“Mas antes de ser obrigado a viver com os outros, tenho de conviver comigo mesmo. A única coisa que não deve se curvar ao julgamento da maioria é a consciência de uma pessoa.”
Harper Lee em O Sol É Para Todos
“Mas antes de ser obrigado a viver com os outros, tenho de conviver comigo mesmo. A única coisa que não deve se curvar ao julgamento da maioria é a consciência de uma pessoa.”
Harper Lee em O Sol É Para Todos
Passamos da metade de O Amor dos Homens Avulsos, de Victor Heringer, e nas últimas páginas o amor de Camilo por Cosmim deixou o terreno das vontades para ganhar materialidade, com o primeiro beijo. Corajosos, em vez de se esconder os dois assumem a relação, primeiro para os amigos do bairro e depois para toda a gente do Queím. O choque, contudo, não vem da “cara amolecida” dos amigos, e sim das “caras velhas e das moças de família” do bairro, um dos trechos em que a capacidade do autor de construir julgamentos de forma tênue e sensível ficou mais evidente. Na próxima semana, avançamos até o capítulo 59, na página 127. Continue acompanhando com a gente essa leitura!
Por Mariane Domingos e Tainara Machado
Passada a euforia da descoberta do primeiro amor, Cosme e Camilo têm um choque de realidade. As vulnerabilidades e o preconceito entram em cena quando a relação dos dois vem à tona.
Ao mesmo tempo em que o amor faz o garoto se sentir completo, a dependência em relação a Cosme o enfraquece. É como se esse sentimento tirasse Camilo da solidão, mas o ameaçasse a todo momento com ela. Bastava perder a pessoa amada para que tudo desmoronasse. E era um caminho sem volta: o amor era de tal forma o alcance da plenitude que retornar à situação de antes já não bastaria. Neste trecho, Heringer descreve as sensações que sucedem o primeiro beijo do casal e, desenvolve, brilhantemente, essa dicotomia:
Em plena corrida do ouro no oeste dos Estados Unidos, dois irmãos são contratados para liquidar um garimpeiro na Califórnia. Poderia ser mais uma história de faroeste, mas Os Irmãos Sisters, de Patrick deWitt, é um livro de fôlego, em que a missão original da dupla logo cede espaço para uma narrativa que discute compaixão, ganância, fraternidade e moral, ao mesmo tempo em que prende o leitor como poucos romances são capazes.
Boa parte dessa sedução se deve a Eli, o narrador da história. Irmão mais novo da dupla, Eli é a antítese do assassino frio e calculista: sensível, dado a reflexões sobre justiça, ele se sente desprezado pelo irmão, mas não consegue abandoná-lo.
Entre os desvios de caminho aos quais os dois são submetidos, conseguimos compreender melhor a natureza oposta, mas um tanto complementar, dos dois irmãos. Logo no início do livro, Eli é picado por uma aranha e tem uma forte reação alérgica. Em seguida, uma dor de dente aguda impede que eles prossigam viagem e os dois acabam decidindo pedir abrigo em uma cabana ocupada por uma velha misteriosa.
“No Inferno deve ter um círculo a mais, o dos perguntadores fazendo suas perguntinhas, seu nome? sua idade? massagem ou ducha? fogueira ou forca? – sem parar. Sem parar.”
Lygia Fagundes Telles em
Seminário dos Ratos
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