas

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