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[Divã] Quem nunca quis ter uma livraria?

Neste fim de semana, assisti ao filme A Livraria, baseado no romance homônimo, The Bookshop, da autora britânica Penelope Fitzgerald. Além das cenas cheias de caixas de livros novinhos e prateleiras deslumbrantes, o filme arranca suspiros de leitores vorazes, porque a história se desenvolve em cima de um sonho que a maioria de nós nutre: ter uma pequena e charmosa livraria, que, de tão acolhedora, irá espalhar a paixão pela leitura, até entre aqueles que não têm esse hábito.

A protagonista, Florence Green, é uma viúva que decide abrir, na pequena Hardborough, no litoral da Inglaterra, a primeira livraria da cidade. Ela escolhe como sede do empreendimento um prédio histórico e logo vira alvo da perseguição de Violet Gamart, uma influente figura da elite local, que tinha outros planos para o imóvel.

Em meio a essa tensão, há vários personagens marcantes, como a garotinha que trabalha na loja e acaba encontrando ali o seu lugar no mundo, e o Sr. Brundish, um homem excêntrico, que vive encerrado em sua mansão devorando livros. Quando descobre que Hardborough ganharia uma livraria, Brundish entra em contato com Green e pede que ela lhe envie suas indicações de leitura. É a livreira quem lhe apresenta a literatura de Ray Bradbury, autor de Fahrenheit 451, romance pelo qual ele fica hipnotizado. Nasce, então, a partir dos livros, uma amizade improvável.

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“Verdadeira. Com dinheiro também fico, pomba. Fico a própria boca da fonte jorrando  a verdade. É fácil dizer a verdade na riqueza. Bacana os gloriosos contando nas entrevistas que na infância reviravam a lata com os ratos, muito bacaninha tanta autenticidade. Coragem, não? Bonito.”

 

Lygia Fagundes Telles em As Meninas

[Canção de Ninar] Semana #2

Que começo, queridos leitores! Em pouco mais de 20 páginas, Leïla Slimani já conseguiu prender nossa atenção. Foi difícil interromper a leitura, rs! Para a próxima semana, avançamos até o capítulo 10, que termina na página 52.

Mariane Domingos e Tainara Machado

Canção de Ninar já entrou para aquela lista de livros com inícios arrebatadores. Logo nos primeiros parágrafos, Slimani nos coloca frente a frente com uma cena aterradora: duas crianças mortas e uma mãe em choque. A vivacidade de suas descrições, tanto dos aspectos físicos quanto das emoções, é notável. Impossível não partir avidamente para o próximo capítulo.

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[Resenha] NW

Nossas origens nos definem? Neste romance, NW, um “épico urbano” nas palavras de Joyce Carol Oates, a escritora britânica Zadie Smith mergulha na multiculturalidade de um bairro londrino para criar quatro histórias que se entrelaçam e comprovam que o destino de um indivíduo é muito mais complexo do que uma simples somatória de contexto e educação.

Os quatro personagens principais – Leah, Natalie, Nathan e Felix – cresceram em Kilburn, na região de NW, bairro londrino moldado por sucessivas ondas migratórias. Na idade adulta, eles voltam a se encontrar, carregando trajetórias e escolhas diferentes, mas um passado em comum.

Natalie, filha de jamaicanos, driblou as expectativas da sociedade, formou-se em Direito, casou-se com um homem rico e desenvolveu uma carreira sólida. Sua vida familiar, no entanto, é uma bomba relógio, muito bem disfarçada, mas prestes a explodir. Leah, melhor amiga de Natalie e de descendência irlandesa, contrariou o sonho da mãe de vê-la em um posto bem remunerado, quando decidiu se dedicar ao trabalho humanitário e casar-se com um imigrante francês, cabelereiro e de ascendência africana. Nathan, errante desde sua adolescência, seguiu exatamente o caminho anunciado: drogas, violência e rua. Já Felix conseguiu superar o vício, mas não os obstáculos para uma carreira promissora. O aspirante a cineasta termina como um mecânico de carros com uma vida amorosa bastante conturbada.

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[Divã] Fenômenos literários

Como vocês sabem, estamos super animadas com o livro escolhido para o 11º Clube do Livro do Achados e Lidos. O título selecionado foi Canção de Ninar, da franco-marroquinha Leïla Slimani (quer saber mais sobre a autora e a obra? Clique aqui!). Um daqueles fenômenos literários raros – sucesso de público e crítica – o livro já vendeu mais de 600 mil exemplares e, ao mesmo tempo, levou o Prix Goncourt, mais prestigioso prêmio literário francês.

Reunir esses dois atributos é, sem dúvida, um grande feito. No mercado, não faltam best-sellers, como a trilogia Cinquenta Tons de Cinza, ou praticamente todo livro lançado por Jojo Moyes, que atraem milhares de  leitores, mas são solenemente esnobados pela crítica especializada. O que será necessário, então, para fazer nascer um fenômeno como Slimani?

A autora parece reunir, em sua obra, várias qualidades que a aproximam do público, como uma linguagem fácil e acessível e um romance que se inicia em clima de suspense, com atributos literários consideráveis, como sua capacidade de fazer o leitor enxergar outras realidades e nuances do cotidiano por meio de personagens bem construídos. Os temas que ela levanta também são socialmente relevantes. De origem marroquina, Slimani viveu a maior parte da vida na França, o que faz dela uma ótima porta-voz sobre imigração, capaz de escrever com autoridade sobre as sutilezas do preconceito com que estrangeiros são tratados em um país pouco tolerante com quem vem de fora.

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