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“Domingo ela acordava mais cedo para ficar mais tempo sem fazer nada.

O pior momento de sua vida era nesse dia ao fim da tarde: caía em meditação inquieta, o vazio do seco domingo. Suspirava. Tinha saudade de quando era pequena – farofa seca – e pensava que fora feliz.”

 

Clarice Lispector em A Hora da Estrela

“Assim como ninguém lhe ensinaria um dia a morrer: na certa morreria um dia como se antes tivesse estudado de cor a representação do papel de estrela. Pois na hora da morte a pessoa se torna brilhante estrela de cinema, é o instante de glória de cada um e é quando como no canto coral se ouvem agudos sibilantes.”

 

Clarice Lispector em A Hora da Estrela

[Lista] 5 personagens trabalhadores

Para celebrar o 1º de Maio, comemorado em todo o mundo como Dia do Trabalho, prestamos homenagens a esses personagens que, assim como nós, pobres mortais, precisam enfrentar chefes, horários e as demais pressões da vida laboral.

Trabalhadores do mundo (da literatura), uni-vos!

1. Macabea, de A Hora da Estrela, de Clarice Lispector: A “delicada e vaga existência” diária de Macabea, a personagem principal desse clássico da literatura brasileira, é preenchida por sua função como datilógrafa, habilidade adquirida em um “curso ralo de como bater à máquina”.

Macabea, uma nordestina de dezenove anos que migrou para o Rio de Janeiro, leva uma vida miserável e sem perspectivas, em um trabalho em que o chefe chega a ameaçar mandá-la embora, mas desiste por sua ingenuidade e delicadeza. Seus dias são preenchidos com pensamentos fantasiosos sobre a infância, a fome e a vontade de ser quem não era.

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[Lista] 5 livros para ler em uma hora

Está sem tempo para leitura? A lista de hoje vai acabar com essa desculpa! Elencamos cinco bons livros que podem ser lidos em até uma hora. Se você não está no pique para encarar aquele romance de 500 páginas e não quer perder o hábito da leitura, anote as dicas. Todos esses títulos são a verdadeira prova do ditado “tamanho não é documento”.

1. A Festa de Babette, de Karen Blixen: a chegada misteriosa de madame Babette Hersant à casa das irmãs puritanas Martine e Philippa irá mudar para sempre a realidade da pequena comunidade de Berlevaag, na Noruega. Fugitiva do massacre à Comuna de Paris em 1871, Babette chega à porta das senhoras com uma carta de recomendação de um conhecido da família. Embuídas de sua habitual generosidade, as irmãs acolhem a forasteira que, a despeito da desconfiança inicial, logo se adapta à vida local e se torna uma peça essencial daquele lar:

Com o correr do tempo, não foram poucos os irmãos e irmãs que incluíram o nome de Babette em suas orações, agradecendo a Deus pela silenciosa estrangeira, a trigueira Marta na casa das duas claras Marias. A pedra que os construtores quase recusaram tornara-se a pedra angular.

Tudo caminha sem grandes surpresas por anos a fio, até que um acontecimento traz à tona a vida passada de Babette. A francesa ganha dez mil francos na loteria e decide oferecer às patroas e aos seus convidados um jantar suntuoso, no melhor estilo parisiense, em comemoração ao que seria o aniversário de cem anos do patriarca da família. A escritora dinamarquesa Karen Blixen constrói uma narrativa tocante, cheia de metáforas, sobre descobertas, escolhas e vocações. Um pequeno livro que reforça que a vida é feita de experiências e memórias.

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Orgulho brasileiro

Na última quinta-feira, compartilhamos, em nossa página no Facebook, uma notícia sobre a escritora britânica Ann Morgan, que se desafiou a ler, em um ano, um livro de cada país do mundo. No dia seguinte, tiveram início os Jogos Olímpicos, competição esportiva entre nações, famosa por instigar o orgulho de pertencer. Tudo isso me fez pensar sobre minha relação com a literatura brasileira.

Me peguei imaginando quais títulos eu indicaria a Morgan, para que ela visse o crème de la crème de nossa produção literária, ou quais escritores compatriotas despontariam no meu quadro de medalhas. Vários nomes me passaram pela cabeça, mas também percebi, com um misto de vergonha e tristeza, uma defasagem de representantes brasileiros contemporâneos em minha lista de achados e lidos.

Indicar clássicos brasileiros não é difícil. Quem lê meus posts por aqui sabe da minha paixão por Machado de Assis, por exemplo. A biblioteca da minha escola era predominantemente de literatura nacional. Quem se lembra da Série Bom Livro, da Editora Ática? Ela fez parte da minha adolescência e construiu minhas primeiras memórias de leituras de alta qualidade. Desde os romances água com (muito!) açúcar de Joaquim Manuel de Almeida e José de Alencar até as incomparáveis obras machadianas. Eu, que estava acostumada à estrutura narrativa tradicional, com heróis e anti-heróis, de repente sou apresentada ao defunto autor, de Memórias Póstumas de Brás Cubas. Imaginem meu encantamento diante da originalidade desse escritor:

Algum tempo hesitei se devia abrir estas Memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo.

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