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“Pode-se passar incólume por Hollywood, como eu fiz, ou desprezá-la com o ódio que reservamos àquilo que não entendemos. Pode-se também entendê-la, mas apenas vagamente, e em flashes. Não chega a uma dúzia o número de homens que algum dia foram capazes de ter na cabeça a equação completa do cinema.”

 

F. Scott Fitzgerald em O Último Magnata

[O Retrato de Dorian Gray] Semana #8

Sabíamos que a revelação da verdade escondida pelo retrato de Dorian Gray seria dolorosa, mas os últimos dois capítulos trouxeram rumos inesperados para a trama. Está nos acompanhando nesta reta final? Para a próxima semana,  avançamos mais dois capítulos na leitura de O Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde (o 15 e o 16), até a página 224 se você tem a edição da foto, da Penguin-Companhia.

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

O confronto entre criador e criatura, antecipado desde as primeiras páginas do clássico de Oscar Wilde, tomou ares de livro de terror nos últimos dois capítulos. Depois da visita inesperada de Basil Hallward à casa de Dorian Gray, acusando-o de ter se tornado um homem vil, tido como má influência pela sociedade, o personagem decide enfim revelar seu segredo, tão bem escondido em um quarto de acesso restrito em sua mansão.

Quando Basil enfim se vê diante da tela em que, anos antes, havia imortalizado a beleza de seu amigo, é tomado pela incredulidade.

Sim, era o próprio Dorian. Mas quem o tinha feito? Reconhecia suas pinceladas, e a moldura que fora desenhada por ele. A ideia era monstruosa e sentiu medo. Pegou a vela acesa e a segurou diante do quadro.  No canto esquerdo estava seu próprio nome, traçado em letras alongadas em vermelho vivo.

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[Resenha] A Queda

A Queda (Grupo Editorial Record, 112 páginas): o que passa pela sua cabeça quando você lê o título desse livro? Pois bem, esqueça tudo. Se tem uma característica marcante na literatura de Albert Camus é a capacidade de surpreender o leitor. Esse breve romance, que por vezes se confunde com um ensaio filosófico, é uma imersão genial na complexidade humana a partir de uma narrativa inusitada.

O protagonista é um francês que vive em Amsterdã e se define como “juiz-penitente”. Frequentador assíduo do bar Mexico-City, é nesse ambiente que ele encontra seu interlocutor. Apesar de o relato nascer da ideia de um diálogo, ele nos é apresentado como um monólogo, já que, em nenhum momento, ouvimos a voz do outro personagem.

A incógnita em torno desse interlocutor, aliás, é um dos trunfos do romance. O tom confessional que o narrador adota diante de um completo estranho fomenta a curiosidade em torno do personagem. Até o final do livro – eu diria até mesmo depois de terminada a leitura – há espaço para interpretações sobre quem seria esse ouvinte tão paciente.

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[Lista] 5 clássicos em edições especiais

Nesta semana, minha casa ganhou uma prateleira nova, e não há desculpa melhor do que essa para enfileirar aqueles livros lindos que são verdadeiros xodós. Por isso, a lista dessa semana é temática: escolhi cinco clássicos em edições especiais que deixam qualquer estante mais bonita! Curioso? Confira a lista abaixo e, claro, não deixe de comentar qual é o livro que você guarda  com tanto carinho  que acaba até virando enfeite?

1. As Cidades Invisíveis, de Italo Calvino (Companhia das Letras, 200 páginas): Bom, para começar, essa é uma edição ilustrada, o que automaticamente configura um livro muito especial. Matteo Pericoli elaborou uma ilustração para cada cidade do imenso império mongol descrita pelo viajante veneziano Marco Polo a Kublai Khan, imperador dos tártaros. Os desenhos estão escondidos e precisam ser desdobrados para ser vistos, em uma bela alusão ao título. Além disso, eles são destacáveis  e podem virar um lindo quadrinho enfeitando a sua estante. É ou não para amar? Por último, mas não menos importante, esse é um dos livros mais marcantes do mestre italiano Italo Calvino, no qual o tom de fábula é predominante e as cidades são apenas símbolos da grandeza da existência humana.

Uma descrição de Zaíra como é atualmente  deveria conter todo o passado de Zaíra. Mas a cidade não conta o seu passado, ela o contém como as linhas da mão, escrito nos ângulos das  ruas, nas grades das janelas, nos corrimãos das escadas, nas antenas dos para-raios, nos mastros das bandeiras, cada segmento riscado por arranhões, serradelas, entalhes, esfoladuras. 

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“Queria a certeza plana dos dias normais, mesmo sabendo bem que no corpo perdurava um movimento frenético e outro, uma rápida aparição, como se tivesse visto no fundo de um buraco um horrível inseto venenoso e cada parte de mim estivesse ainda se retraindo e agitando os braços, as mãos, as pernas. Preciso aprender  de novo – disse – o passo tranquilo de quem acha que sabe aonde está indo e por quê.”

 

Elena Ferrante em Dias de Abandono

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