Tag: achados e lidos (página 24 de 32)

[Divã] Um Kindle de referência

Na semana passada, em uma longa entrevista dado ao crítico literário do The New York Times, Michiko Kakutani, Barack Obama, agora ex-presidente dos Estados Unidos, falou um pouco da sua relação com os livros e contou que deu de presente para sua filha um Kindle recheado de livros importantes para sua formação.

Ali estão, segundo ele, “conhecidos suspeitos”, como Cem Anos de Solidão, do Gabriel García Márquez, e outros títulos não tão onipresentes nas listas de leituras, mas que são poderosos, tais quais O Carnê Dourado, de Doris Lessing.

Inspirada por esse presente tão especial, foi quase impossível não fazer uma retrospectiva dos livros que tiveram particular impacto sobre mim nesses últimos anos, e aos quais volto sempre que preciso de algum conforto. Não são, como disse Obama, necessariamente clássicos da literatura mundial, mas livros com mensagens poderosas sobre assuntos por vezes banais. Leia mais

[Resenha] Cinco Esquinas

A primeira sensação que temos ao ler Cinco Esquinas, o novo livro do peruano Mario Vargas Llosa, lançado em meados do ano passado pela Alfaguara, é de estranhamento. Os personagens são repulsivos e caricaturais, o enredo parece um pouco batido, as descrições do ambiente são pedantes e repetitivas. Mas, apesar desses defeitos, não foram necessárias mais do que 50 páginas para que eu estivesse bastante envolvida neste thriller, que se passa no período anterior à queda do ditador Alberto Fujimori, que governou o Peru entre 1990 e 2000.

O romance começa com uma cena de sexo entre duas amigas que acabam passando a noite juntas por causa do toque de recolher imposto pelo governo no período, como forma de combate às ameaças de grupos terroristas, como o Sendero Luminoso. Em entrevistas, Llosa afirmou que o romance entre Marisa e Chabela só poderia acontecer em um período marcado pelo terror e pelo medo, no qual era comum que as pessoas passassem a noite em casa de amigos por causa do toque de recolher.

Leia mais

[Resenha] O Sucesso

Intensidade e precisão são duas características essenciais a um conto. Na coletânea O Sucesso, a escritora brasileira Adriana Lisboa equilibra esses dois elementos em narrativas envolventes cujo principal mérito é partir de episódios cotidianos para construir boas reflexões sobre as relações humanas.

As nove histórias têm personagens que lidam, em diversas fases da vida – infância, meia-idade ou velhice – com sentimentos arrebatadores – saudade, decepção, medo, desejo, raiva, entre outros. Essas diferentes faixas etárias revelam a habilidade de Lisboa em colocar o leitor, independentemente de sua idade, na perspectiva de quem conta ou vive a história.

No conto que empresta o título à coletânea, por exemplo, as personagens principais são duas adolescentes imersas naquele período de transição em que fantasia, expectativa e realidade misturam-se em um turbilhão de sentimentos:

Que estupidez ter doze anos de idade. Um mundo de criança para trás, os brinquedos recém-guardados na gaveta e uma facilidade no trato com as coisas e com as pessoas que havia desaparecido num estalo. Um purpurinado mundo adolescente diante delas, quase ao alcance da mão, mas ainda faltava. Ainda faltava. Aquele lugar onde elas estavam se chamava inferno. O inferno dos doze anos de idade. O corpo insubmisso, a realidade insubmissa.

Leia mais

[Lista] Mais 12 livros para ler em 2017

Depois da lista da Mari, apresentar minhas leituras para 2017 virou uma tarefa difícil! Entre autores conhecidos e novidades aqui no blog (e pra mim também), tentei resgatar nomes queridos e gêneros variados, com ficção, ensaios, biografias, contos e romances!

Como bem disse a Mari, é claro que ao fim de 2017 a lista de leituras acaba repleta de novidades, lançamentos aguardados (o último volume da tetralogia napolitana, nunca te pedi nada, Biblioteca Azul!) e desvios de rota, porque leitura também é estado de espírito! Mas, por enquanto, essas são minhas escolhas para 2017! Na lista, há alguns lançamentos do ano passado, mas muitos livros que já habitavam a minha estante e mal haviam sido abertos. Isso porque, como sempre, uma das metas para o ano é ler mais e comprar menos!

1. Cinco Esquinas, de Mario Vargas Llosa: O peruano ganhador do Nobel em 2010 é um autor de muitas facetas. Entre observações sobre política e ensaios, Vargas Llosa escreveu também romances intrincados como Conversa na Catedral e thrillers daqueles que não dá para largar até chegar à última página. É o caso de Travessuras de Menina Má. Cinco Esquinas, seu romance mais recente, parece seguir a mesma trilha, em uma história que envolve ameaças, jornalismo sensacionalista e o princípio do fim da ditadura no Peru.

2. Jane Eyre, de Charlotte Brontë: As irmãs Brontë viveram na Inglaterra no século XVIII e são, ao lado de Jane Austen, as grandes vozes femininas na literatura do romantismo inglês. Adoro os livros de Austen, mas as tentativas de ler as obras das irmãs Brontë até hoje foram frustradas. Entre O Morro dos Ventos Uivantes, de Emily Brontë, e Jane Eyre, vou começar pelo segundo por retratar uma das personagens mais fortes na história da literatura.

Leia mais

[Resenha] Foe

J. M. Coetzee é conhecido por ser um autor sempre na fronteira do experimentalismo, o que faz com que seja tão amado quanto controverso. Em Diário de Um Ano Ruim, por exemplo, os ensaios encomendados por um editor alemão dividem espaço, na mesma página, com uma espécie de diário do escritor e de sua digitadora, numa história entrecruzada que forma um interessante romance.

A série que compreende Infância, Juventude e Verão é uma espécie de relato biográfico, mas o narrador, em terceira pessoa, se mantém distante, frio, seco. Desonra trata das acusações contra um professor universitário que cai em desgraça, rearranja a vida no interior mas é novamente alvo de violência, num retrato da África do Sul pós-apartheid que deixa um gosto amargo na boca (mas é um dos melhores livros que já li, e que ainda pretendo revisitar).

Foe, publicado em 1986, mas lançado pela Companhia das Letras no Brasil apenas no ano passado, é mais um desses exemplos. O autor deixa a polêmica – um pouco – de lado para resgatar a história do mais famoso náufrago da literatura, Robinson Crusoé, sem abandonar suas raízes contemporâneas e questionadoras.

Leia mais

Posts mais antigos Post mais recentes

© 2025 Achados & Lidos

Desenvolvido por Stephany TiveronInício ↑