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[Lista] 5 livros para se emocionar

Se vocês me perguntarem quantos filmes me fizeram chorar, certamente lembrarei dois ou três, no máximo. Com livros, no entanto, a história é outra. A literatura me emociona mais frequentemente e intensamente que o cinema. Resolvi, então, listar cinco livros emblemáticos que, além de ótimas leituras, me renderam muitas lágrimas.

1. A Máquina de Fazer Espanhóis, de Valter Hugo Mãe: a prosa poética do escritor português já é, por si só, um convite às lágrimas. Quando o enredo trata da solidão e da saudade, sua escrita fica ainda mais poderosa.

Em A Máquina de Fazer Espanhóis, que lemos na quarta edição do nosso Clube do Livro, acompanhamos a história de António, que é abandonado pelos filhos em um asilo, depois de perder a esposa, companheira de tantos anos. O trecho em que o personagem recebe a notícia da morte de Laura, logo no primeiro capítulo, já é de cortar o coração:

só depois gritei, imediatamente sem fôlego, porque aquela teoria de que existe oxigénio e usamos os pulmões e fica feito também não é cem por cento verdade. entrei em convulsões no chão e as mãos do homem e da mulher que ali me assistiam eram exactamente iguais às bocas dentadas de um bicho que me vinha devorar e que entrava por todos os lados do meu ser. fui atacado pelo horror como se o horror fosse material e ali tivesse vindo exclusivamente para mim.

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“Não existe uma única realidade, cabo. Existem muitas realidades. Não existe um único mundo. Existem muitos mundos, e todos seguem paralelos uns aos outros, mundos e antimundos, mundos e mundos-sombra, e cada mundo é sonhado ou imaginado ou escrito por alguém num outro mundo. Cada mundo é a criação de uma mente.”

 

Paul Auster em Homem no Escuro

[O Retrato de Dorian Gray] Semana #4

Novos personagens entraram na história e deram ritmo à narrativa. Como será o encontro entre os amigos de Dorian Gray e sua amada? Para a próxima semana, avançamos os capítulos 7 e 8 da leitura de O Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde, até a página 126, se você tem a edição da foto, da Penguin-Companhia.

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

Se até agora flanamos pelos círculos aristocráticos ingleses, chegou a hora de conhecer a realidade das camadas menos favorecidas de então. A eleita de Dorian Gray, Sibyl Vane, é uma atriz humilde cuja mãe só se entusiasma por um bom casamento para filha e cujo irmão, de apenas 16 anos, está partindo para Austrália em busca da ilusória vida de riqueza das colônias.

Sibyl está tão hipnotizada por Dorian quanto ele por ela. Sob o apelido de Príncipe Encantado, ela conta maravilhas do amado à mãe e ao irmão. Tudo que importa à mãe é se o pretendente tem posses. Já ao irmão o romance não parece um bom presságio. O fato de Gray ser um cavalheiro da alta sociedade é o primeiro ponto de irritação para o jovem. Vemos aí uma rusga típica da luta de classes, que ainda não sabemos se Wilde irá explorar:

O jovem dândi que a amava não devia significar nada de bom para ela. Era um cavalheiro, ele o odiava por isso, odiava-o por um instinto de raça peculiar, que não era capaz de compreender, e que, pela mesma razão o dominava ainda mais.

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[Resenha] O Peso do Pássaro Morto

Primeiro livro da escritora paulistana Aline Bei, O Peso do Pássaro Morto (Editora Nós, 168 páginas) cativa pela originalidade de sua estrutura narrativa bem ancorada em uma prosa poética surpreendentemente madura para um romance de estreia.

A trama parece simples à primeira vista: uma narradora em primeira pessoa relata perdas marcantes de sua vida dos oito aos 52 anos. No entanto, a forma como Bei decide organizar e desenvolver essa narrativa é o que a destaca em meio a outras obras do mesmo gênero.

São nove capítulos, todos intitulados com a idade da personagem no momento do relato – oito, 17, 18, 28, 37, 48, 49, 50 e 52 anos. Em cada trecho, a linguagem reflete a maturidade da narradora. No primeiro capítulo, por exemplo, fica a clara imagem de uma criança contando uma história.

O fio condutor dessa narrativa é a perda, não só de companhias queridas, mas também da inocência, da fé e da esperança:

claro. – respondi.

entendendo que o tempo
sempre leva
as nossas coisas preferidas no mundo
e nos esquece aqui
olhando pra vida
sem elas.

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[Divã] O que você faz com o seu tempo?

Tenho me feito a pergunta do título desse post com frequência: para onde vai o tempo que antes eu conseguia dedicar à leitura?

A reflexão, claro, tem a ver com o fato que chegamos aos últimos dias de janeiro e eu li… só um livro até agora (a resenha de O Deus das Pequenas Coisas está aqui). A confissão um pouco embaraçosa para quem mantém um blog literário cujo propósito é justamente estimular as pessoas a ler mais serve justamente para me fazer pensar no que está atrapalhando minha rotina de leitora.

Bom, o primeiro culpado, sem dúvida, são as redes sociais. Vocês já devem ter esbarrado por matérias mostrando como você poderia ler 400 livros por ano se não perdesse metade da sua vida divagando pelo Instagram, não é?

O pior é que elas são, em grande parte, verdadeiras. Antes do advento do celular com internet, eu levava um livro para todos os lugares, no melhor estilo Rory, de Gilmore Girls. Hoje em dia, muitas vezes me pego divagando pelo celular na espera pela consulta, ou no ônibus, em vez de me dedicar ao livro que viaja comigo.

Essa perda de tempo incessante já ganhou até sigla: foma (fear of missing out, ou medo de estar por fora, em uma tradução livre). Se você checa o Facebook a cada cinco minutos ou rola a timeline do seu instagram até não ter mais novidades, é provável que você se encaixe no perfil.

Reconheço meu problema, mas isso não me livra  do vício. Enquanto escrevia esse texto, por exemplo, parei diversas vezes para checar minha redes, mesmo sabendo que eu tinha outras prioridades para o dia (também poderíamos dizer que eu estava procrastinando, mas essa é outra discussão).

A concentração para a leitura também fica mais difícil. Seja por cansaço, desatenção ou as mil tarefas do dia a dia, anda difícil conseguir ler, ainda mais clássicos, como me propus no início deste ano. Para superar esse momento, andei vasculhando outros blogs em busca de dicas para ler mais. Tem quem tenha suporte para ler almoçando, ou quem aproveite qualquer situação para avançar algumas páginas. Mas o que mais me surpreende é que muitos têm horários e metas bastante exigentes de leitura ao longo da semana. Uma hora de leitura antes de ir para o trabalho, mais uma durante o almoço, duas no fim do dia. Não há como não admirar a autodisciplina, mas acho que esse plano nunca funcionaria pra mim.

A leitura, como já disse aqui várias vezes, é uma atividade prazerosa, uma porta de escape da rotina, do trabalho, do mundo de prazos, metas e cobranças a que somos submetidos diariamente. Por isso, sempre foi uma atividade livre, descomprometida.

No entanto, notei que nos últimos tempos isso tem me levado a escolher romances menos desafiadores (o que não significa piores, que fique claro), menores e de linguagem mais acessível.

Como a meta para o ano é voltar para os clássicos, que andam meio escanteados há um tempinho, vou precisar de técnicas para ler mais!

Querem sugerir por aqui?

 

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