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“Logo descobriu que não podia absolutamente mais se mexer. Não se admirou com esse fato, pareceu-lhe antes pouco natural que até agora tivesse conseguido se movimentar com aquelas perninhas finas. No restante sentia-se relativamente confortável.”

 

Franz Kafka em A Metamorfose

[Lista] 5 começos marcantes

Alguns livros precisam contar com o comprometimento do leitor por algumas páginas para que ele seja de fato fisgado pela história. Outros, porém, já nos capturam na primeira linha. Nesta semana, listamos cinco obras da literatura mundial com começos marcantes, seja por anunciar o fim da morte, subverter a realidade ou, simplesmente, nos brindar com um dos mais bonitos aforismos da literatura.

1. Anna Kariênina, de Liev Tolstói: Não seria possível começar uma lista sobre inícios marcantes de livros sem prestar a devida homenagem à Tolstói. O autor russo dispensa apresentações, mas dá para ter uma ideia de seu brilhantismo só por essa verdade universal estampada na primeira página de Anna Kariênina:

Todas as famílias felizes se parecem, cada família infeliz é infeliz à sua maneira.

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[Escritores] Ian McEwan

A relação da literatura com a realidade foi o tema da palestra de Ian McEwan no Fronteiras do Pensamento, na última quarta-feira, em São Paulo. O escritor britânico, autor de obras de sucesso, como Reparação e Solar, afirmou que o encontro entre esses dois mundos é inevitável:

Todos os romancistas que escrevem ficção estão lidando com a realidade em que vivemos.

McEwan divertiu a plateia com uma série de anedotas sobre mensagens que recebeu de leitores apontando deslizes na acurácia de sua narrativa. A constelação que nunca poderia estar ali, naquele lugar onde a cena se desenrola, àquela época do ano. A troca de marcha do carro que jamais aconteceria, porque aquela linha da Mercedes só trabalha com transmissão automática. O pincel, que em um procedimento cirúrgico real, seria uma esponja. Detalhes não passam despercebidos por quem é especialista no assunto ou apenas atencioso. O leitor sente a necessidade de se identificar com aquilo que lê e o realismo tem um papel fundamental nesse processo.

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A importância dos livros ruins

Na semana passada, com a divulgação da quarta edição dos Retratos da Leitura no país, nos deparamos mais uma vez com a triste, mas não muito surpreendente, notícia de que o Brasil é um país que lê pouco e que esse pouco é de uma qualidade bastante duvidosa.

Segundo o levantamento, 44% dos brasileiros simplesmente não leram nenhum livro nos últimos três meses. O livro mais citado, não tem concorrência, é a Bíblia. Entre as obras mais marcantes, temos o onipresente O Pequeno Príncipe e também alguns títulos juvenis, como Cidade de Papel. Em quinto lugar, não muito longe da Bíblia, apareceu Cinquenta Tons de Cinza, como bem reparou uma amiga. Brasil, o país dos contrastes.

Definitivamente, não são o que o romancista americano Jonathan Franzen chama de “livros sérios”. No entanto, acredito fortemente que os livros não tão bons assim – e até mesmo os ruins – tem um importante papel na formação de leitores. Afinal, ninguém começa a vida lendo Flaubert. 

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