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[Enclausurado] Semana #9

Estamos na reta final da leitura de Enclausurado, de Ian McEwan, e o cerco está se fechando em torno de Trudy e Claude. O trabalho investigativo da polícia segue e, embora os amantes trabalhem para limpar todos os rastros, ainda não é possível comemorar um plano perfeito. Na próxima semana, avançamos mais três capítulos até o final do livro. Estamos curiosas por esse desfecho!

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

Quando Elodia chega à casa de Trudy, inicia-se mais um ato bem ensaiado dessa história que é uma verdadeira peça de teatro. Foi ela quem reconheceu o corpo de John no necrotério, fato que a posiciona como uma personagem importante para as investigações policiais e para o sucesso ou o fracasso do plano arquitetado pelos amantes.

Elodia, mais do que ninguém, tem que comprar a ideia de que John era uma pessoa instável e capaz de cometer suicídio. Para o azar de Claude e Trudy, ela chega à mansão convicta de que esse não era o perfil do amigo. A mãe do feto inicia, então, uma atuação emotiva sobre como o ex-marido tinha uma tendência para fazer mal a si mesmo. A declaração de Elodia à polícia acontecerá no dia seguinte. Os assassinos precisam ser rápidos e convincentes.

O aspecto mais marcante dessa cena é a avaliação que o narrador, protegido em seu casulo, faz das agendas ocultas de cada personagem. Ele já conhece bem a mãe e o tio, portanto é capaz de identificar os gestos ensaiados em cada fala. No entanto, ele sabe pouco sobre Elodia. Suas indagações acerca das verdadeiras motivações da poeta deixam no ar o suspense: será que ela está acreditando no que lhe dizem ou só empreendeu aquela visita para confirmar suas suspeitas sobre a culpabilidade da ex-mulher e seu amante?

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[Resenha] Elizabeth Costello

Ao discursar para uma plateia de acadêmicos sobre o realismo, no primeiro capítulo de Elizabeth Costello, a escritora, que dá nome ao aclamado livro de J. M. Coetzee, questiona as excessivas interpretações a que submetemos as obras literárias:

Houve um tempo que sabíamos. Costumávamos acreditar que quando o texto dizia ‘Havia um copo d’água sobre a mesa’, havia de fato uma mesa com um copo d’água sobre ela, e bastava olhar para o espelho-palavra do texto para vê-los. Mas isso tudo terminou. O espelho-palavra se quebrou, irreparavelmente, ao que parece.

A reflexão, logo nas primeiras páginas desse livro, quando a autora discursa na cerimônia de entrega de um prêmio literário, marca irremediavelmente o fluxo da leitura. Dali para frente, é praticamente impossível continuar a acompanhar a narrativa sem pensar nos significados – visíveis ou sutis – das palestras e diálogos de Elizabeth Costello.

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“O Brasil é o país verde por excelência. Futuroso, esperançoso… Nunca passou disso… Vocês, brasileiros, velhos que já foram e rapazes que são a esperança da pátria, sonham o futuro. ‘Dentro de cem anos o Brasil será o primeiro país do mundo.’ Garanto que aquele detestável cronista Pero Vaz de Caminha teve essa mesma frase ao achar Cabral, por um acaso, o país que viera expressamente descobrir.”

 

Jorge Amado em O País do Carnaval

[Divã] Listas, desafios e outros métodos de leitura

Desde que embarquei no mundo dos blogs literários, descobri que os hábitos de leitura podem ser incrivelmente diferentes, embora o objetivo pareça ser quase sempre o mesmo: ler mais. A Mari contou, neste mesmo espaço, na semana passada, que sempre lê mais de um livro ao mesmo tempo e divide as leituras por momentos do dia (seu senso de organização é algo a ser estudado, rs).

Fico impressionada, também, com a quantidade de maratonas e desafios que as pessoas se propõe a seguir. É só dar um giro pelos blogs de literatura para perceber que há desafios para todos os tipos: de grandes clássicos a objetivos para a quantidade mensal de livros, passando pela nacionalidade dos personagens ou dos autores, sempre será possível encontrar algo que realmente te instigue a ler mais.

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[Enclausurado] Semana #7

A conspiração entre Claude e Trudy chegou ao fim, mas isso está longe de representar um período de tranquilidade para o narrador, a quem já estamos apegadas. Daqui para frente, o ponto de interrogação em relação ao seu destino fica mais evidente. É a vez de perguntarmos: qual será o destino do feto? Para a próxima semana, avançamos mais dois capítulos, até a página 147.

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

A cada capítulo de Enclausurado, Ian McEwan nos dá uma nova aula sobre escrita. Pode soar repetitivo para os leitores que estão acompanhando os posts sobre o livro desde o início, mas é difícil não se impressionar com o domínio do autor inglês sobre a linguagem e a forma, que se reflete em descrições de ambientes, sentimentos e sensações que fazem com que a gente se sinta dentro do útero de Trudy.

O décimo primeiro capítulo poderia, sozinho, fundamentar uma aula de literatura. Primeiro, McEwan apresenta o possível resultado do plano de Trudy e Claude, no qual tudo corre bem, como o planejado: o corpo encontrado morto, com evidências de envenenamento; as motivações para o suicídio bem distribuídas pelo automóvel; a falta de entusiasmo da polícia com uma investigação corriqueira. Os elementos para que o assassinato funcione estão lá, mas McEwan não entrega o ouro de bandeja.

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