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[Laços] Semana #3

A mudança de narrador, em Laços, de Domenico Starnone (Ed. Todavia), aprofundou o perfil psicológico dos personagens, enquanto fazemos, ao lado de Aldo e Vanda, um inventário de um apartamento destroçado. A proximidade dessa narrativa com Dias de Abandono, de Elena Ferrante, também fica mais visível a cada página. Está gostando da nona edição do Clube do Livro do Achados & Lidos? Conte para gente o que te marcou neste livro até aqui! Para a próxima semana, vamos até a página 80.

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

Laços está dividido em três livros: três pontos de vista sobre um passado comum. Na primeira parte, acompanhamos anos de amargura de Vanda, por meio de cartas dirigidas a Aldo, nas quais ela relata a dor do abandono, as dificuldades na criação dos filhos, as angústias de uma vida solitária.

No segundo livro, o narrador é Aldo e o passado ficou para trás. Aldo e Vanda estão juntos novamente e apenas alguns lampejos na narrativa sugerem o passado de mágoas da primeira parte.

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[Resenha] Gente Pobre

Gente Pobre, primeiro romance de Fiódor Dostoiévski, foi publicado quando ele tinha apenas 25 anos. Antes mesmo do lançamento oficial do livro, o escritor já era sensação nos círculos literários russos, que se surpreenderam com a nova abordagem que o jovem trouxe à chamada “escola natural”, corrente do realismo russo em voga na época.

Nesse romance epistolar, Dostoiévski conta a história de Diévuchkin, um funcionário público das escalas mais baixas, e Varvara, uma jovem órfã e injustiçada. Por meio das cartas que os dois amigos trocam, nota-se que, a despeito de toda penúria de recursos que enfrentava, Diévuchkin age como um verdadeiro protetor da garota. Ela, por sua vez, também sempre se mostra disposta a ajudá-lo, sem se importar com os mexericos que tal relação poderia suscitar.

A pobreza dos personagens contrasta com a nobreza de seus sentimentos – uma fórmula até então tímida na literatura russa. Dostoiévski arrisca-se evidenciando que os pobres também eram capazes do comportamento virtuoso que se imaginava exclusividade dos ricos generosos. A classe que sempre fora retratada como receptora da bondade alheia se manifesta solidária, de maneira ainda muito mais genuína do que aqueles que abdicavam de recursos que não lhe fariam falta.

Dostoiévski retrata as classes oprimidas sem cair em uma análise excludente ou superficial, como acontecia nos ensaios fisiológicos dos tipos urbanos, que se apoiavam no mote clichê do homem pobre com destino trágico, uma vítima passiva de infortúnios.

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[Lista] 5 livros sobre a Rússia

Hoje é dia de mais uma lista temática sobre os 100 anos da Revolução Russa, celebrada neste mês de novembro. Dessa vez, não trouxemos apenas autores russos, mas listamos cinco obras que, de algum modo, falam da história desse país: dos acontecimentos que levaram à Revolução aos difíceis anos de perseguição política e autoritarismo sob o comando de Stálin. Ficou curioso? Aproveite as sugestões de leitura abaixo e aguarde: ainda teremos outros conteúdos especiais sobre a Rússia ao longo de novembro!

Os Romanov resenha Companhia das Letras1. Os Románov, de Simon Sebag Montefiore: Difícil começar uma lista sobre a história russa sem falar da dinastia mais importante dos tempos modernos. O império dos Románov, que chegou a abarcar um sexto da superfície terrestre, durou cerca de três séculos, até que Nicolas II fosse destituído do poder pelos bolcheviques em 1917, com o subsequente assassinato de sua família.

Em Petrogrado, no dia 25 de outubro de 1917, os bolcheviques tomaram o poder. “Uma segunda revolução”, escreveu Alexandra três dias depois. Quando os alemães avançaram na Rússia, o líder bolchevique Lênin decidiu imediatamente se retirar da guerra, o que deixou Nicky indignado: “Como esses bolcheviques salafrários têm o descaramento de pôr em prática seu sonho oculto de propor paz ao inimigo?”.

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“Compreende, será que compreende, meu caro senhor, o que significa não se ter mais para onde ir? (…) porque é preciso que toda pessoa possa ir ao menos a algum lugar…”

 

Fiódor Dostoiévski em Crime e Castigo

[Laços] Semana #2

O ótimo prefácio da escritora Jhumpa Lahiri elevou nossas expectativas em relação a Laços, de Domenico Starnone! A sofisticação narrativa e a temática universal evidenciadas em sua análise já deram mostras nessa primeira parte do romance. O difícil é interromper a leitura, rs! Para a próxima semana, avançamos até a página 57.

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

O início de Laços já é inquietante. A prosa de Starnone aguça a curiosidade, incomoda e envolve o leitor.

A história da família protagonista é introduzida pelas cartas da esposa a Aldo, o marido que a abandonou. Em pouco menos de vinte páginas, Starnone percorre com uma força narrativa admirável os vários estágios de uma separação dolorosa. Primeiro, as tentativas de compreensão. Em seguida, a raiva, o desespero e a apatia misturada à exaustão.

Assim como a autora das cartas, queremos entender o que aconteceu. Começamos desconfiados, com uma curiosidade mais racional, apenas buscando desvendar a trama. Mas, não demora muito, a angústia que transborda do relato da narradora nos contagia. Nem bem entrou na história, já sentimos um desafeto pela figura de Aldo.

Ele aparece como alguém egoísta, que não sabe bem o que quer e não hesita em afundar as pessoas próximas em sua confusão. Os trechos em que a esposa tenta encontrar uma explicação para a partida do marido trazem algumas reflexões interessantes que se aplicam a qualquer relação humana, não apenas ao casamento.

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