Página 22 de 110

[Resenha] As Manifestações

Misturar política com literatura dá certo? Em As Manifestações, a escritora francesa Nathalie Azoulai faz uma aposta corajosa e coloca a temática no centro do seu romance. Mais do que um pano de fundo, a política é a engrenagem que move a narrativa.

Virginie Tessier, Anne Toledano e Emmanuel Teper são três amigos que se conheceram no colégio e tiveram uma juventude intensa, participando das manifestações dos anos 80 em Paris. De origens bastante distintas, esse trio encontra suas semelhanças no movimento político de esquerda que contagiou a França nesse período.

Anne nasceu no seio de uma família judia burguesa, muito culta e simpatizante da direita. Emmanuel, filho de intelectuais, cresceu rodeado pelos debates acadêmicos de esquerda. Virginie, filha da classe média francesa, não foi educada em um ambiente politizado, tampouco culto, mas a realidade proletária de seus pais os aproximava da esquerda.

Ainda no colégio, os amigos organizaram sua primeira manifestação em prol de um garoto de origem árabe, de ótimo desempenho escolar, que corria o risco de não conseguir seu diploma, porque sua família estava à beira de ser deportada. Era um período na França em que a esquerda, enquanto movimento de defesa dos direitos das minorias, era o caminho a ser tomado.

Leia mais

[Lista] 5 livros para (tentar) entender o Brasil

Você sabia que agora pode ajudar o blog a se manter? Caso tenha gostado de algum livro dessa lista, pode comprá-los clicando nos links desta página ou aqui! 

Já dizia Tom Jobim que o Brasil não é para iniciantes. “Nem para iniciados”, completou recentemente o cronista Antonio Prata, em um bom texto sobre o que representa a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Não dá para discordar. Está cada vez mais difícil compreender como chegamos até aqui e, principalmente, entender para qual rumo devemos seguir. Nesses momentos, o melhor a fazer é olhar o passado e tentar entender o que a história pode nos ensinar. Entre clássicos como Raízes do Brasil, de Sergio Buarque de Holanda, a livros mais recentes sobre a crise econômica, aqui vão cinco títulos para (tentar) entender o Brasil:

1. Raízes do Brasil, de Sergio Buarque de Holanda: Descrito como um “clássico de nascença” por Antonio Candido, este ensaio, publicado em 1936, continua a ser lido por historiadores e demais interessados em entender os traços formadores do país. Holanda, que fez parte de uma geração que buscou refletir sobre nossas raízes, como Caio Prado Jr. e Gylberto Freire, investiga nesse livro os regionalismos que nos deram origem, fala da figura do “homem cordial” e aborda ainda a dificuldade de entender os limites entre o público e o privado, talvez o aspecto mais interessante para refletirmos sobre a atualidade.

Leia mais

“Domingo ela acordava mais cedo para ficar mais tempo sem fazer nada.

O pior momento de sua vida era nesse dia ao fim da tarde: caía em meditação inquieta, o vazio do seco domingo. Suspirava. Tinha saudade de quando era pequena – farofa seca – e pensava que fora feliz.”

 

Clarice Lispector em A Hora da Estrela

[Canção de Ninar] Semana #3

Cada vez mais, pistas nos levam ao desfecho trágico que iniciou Canção de Ninar. Curiosos? Para a próxima semana, vamos até a página 72 (capítulo 14).

Você sabia que agora pode ajudar o blog a se manter? Caso tenha se interessado por nosso achado literário, pode comprá-lo lá na Amazon e, ao mesmo tempo, contribuir para que a gente continue a  produzir conteúdo de qualidade! Basta clicar aqui! 

Mariane Domingos e Tainara Machado

Depois de um início arrebatador, seguido por capítulos amenos, a tensão volta à narrativa de Slimani. O retrato da família feliz, com a babá perfeita, começa a ruir.

Leia mais

[Resenha] Minha Vida de Menina

Helena Morley começou a escrever Minha Vida de Menina (Companhia de Bolso, 325 páginas) com apenas 13 anos. Isso não significa que ela seja um prodígio da literatura: o livro nada mais é do que um diário adolescente sobre a vida na província. Ao mesmo tempo, é uma leitura saborosa sobre um momento histórico relevante: escrito entre 1893 e 1895, o diário de Morley, pseudônimo de Alice Caldeira Brant, retrata as relações sociais e econômicas em um Brasil afastado das grandes metrópoles e ainda muito marcado pela escravidão, abolida há menos de uma década.

Você sabia que agora pode ajudar o blog a se manter? Caso tenha se interessado por nosso achado literário, pode comprá-lo lá na Amazon e, ao mesmo tempo, contribuir para que a gente continue a  produzir conteúdo de qualidade! Basta clicar aqui!

Morley, apesar da pouca idade, era uma observadora atenta do seu entorno. Filha de mãe brasileira e pais inglês, ela conta, de forma sucinta e bem-humorada, conservando a ingenuidade e o espírito rebelde da adolescência, a relação com os pais, os tios e a avó, a decadência da mineração, a pobreza da família, a vida na escola e os hábitos provincianos de Diamantina, em Minas Gerais, onde nasceu. Leia mais

< Posts mais antigos Posts mais recentes >

© 2025 Achados & Lidos

Desenvolvido por Stephany TiveronInício ↑