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[Enclausurado] Semana #10

O fim de Enclausurado foi o ponto alto de uma narrativa que nos surpreendeu do começo ao fim, da escolha do narrador às observações cáusticas sobre a realidade. Uma releitura de Hamlet, de Shakespeare, para ninguém colocar defeito. Gostou do livro tanto quanto a gente? Mande seu comentário para blogachadoselidos@gmail.com que publicaremos as mensagens recebidas na próxima sexta-feira. E fique de olho nas nossas redes sociais. Em breve, divulgaremos o novo título do Clube do Livro, com direito a sorteio, como sempre!

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

Entre todas as leituras que fizemos aqui no Clube do Livro do Achados e Lidos, o final de Enclausurado, de Ian McEwan, talvez tenha sido o que mais nos deixou curiosas.

O escritor conseguiu transformar um desfecho banal e esperado em um acontecimento surpreendente e decisivo para a trama. Afinal, se o narrador estava no útero da mãe, era natural que o nascimento ocorresse em algum momento, não é? São as sutilezas com que McEwan conduz a narrativa, no entanto, que tornam o que é certo tão fantástico.

Depois de se refestelarem com um banquete de comida dinamarquesa, que rende comentários prazerosos do feto sobre arenque e outras iguarias típicas do país, há uma tensão crescente que paira no ar, à espera de algum telefonema que, todos parecem pressentir, inevitavelmente virá. Leia mais

1 ano do blog!

Hoje o Achados e Lidos comemora seu primeiro ano de vida! Agradecemos a todos que nos acompanham, comentam, dão dicas e se entusiasmam tanto quanto nós com a literatura. Continuem ligados, em breve teremos novidades para tornar nosso conteúdo ainda mais apaixonante para os amantes dos livros!

[Resenha] O Espírito da Ficção Científica

Dois jovens cheios de sonhos e apaixonados por literatura chegam à Cidade do México e logo se inserem em um círculo de amigos que compartilham seus gostos e também o frenesi da juventude. Nas mãos do escritor chileno Roberto Bolaño, esse enredo, aparentemente banal, ganha contornos originais que anunciam todo potencial de um dos maiores nomes da literatura latino-americana.

Jan, fanático por ficção científica e Remo, por poesia (ambas paixões compartilhadas pelo escritor), partem do Chile rumo ao México prontos para experimentar a liberdade que eles acreditam ser possível apenas a partir de uma vida imersa na literatura. Enquanto Remo não tarda em encontrar empregos que proporcionem não apenas o exercício da escrita, mas também o seu sustento, o amigo Jan parece viver em uma realidade alternativa. Passa os dias encerrado no pequeno quarto que alugaram, escrevendo cartas para seus escritores de ficção científica favoritos e tendo sonhos estranhos com os personagens dos livros que lê.

As vozes de Jan e Remo compõem a narrativa fragmentada de O Espírito da Ficção Científica, que ainda conta com um terceiro “narrador”, se é que assim podem ser chamadas as transcrições soltas de uma entrevista absurda, regada a muito álcool, entre uma jornalista e um escritor premiado.

Os capítulos se alternam sem uma ordem definida: os relatos de Remo se misturam às cartas desvairadas de Jan e aos trechos dessa entrevista nonsense. A linearidade do enredo se apoia nos relatos de Remo desenvolvidos a partir de suas incursões pela Cidade do México e sua convivência com Jan.

A narrativa fragmentada, interrompida é uma marca do escritor chileno. Neste romance, essa justaposição não é tão bem trabalhada como em 2666 ou A Pista de Gelo – produções de um Bolaño mais maduro, que parece ter o controle da história, não importa quantas digressões os personagens façam.

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[Lista] 5 escritoras para ler mais mulheres

Ler mais mulheres é sempre um objetivo aqui no Achados e Lidos. Para incentivar nossos leitores na semana em que o mundo celebra o Dia da Mulher, listamos cinco escritoras que, em suas obras, contam histórias de personagens femininas fortes e interessantes, seja com base em relatos reais ou fictícios!

1. Xinran: A chinesa Xinran nasceu em Beijing em 1958 e escolheu uma profissão particularmente difícil em um país controlado por um partido pouco afeito à liberdade de expressão: o jornalismo. Em seus livros, entre os quais os mais conhecidos são Testemunhas da China e As Boas Mulheres da China, Xinran parte dos relatos de pessoas comuns para contar a história de um país que passou por transformações traumáticas nos últimos 50 anos, que trouxeram desenvolvimento ao mesmo tempo em que deixaram uma parte dos cidadãos à margem do progresso. 

A escritora, que passou pelo Brasil em 2009, se preocupou, especialmente, em dar voz às mulheres esquecidas nesse processo. Grande parte desses relatos foram colhidos durante o período em que Xinran apresentou um programa de rádio muito popular, Palavras na Brisa Noturna, no qual entrevistava mulheres de diferentes condições sociais para tentar entender como viviam essas personagens em um ambiente opressivo, humilhante e miserável.

A maioria das pessoas que me escreviam na rádio eram mulheres. Geralmente eram cartas anônimas ou assinadas com um nome fictício. Muito do que diziam me causava um choque profundo. Eu achava que compreendia as chinesas. Lendo as cartas, percebi como estava enganada. Elas viviam uma vida e enfrentavam problemas com que eu nem sequer sonhava.

O livro é de uma sensibilidade aguçada e mostra, além das agruras do mundo material, a falta de convívio sentimental que prevalecia na China. 

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Ocaso do século

(…)

Quem quis se alegrar com o mundo
depara com uma tarefa
de execução impossível.

A burrice não é cômica.
A sabedoria não é alegre.
A esperança
já não é aquela bela jovem
et cetera, infelizmente.

(…)

 

Wisława Szymborska em [poemas]

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