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“Durante todo esse tempo parecia que algo se formava no silêncio em volta dele, uma lenta onda de compreensão com a força de uma maré montante que não quebrava ou explodia dramaticamente, mas que o levou nas altas horas da noite ao primeiro grande fluxo de entendimento da verdadeira natureza de sua perda. Tudo antes tinha sido uma fantasia, uma imitação banal e frenética do sofrimento. Pouco antes do amanhecer começou a chorar, e foi a partir desse momento, na semiescuridão, que assumiu o luto.”

 

Ian McEwan em A Criança no Tempo

[O Mestre e Margarida] Semana #11

Depois do grande baile, chegou a hora do reencontro entre o Mestre e Margarida. Com diálogos cheios de ironia e humor, Bulgákov vai conduzindo o leitor ao desfecho dessa narrativa. Para a próxima semana, avançamos até o início do capítulo 28 ou página 346, se você tem a edição da foto.

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

Depois de cumprir todas as condições da trupe diabólica e passar uma noite surreal e exaustiva como anfitriã do baile, Margarida pode, enfim, reivindicar sua parte no trato. Porém, como todos os momentos até agora envolvendo o diabo, esse também é carregado de armadilhas, testes e, claro, muito humor e ironia.

Ao contrário da maioria dos personagens, Margarida é bastante perspicaz. Ela consegue desvendar, sem grandes dificuldades, a agenda oculta de Woland. Quando a noite do baile se encaminha para o seu final, ela percebe que, embora tenha seus direitos diante do combinado, aquela trupe era poderosa demais para que ela se arriscasse com cobranças.

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[Resenha] Carta a D.

O jornalista austríaco André Gorz conheceu Dorine em 1947, em Lausanne, na Suíça, pouco depois do fim da Segunda Guerra Mundial. Como ele mesmo reconhece, o romance entre os dois era pouco provável. O que Dorine, uma bela e resoluta jovem inglesa, poderia querer com ele, um austrian jew, como o autor se define? Carta a D. (Companhia das Letras) que Gorz escreveu para a esposa depois de quase cinquenta anos juntos, busca retomar os alicerces dessa paixão, em talvez uma das mais memoráveis declarações de amor da literatura.

Você está para fazer oitenta e dois anos. Encolheu seis centímetros, não pesa mais do que quarenta e cinco quilos e continua bela, graciosa e desejável. Já faz cinquenta e oito anos que vivemos juntos, e eu amo você mais do que nunca. De novo, carrego no fundo do meu peito um vazio devorador que somente o calor do seu corpo contra o meu é capaz de preencher.

Mesmo sabendo que o amor é filosoficamente difícil de ser definido, Gorz tenta evocar os marcos de uma relação duradoura, buscando de certa forma explicar o inexplicável: porque nos apaixonamos por determinada pessoa, e não por outra, e porque continuamos a amá-la a vida inteira.

Um momento fundamental na vida do casal foi a decisão sobre o casamento. Para Gorz, uma burocracia que codificava juridicamente uma relação de amor. Para Dorine, o casamento tinha outro sentido:

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[Lista] 5 livros menos conhecidos de grandes escritores

Quer conhecer a escrita de autores clássicos, mas está sem coragem para enfrentar logo de cara os calhamaços mais famosos? Ou, então, já leu vários livros de um grande escritor e está procurando títulos menos conhecidos para se aprofundar em sua obra? Esta lista será útil para você! Selecionamos cinco livros que, embora não sejam os mais célebres desses autores, são ótimos representantes da sua literatura.

1. Salões de Paris, de Marcel Proust: quando se fala de Proust, o primeiro nome que vem à cabeça é Em Busca do Tempo Perdido. No entanto, é preciso bastante dedicação para concluir os sete volumes dessa obra-prima. Caso falte disposição, não se preocupe. Isso não quer dizer que você não possa conhecer a escrita ímpar desse ícone da literatura francesa.

Salões de Paris reúne 22 textos de Proust, publicados entre o final do século XIX e início do XX, a maioria deles no Le Figaro. Nessa coletânea, é revelada a faceta do Proust jornalista que, em muitos aspectos, lembra a do célebre Proust romancista. De crônicas que versam sobre as festas requintadas da Paris do início do século XX até ensaios que refletem sobre memória e família, nesse livro, é possível apreciar toda exuberância do rebuscado estilo proustiano.

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“Em toda casa há uma ordem aparente e uma desordem real.”

 

Domenico Starnone em Laços

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